Guilherme Wentz é designer de objetos e mobiliário e em 2012 fez sua estreia no design autoral. É formado em Design de Produto pela Universidade de Caxias do Sul e logo em sua estreia recebeu os prêmios IDEA Brasil, Brasil Design Award e o renomado selo alemão iF Design Award (prêmio, que abrange várias disciplinas, tem mais de 5.500 inscrições de cerca de 59 países todos os anos). A mesa Officer, lançada em 2012, foi o primeiro produto da parceria de Wentz com a Decameron (escritório de design e também um laboratório para a produção de móveis). Mais tarde o designer foi convidado por Marcus Ferreira para se juntar a equipe de criação e desenvolver outros projetos em parceria com a marca. Guilherme tem peças à venda no Museu de Arte Contemporânea de Chicago. Hoje, com estúdio em São Paulo, Wentz desenha para importantes marcas do design nacional, reforçando seu traço purista e atemporal. “A marca própria partiu do desejo de estender os conceitos colocados no produto em uma coleção completa. Sempre que crio um novo produto, imagino uma casa fictícia onde os moradores estão imersos nesse estilo de vida simplista e mais próximo à natureza. Encontrei na marca a melhor forma de exercitar esse pensamento, criar uma atmosfera em torno dos produtos e comunicar isso de forma completa e diretamente às pessoas”, afirma o designer que está em plena ascensão.
Guilherme, como se deu a sua escolha pelo design?
Eu estudei administração de empresas antes do design. Na época estava insatisfeito com a área, meu dia a dia e os paradigmas que havia criado para mim mesmo. Por isso, resolvi mudar radicalmente para uma área criativa e a escolha pelo design foi quase aleatória. Em poucos meses tive certeza que esse era o caminho que queria seguir.
Você trouxe alguma particularidade de Caxias do Sul para o seu ofício?
Caxias do Sul é uma cidade basicamente industrial e talvez por isso meu trabalho sempre esteve muito ligado a indústria e a processos de produção com certa tecnologia aplicada. Além disso, acho que a possibilidade de troca com empresários locais, me deu uma visão mais ampla do design como negócio e suas necessidades.
Em que momento você acredita que conseguiu colocar o seu modo único de produzir em seu trabalho?
Tive a oportunidade de trabalhar dentro da marca de objetos Riva durante dois anos, ajudando no desenvolvimento dos produtos de outros designers. Quando tive a oportunidade de criar minha primeira coleção assinada, tinha claro a abordagem e o efeito que esperava ter com o meu trabalho. Mas essa é uma experimentação constante.
Seu traço é simples e, ao mesmo tempo, sofisticado. Essa percepção ficou clara em sua mente desde quando começou ou isso foi ficando cada vez mais patente no dia a dia?
Alguns dos motivos que me levaram a trocar a administração pelo design foram algumas experiências que tive na época de contato direto com a natureza e novos valores que passei a buscar, como a simplicidade e um estilo de vida mais casual. Esse é o conceito que tento levar para meu trabalho, porque acredito que os objetos do dia a dia podem interferir diretamente na relação das pessoas com a sua casa e a maneira que vivem. A sofisticação que você comentou pode ser o resultado de um certo rigor estético e um extenso trabalho em lapidar as peças e desenvolver os processos produtivos.
Quais outras áreas influenciam você?
Escultura, fotografia, música e qualquer outra expressão artística que exploram os meus conceitos de simplicidade e contemporaneidade que tento levar para meu trabalho.
O prêmio iF Design foi um divisor de águas em sua carreira?
O primeiro iF Design que ganhei foi com a Coleção K, minha primeira linha assinada para a Riva. Com um primeiro projeto premiado, tive a oportunidade de mostrar meu trabalho para uma audiência maior e assim receber convites para assinar para outras marcas. Nesse momento decidi abrir um estúdio próprio, na época ainda em Caxias do Sul, e expandir meu trabalho para outras tipologias de produto, como mobiliário e luminárias.
Como avalia os designers de produtos do nosso país em comparação com outros profissionais de outras partes do mundo?
Temos nos desenvolvido muito nos últimos anos e estamos em um momento muito importante de transformação, agora que a indústria e o mercado estão mais interessados no design autoral brasileiro. Como um país novo e uma área que está começando a ser explorada, temos um longo caminho de aprendizado para explorar diferentes processos produtivos, melhorar a qualidade da produção brasileira e principalmente chegar a novos níveis de discussão do design, ligado ao comportamento das pessoas, como vemos claramente no trabalho de designers europeus.
Quais os cuidados que um designer deve ter quando lança a sua marca no mercado e que você teve quando lançou a sua?
A marca própria partiu do desejo de estender os conceitos colocados no produto em uma coleção completa. Sempre que crio um novo produto, imagino uma casa fictícia onde os moradores estão imersos nesse estilo de vida simplista e mais próximo à natureza. Encontrei na marca a melhor forma de exercitar esse pensamento, criar uma atmosfera em torno dos produtos e comunicar isso de forma completa e diretamente às pessoas. Diria que o maior desafio para lançar uma marca própria é ter resolvidas as questões produtivas, mas o maior diferencial é ter um conceito claro de posicionamento e insistir no que se acredita.
Que erro é imperdoável para um designer que atua com design de produtos?
Copiar conscientemente.
Gostaria que falasse das criações La Central e cadeira Eva que trazem esse grau de simplicidade e sofisticação que falamos na quarta pergunta.
Essas foram as duas primeiras cadeiras que tive oportunidade de projetar. Mesmo com materiais diferentes, elas têm em comum o objetivo principal reduzir ao máximo os materiais e as formas do produto, mantendo a resistência e conforto. Gosto de como a simplicidade se tornou o conceito principal desses projetos, sem a necessidade de narrativas ornamentais. Reforçando o que disse anteriormente, realmente acredito que objetos mais simples ajudam a tornar nossa vida menos complexa.
Como você enxerga a sua carreira nos próximos 5 anos?
Estamos nos dedicando muito a marca WENTZ e expandindo para o mercado internacional. Ainda temos um longo caminho de aprendizagem e espero me aprofundar cada vez mais na linguagem que estamos propondo, explorando novos materiais e novos usos. Fora dela, tenho aumentado a produção de peças de edição limitada para galerias, (que me permite experimentar ainda mais) e espero projetar novas tipologias de produtos para a casa em parceria com a indústria nacional.
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