Henrique Coelho tem em seu currículo a criação de duas startups bem-sucedidas: a Pagar.me, plataforma de pagamentos online e gestão financeira, e a Confianet, certificadora de idoneidade para e-commerces. Ambas receberam investimentos de mais de um milhão de reais, e a primeira foi comprada pelo Grupo Arpex Capital, especializado em meios de pagamento e e-commerce. O que faz, então, alguém que nasceu para empreender? Continua, recomeça, não para. Henrique tem atualmente uma nova missão: quer “revolucionar o mercado de seguros” do país com a Casuall, startup que quer trazer tecnologia, agilidade e transparência para os processos das seguradoras. “Enxergo com bons olhos, acho que difundir o empreendedorismo é o caminho para prosperidade do país. Se você olhar as contas públicas, elas não fecham nem com muitos cortes. As despesas obrigatórias do país já consomem quase 100% da arrecadação do Governo e boa parte disso é gasto com INSS. A solução, além de cortes, precisa ser aumentar a arrecadação, mas sem aumentar impostos. Isso só é possível se o país produzir mais riquezas e só vai produzir mais riquezas através do empreendedorismo. Então acho que este é o único caminho para sairmos do buraco. No âmbito mais prático, acho que as taxas de juros sendo reduzidas vai permitir que os investidores tenham mais apetite para capital de risco”, afirma o jovem empreendedor.
Henrique, o que é ser um empreendedor em sua visão?
Uma pessoa que enxerga além da maioria das pessoas e têm a coragem e competência necessária para executar sua visão e transformá-la em resultados práticos. Alguém que consegue impactar positivamente outras vidas.
Sem riscos não existem triunfos. Em que momento essa frase teve sentido em sua vida?
Em muitos momentos. Acho que o primeiro foi quando decidi não fazer mais faculdade para vir ser vendedor da Wise Up em São Paulo. Num segundo momento, foi quando decidi abrir mão de uma carreira que ia bem para apostar em construir um negócio próprio. Os riscos são presentes na vida dos empreendedores assim como a graxa é presente nas mãos de um mecânico.
Aos 21 anos, você foi um dos fundadores da Pagar.me. Nos conte como surgiu essa startup.
Eu trabalhava no Grupo Abril e já vinha discutindo alguns projetos com o Pedro Franceschi desde 2012 quando ele conheceu o Henrique Dubugras, em 2013, que o convidou para fazer uma startup de pagamentos no Brasil tendo o Stripe como benchmarking. Como os dois eram programadores, sentiram que precisavam de um braço comercial na sociedade, então o Pedro falou de mim para o Henrique e eles me fizeram o convite. Passamos uma madrugada inteira na Starbucks discutindo os detalhes de como seria a operação. Não sabíamos nada sobre pagamentos, mas tínhamos a certeza de que aprenderíamos o quão rápido fosse necessário.
Logo após surgiu a Confianet – certificadora de idoneidade para e-commerces. Quais foram os maiores desafios para colocar esse projeto de pé?
Acho que colocar o projeto de pé não foi muito desafiante, eu estava no pique do Pagar.me, consegui levantar investimento em menos de 2 meses, o maior desafio veio depois, quando percebi que a equipe inicial não era a adequada para tocar o projeto e precisei começar uma substituição de pessoas em meio à maior crise da história do país.
Como tem enxergado o momento das startups em nosso país?
Enxergo com bons olhos, acho que difundir o empreendedorismo é o caminho para prosperidade do país. Se você olhar as contas públicas, elas não fecham nem com muitos cortes. As despesas obrigatórias do país já consomem quase 100% da arrecadação do Governo e boa parte disso é gasto com INSS. A solução, além de cortes, precisa ser aumentar a arrecadação, mas sem aumentar impostos. Isso só é possível se o país produzir mais riquezas e só vai produzir mais riquezas através do empreendedorismo. Então acho que este é o único caminho para sairmos do buraco. No âmbito mais prático, acho que as taxas de juros sendo reduzidas vai permitir que os investidores tenham mais apetite para capital de risco, o que vai fomentar mais o mercado. É um momento bem interessante.
Qual a influência de Flávio Augusto em sua carreira?
Total. Tive a felicidade de ser contratado pelo Flávio para trabalhar na Wise Up e pude aprender direto da fonte tudo que ele ensina há alguns anos no Geração de Valor. Pude não somente aprender, mas praticar esses princípios. Foi um divisor de águas na minha vida, eu não chegaria a lugar nenhum sem ter aprendido essas coisas. Tanto o Flávio Augusto, quanto a equipe dele como a Keila Apelfeld e o Sandro Serzedello, são pessoas que me ajudaram e ajudam muito desde sempre e até hoje.
Flávio Augusto nos afirmou em uma entrevista, que o sucesso é construído por pessoas. Como enxerga a gestão de pessoas nas startups do nosso país?
Concordo totalmente e acho um bom desafio. Eu sempre tive o foco em pessoas, porque eu vim dessa escola, né… Mas o que vejo em startups é muito mais foco em produto do que em pessoas, talvez a conta não feche lá na frente se ninguém prestar atenção nisso. Eu de fato formo pessoas, mas o que se vê pelo mercado de startups é todo mundo disputando a contratação de pessoas já prontas. Só precisa cuidar do timing. Bem no começo o ideal é trazer profissionais já experientes mesmo. Depois você pode ficar mais livre para formar as pessoas com a cultura da sua empresa. O certo é que pessoas boas vão sempre dar um jeito de mudar o rumo do que está dando errado para o caminho certo. Pessoas pouco engajadas geralmente fazem o contrário, mudam o rumo do que está certo para o caminho ruim.
Quando se fala da Casuall, o que mais temos lido é que ela veio para revolucionar o mercado de seguros. Como está sendo essa revolução?
A revolução acontece porque não somos uma seguradora com um app, como temos visto por aí. Somos uma empresa de tecnologia que casualmente (com o perdão do trocadilho) está fazendo seguros. Dessa forma, estamos muito mais preocupados com a experiência do usuário e o design de serviço do que com os índices de sinistralidade. É claro que os índices técnicos são mega importantes e nós estamos muito de olho nisso, mas o foco de uma seguradora tradicional é reduzir o pagamento de sinistros, enquanto o nosso foco é reduzir os custos ineficientes e pagar os sinistros que devem ser pagos. É tudo uma questão de ajuste de margens. Se eu reduzir o custo da ineficiência, já me sobra mais do que o necessário para pagar sinistros de forma justa e não preciso ficar numa guerra de braço com o segurado. Parece uma coisa pequena, mas a diferença de toda a experiência mudando esse detalhe é brutal.
A escalada para uma revolução sempre encontra barreiras e desafios. Quais têm sido os grandes desafios da Casuall?
Consegui trazer um time muito bom pra fazer a Casuall, tanto do ponto de vista técnico de seguros, como do ponto de vista de tecnologia. Tenho convicção que foi a melhor equipe que consegui montar até hoje em toda a minha história. As coisas que estamos fazendo são verdadeiramente incríveis e estar dentro do Cubo tem nos ajudado muito a acelerar as coisas também. Acho que o maior desafio que temos hoje é conseguir fazer com que os parceiros tradicionais de mercado consigam entender o que estamos construindo, se adaptarem ao modelo que enxergamos e executarem na velocidade que a gente precisa.
Qual o maior diferencial da Casuall e que você tem como mola-mestra do seu negócio?
Um conjunto de coisas fará com que o resultado final seja completamente diferente. A mola-mestra está no design de serviço. Pensamos na experiência que gostaríamos de ter com seguros caso ele fosse criado do zero e começamos a modelar nosso produto em cima disso, sem medo de copiar o que já funciona bem. Vamos enxergar cada pessoa como uma pessoa segurada e não como apólices. A ideia é que as pessoas enxerguem na Casuall um ponto central de tranquilidade, que elas possam ter a liberdade de viver sem medo, sabendo que a Casuall é uma parceira que vai estar sempre lá nas horas difíceis.
Como enxerga a Casuall nos próximos 5 anos?
Em 5 anos vamos ser Top of Mind do Brasil quando se falar em seguros e um dos unicórnios brasileiros, com possível presença no exterior.
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