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Insights valiosos para as inovações de startups

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Denis Ferrari é um visionário que desempenha o papel de CEO na Azys, a pioneira e independente aceleradora de inovação do Brasil. Denis é um nome que desponta nessa paisagem em constante evolução. Sua trajetória e expertise se tornaram pilares fundamentais para compreendermos como as empresas podem abraçar a inovação de maneira orgânica e eficaz, sem precisar adotar o modelo de startup. Nesta entrevista exclusiva ao Panorama Mercantil, exploraremos as estratégias, desafios e oportunidades que se apresentam quando se tem em vista inovar sem necessariamente se enquadrar no molde tradicional de uma startup. Denis Ferrari, para além de seu papel como CEO, também é um entusiasta da disseminação do conhecimento sobre inovação, empreendedorismo e startups por meio de seu canal no YouTube. A conversa oferece insights valiosos não apenas para empresários e líderes, mas também para todos aqueles que se interessam por uma abordagem dinâmica e pragmática da inovação corporativa. “A maioria dos empresários não têm paciência ou perfil para falar de conceitos abstratos, ou ferramentas esotéricas quando o assunto é inovação. Por isso, temos que fazer o tema ser simples e prático, desde o início. Assim, a percepção de valor (e o ROI) ficam mais claros. Veja bem, se um dos seus maiores custos é de R$ 50.000,00. Um bom desafio é fazer esse custo reduzir para R$ 5.000,00. Cortar em 10x um custo é algo que todo empresário quer”, diz.

Denis, que fatores levaram você a perceber a importância da inovação não apenas para startups, mas também para empresas estabelecidas?

Trabalhando com startups, conhecemos os maiores desafios de um empreendedor para tirar o seu projeto do papel: Ele não tem time, recursos e nem acesso a mercado. Porém, ele tem a atitude certa, a motivação e uma capacidade de aprender imensa. As empresas médias têm todos os recursos que não uma startup sonharia em ter. Com um pouco de informação e sabendo ativar seu time, uma empresa média pode criar, por baixo, cerca de 6 spin-offs por ano, transformando a sua operação e lançando novos produtos.

Qual a principal diferença, na sua visão, entre a inovação em startups e a inovação em empresas já consolidadas?

A startup usa tudo que tem para convencer os outros do potencial do seu projeto, mesmo que esteja no começo. A empresa, muitas vezes, trava uma batalha interna para convencer a todos da importância da inovação. Por isso, muitas vezes, perde espaço para novos entrantes, por perda de competitividade ou perda de mercado. A crença do empreendedor geralmente o move. As crenças contidas na cultura da empresa geralmente a seguram de realizar mudanças.

Por que você destaca a identificação de oportunidades como o ponto de partida para o processo de inovação?

A maioria dos empresários não têm paciência ou perfil para falar de conceitos abstratos, ou ferramentas esotéricas quando o assunto é inovação. Por isso, temos que fazer o tema ser simples e prático, desde o início. Assim, a percepção de valor (e o ROI) ficam mais claros. Veja bem, se um dos seus maiores custos é de R$ 50.000,00. Um bom desafio é fazer esse custo reduzir para R$ 5.000,00. Cortar em 10x um custo é algo que todo empresário quer. Criar soluções neste sentido faz com que as inovações tenham um valor percebido desde a origem. Qualquer pessoa que tenha uma ideia neste sentido, traz competitividade para a empresa, mesmo que o indicador de 10x não seja atingido. Com os desafios certos na mão, você não precisa pedir para o seu time “ser criativo”, “pensar fora da caixa” ou qualquer termo abstrato destes. Você simplesmente pede para que eles resolvam os desafios. A comunicação fica mais objetiva e as ideias mais assertivas.

Como você sugere que as pequenas e médias empresas superem a barreira da falta de investimento e capital para desenvolver suas ideias inovadoras?

As PMES podem recorrer aos editais de fomento, investidores, financiamento com os próprios clientes além de várias outras formas. No Brasil, tem muito dinheiro na mesa para bons projetos. Além das formas citadas, é importante ressaltar que uma PME, em média, será percebida como um ativo de muito menor risco do que uma startup, o que faz com que seja mais fácil pra ela captar.

Por que a busca por diferentes perspectivas, desde os problemas internos até as tendências do mercado, é crucial para o processo de inovação?

O tipo de inovação em cada perspectiva é diferente. Olhar para os desafios da própria empresa trará inovações de aumento de produtividade. Olhar para os desafios dos clientes atuais trará novos produtos e serviços. Olhar para as tendências permite surfar as ondas do mercado e não tomar um caldo. Os diferentes horizontes também trazem diferentes níveis de risco. Olhar para a própria empresa é o menor risco. Olhar para os clientes é um risco intermediário e olhar para as tendências é um risco alto. Se fossemos fazer uma analogia com uma carteira de investimentos, poderíamos dizer que uma forma conservadora de fazer inovação seria ter 70% de desafios internos, 25% de desafios de clientes e 5% de desafios de tendências. É claro, cada empresa tem a sua realidade, mas acredito que isso seja um bom exemplo de como podemos fazer uma gestão de inovação, na prática.

Qual é o papel dos profissionais altamente capacitados na promoção da inovação dentro de PMEs?

Cá entre nós, às vezes os “altamente capacitados” mais atrapalham do que ajudam. Qualquer pessoa pode ter uma boa ideia. Também é verdade que qualquer pessoa pode ter uma ideia ruim. Não é o diploma, experiência ou cargo da pessoa que qualifica a sua ideia, mas sim o processo de validação. O diretor tem que entender que o estagiário pode ter “A Grande Ideia”, enquanto o seu gerente ou coordenador pode querer manter o Status quo. A inovação é o plano de carreira dos rebeldes.

Que conselho você daria para as PMEs que enfrentam dificuldades em encontrar a oportunidade certa para inovar e não têm o investimento necessário?

Sobre o investimento, apresentei alguns caminhos nas perguntas anteriores. Para encontrar a “oportunidade certa”, só saindo da bolha do dia a dia. Imagine que você tem 3 ideias de negócio e não consegue decidir qual a melhor. O caminho é sempre conversar com gente boa que possa trazer um novo olhar para você. Ninguém sabe tudo. Monte uma estrutura de conselho com pessoas que você admira e confia para ter um olhar profissional sobre cada iniciativa.

Quais são os principais desafios que as pequenas e médias empresas precisam superar ao implementar a inovação em suas estratégias?

O principal desafio de uma empresa é sua própria cultura. Cultura são Saberes, Hábitos e Crenças instalados em um grupo de pessoas. Apesar de não poder dizer que é “fácil” trabalhar os eixos de Saberes e Hábitos, as Crenças são um desafio para a maioria das empresas. Uma crença limitante é algo que alguém acredita, com embasamento ou não, que impede que ela tenha determinada atitude. Se uma pessoa acha que “Eu não sou criativo”, ela nem tenta. Daí a profecia fica autorrealizável. Entende? Se uma pessoa acredita que “a empresa não é inovadora”, ou que “a empresa não valoriza a equipe”, por que ela apresentaria uma nova ideia de negócio para empresa? A maioria das empresas não conhecem as crenças limitantes instaladas no seu time e, mesmo que soubessem, nem todas estariam dispostas a trabalhar para mudar essas crenças. Por essas razões que ninguém consegue construir uma Cultura de Inovação do dia pra noite. É possível ter resultados com inovação por diferentes estratégias, até em curto prazo, mas uma cultura de inovação depende de muita estratégia, autoconhecimento e “gestos na direção certa”.

Por que você ressalta a importância de lidar com a frustração e o aprendizado durante o processo de inovação?

Porque a inovação é um processo cíclico de aprendizado. Esse aprendizado, às vezes, é que a sua ideia não é tão boa assim. Daí a frustração. Todo projeto inovador você sabe como começa, mas não tem como saber como e onde irá terminar. A maioria das pessoas entra na inovação com a cabeça clássica de planejamento e gestão de projetos, o que não funciona. Inovação é ciência. Ciência é sobre formular hipóteses e tentar validá-las. Nem sempre suas hipóteses estão corretas. Faz parte. Quem planta expectativas com base no que acha, acaba colhendo frustrações com base no que aprende.

Quais são os passos práticos que você recomenda para que as PMEs identifiquem seus maiores custos, gargalos operacionais e atividades repetitivas a fim de direcionar suas estratégias de inovação?

A melhor estratégia sempre é conversar com as pessoas. Neste caso, com o seu time. O time tem uma visão privilegiada da operação. Perguntando para as pessoas quais são seus maiores problemas, desafios e com o que elas mais perdem tempo no dia a dia, você terá um bom panorama dos custos, gargalos e atividades repetitivas da sua empresa.

Como a estratégia de colocar o cliente no centro do negócio pode ser efetivamente implementada pelas PMEs?

Já ouviu falar que quem não dá assistência perde para a concorrência? Então. Muitas empresas, após venderem suas soluções, não criam hábitos ou processos de descoberta de novas oportunidades nos clientes. Toda dor do seu cliente é uma oportunidade. Uma oportunidade de inovação e uma oportunidade de criar laços mais fortes com o seu cliente. Poderia falar de vários processos complicados aqui, mas deixarei uma reflexão: quando foi a última vez que você chamou um cliente para almoçar ou tomar um café apenas para saber mais dele? Isso é uma atividade simples, que todo empresário pode fazer, mas a maioria arruma desculpas para não fazê-lo. Já pensou se o seu concorrente faz e descobre alguma dor que vira produto?


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