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José Dirceu, kids pretos, ASEAN…

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Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.

Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.

Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.

Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.

Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.

07 de outubro de 1934: quando São Paulo teve sua própria guerra civil de domingo

Há 91 anos, a Praça da Sé virou o campo de batalha de uma luta que hoje parece ficção: integralistas de camisas verdes contra antifascistas de punhos cerrados. Foi a “Batalha da Sé”, e, por algumas horas, São Paulo trocou o café pelo gás lacrimogêneo. Sete mortos, trinta feridos e uma lição que o país esqueceu: o extremismo sempre volta, como um eco com farda. Os integralistas, discípulos tropicais de Mussolini, fugiram em debandada — uma espécie de prévia das manifestações de 2023, só que sem celular e com mais coragem física. Os antifascistas venceram, mas a história tratou de empatar o jogo depois. Em 2025, quando a retórica autoritária reaparece com filtros de Instagram, a lembrança da Praça da Sé é quase arqueologia política: um retrato de quando o fascismo ainda tinha vergonha de se disfarçar de “patriotismo”.

R$ 1 bilhão em mármore e aquário: a mansão que caberia dentro do ego de Versalhes

Enquanto o país debate o preço do arroz, Amilcare Dallevo Jr. e Daniela Albuquerque vivem em 17.800 metros quadrados de pura ostentação, em Alphaville — um lugar onde o metro quadrado é mais caro que a paciência nacional. A suíte master, de 1.200 metros, tem piscina privativa e heliponto, porque atravessar o closet a pé seria um insulto à engenharia civil. O aquário de 81 metros talvez abrigue mais peixes do que o Congresso, e os jardins, inspirados em Luxemburgo, lembram que Paris cabe num lote quando há dinheiro suficiente. A casa vale R$ 1 bilhão — ou, se preferir, o PIB de um município mediano. Ele, um ex-bancário visionário; ela, uma ex-babá que virou apresentadora e madame. O enredo é de novela, mas o roteiro é de planilha: o luxo é meticulosamente calculado, cada centímetro um lembrete de que o Brasil é um país onde a meritocracia ainda tem garagem para quatro helicópteros. O casal vive cercado de espelhos, e talvez seja neles que se vê a real arquitetura do poder: vidro, concreto e vaidade temperada a caviar.

Dirceu e o dilema carcerário: entre o cárcere e o divã

José Dirceu, que conhece as prisões por dentro e os bastidores por fora, declarou que Bolsonaro não tem condições de ir para uma prisão comum. “É uma pessoa psicossomática”, disse o ex-ministro, num raro momento em que a psicanálise encontra o noticiário policial. Segundo ele, o ex-presidente seria emocionalmente instável demais para conviver com o crime organizado — como se o problema fosse a concorrência de perfis. Enquanto Lula foi preso na PF e Collor cumpre pena em casa, Bolsonaro medita no conforto da tornozeleira, entre lives e laudos médicos. Dirceu, que agora planeja voltar ao Congresso como forma de “reparação histórica”, elogia Valdemar Costa Neto como “um dos quadros mais qualificados da direita” — frase que, dependendo do ângulo, soa como ironia ou diagnóstico. A política brasileira, sempre generosa, produz novos capítulos de reabilitação moral: o ex-ministro que quer voltar, o ex-presidente que não pode ir e o eleitor que já perdeu o mapa da coerência.

Dirceu declarou que Bolsonaro não tem condições de ir para uma prisão (Foto: Wiki)
Dirceu declarou que Bolsonaro não tem condições de ir para uma prisão (Foto: Wiki)

Trump e Lula: o telefone vermelho da cordialidade hemisférica

Donald Trump acordou inspirado e decidiu ligar para Lula. Não se sabe se foi saudade, estratégia ou apenas o tédio da futura aposentadoria involuntária. Disse que a conversa foi “muito boa” — o que, vindo de Trump, é um elogio maior que qualquer tratado comercial. Lula pediu o fim da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, Trump prometeu amizade e, no fim, o mundo girou como sempre: entre tarifas e selfies diplomáticas. A Casa Branca de Mar-a-Lago agora tem o número direto do Alvorada. Sem intermediários, sem Itamaraty, sem tradutores — só dois senhores de fala mansa e egos continentais, trocando gentilezas sobre economia. O resultado? Marco Rubio herdou as sobras da conversa e Geraldo Alckmin ganhou o papel de figurante ilustre. Lula quer um reencontro na Cúpula da ASEAN, na Malásia. Trump talvez prefira um resort em Orlando. Entre o pão de queijo e o cheeseburger, a geopolítica sul-norte segue viva — e um tanto indigesta.

Leia ou ouça também:  Tarcísio de Freitas, Nixon, Meta...

Vodca de metanol e benchmarking da morte: o novo manual global do Ministério da Saúde

Se a globalização já foi vendida como o sonho do livre mercado, agora ela se mostra o pesadelo compartilhado da intoxicação. O Ministério da Saúde, diligente como um síndico do apocalipse, estuda casos internacionais de bebidas adulteradas — um intercâmbio mórbido entre Rússia, Turquia, Índia e Irã, onde a moda do metanol substitui a do gim-tônica. A nova diplomacia sanitária é feita em copos descartáveis: o Brasil observa, toma nota e prepara seu protocolo enquanto o resto do mundo brinda com o veneno. A Rússia, sempre pioneira em tragédias etílicas, registrou 25 mortos em Slantsy, um nome que soa quase como o bar onde tudo começou. Na Turquia, 160 pessoas brindaram com a morte; na Índia, 65; no Irã, 296, em plena pandemia. O que une todos? O desejo universal de escapar da realidade — e o metanol apenas encurta o caminho. No Brasil, a lição é clara: não basta beber para esquecer o Governo, agora é preciso checar o rótulo para não esquecer de respirar. O Ministério chama isso de “benchmarking internacional”. Os russos chamam de terça-feira.

Flávio Dino e o julgamento dos “kids pretos”: o thriller institucional que mistura golpe e Netflix

O STF marcou para novembro o julgamento do “núcleo 3” — também conhecido como o dos “kids pretos”, militares que, segundo a PGR, planejavam o “Punhal Verde e Amarelo” para eliminar Lula e Alckmin em 2022. É quase um roteiro de espionagem mal filmado: codinomes, planos secretos e um golpe de Estado com estética de PowerPoint. Os réus negam tudo, claro. Golpista no Brasil é categoria metafísica — existe, mas nunca se reconhece. O julgamento promete mais episódios que “Narcos”: núcleo 3, núcleo 4, núcleo 2… cada qual com seu enredo de quartel e fake news. Enquanto isso, o país assiste com pipoca institucional. Flávio Dino, agora juiz e protagonista, tenta transformar o STF em tribunal e não em palco. Missão inglória. No fim, restará a dúvida eterna: no Brasil, o crime organizado é o que está fora ou dentro das fardas?

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