A CEO do KOY Inteligência Jurídica, Karla Capela, reconhecida pela IBM Global por sua inovação que uniu tecnologia e processos jurídicos, atingindo um resultado ímpar, explica como se tornou pioneira em aplicação da Inteligência Artificial na área jurídica, sendo até convidada a apresentar a IA no Vale do Silício. Karla sintetiza sua trajetória: “a tecnologia era um desafio para mim, mas enxerguei ali a oportunidade de fazer diferente para alcançar novos resultados. O KOY me ensinou a usar meus pontos fracos como vantagem competitiva, tendo como força motriz a paixão pelo Direito e a vontade de ajudar as pessoas”. A advogada teve o exemplo dos seus pais de como construir um negócio do zero de forma exitosa, porém, aplicou os ensinamentos em uma área totalmente diferente da que tinha familiaridade até então e que futuramente se tornaria referência, o Direito. O surgimento do KOY em 2018 se dá a partir daí, pois, Karla entendeu que precisava de um sistema ágil, porém, eficiente, interativo e de fácil manuseio que entregasse todos os dados de forma íntegra, e que os encerramentos dos processos fossem automáticos e rápidos. Tudo isso com uma leitura rápida e estruturada dos dados, gerando análise com orientação e providências em uma base em que a análise humana é inviável. Foi quando percebeu que sua proposta era inédita no mundo do Direito. “O universo jurídico estava carente de soluções práticas”, afirma a CEO.
Karla, por que o Direito como ponte do seu empreendedorismo?
Sempre fui muito empreendedora, venho de uma empresa familiar (de outro ramo), mas em virtude do mindset dos meus pais desde muito nova fui incentivada a empreender, a correr riscos. O Direito entrou na minha vida por afinidade mesmo, na época que decidi fazer Direito, lá pela minha adolescência, foi uma decisão por si só muito arriscada pra mim na época porque embora minha família tivesse uma grande empresa, ela era na área de saúde. Sou a única pessoa da minha família na área jurídica e tive que desbravar esse campo para chegar até aqui. Eu abri a Raimundo e Capela – Jurídico Estratégico, onde o KOY nasceu, muito cedo aos 26 anos. Foi um super desafio, mas já tinha experiência porque comecei a trabalhar muito cedo e atuei na empresa da minha família como advogada e depois como diretora jurídica. Então antes mesmo de me formar eu já tinha bastante bagagem de conhecimento.
Na minha família não tinha ninguém nessa área e eu estava sendo preparada pra ser dentista e trabalhar dentro da empresa dos meus pais. Aos 17 anos, no meio do ano, me vi muito fora daquele plano e entendi que o Direito (apesar dos desafios que eu teria) era o que eu gostava e fui em frente. Em vez de prestar vestibular para Odonto, prestei para Direito. Então acho que o Direito já surgiu pra mim como tomada de risco. Migrar para área tecnológica, mesmo que voltada pro Direito, foi algo surpreendente pra mim, porque sempre fui uma usuária com pouco intimidade tecnológica. E o KOY surgiu dentro da Raimundo e Capela, a partir de uma dor existente. Também não tenho absolutamente ninguém na área, não sei programar, mas conheço bem o business o que foi fundamental pra partir pra essa empreitada cheia de novos desafios.
Quais as principais transformações tecnológicas do mundo jurídico de 2014 para cá?
De 2014 pra cá o mundo passou por uma infinidade de avanços tecnológicos que foram influenciados inclusive por acontecimentos históricos. Na área jurídica as transformações foram mais tímidas, mas hoje conceitos como Scrum (que eu apliquei em 2014) já são mais conhecidos e hoje há um despertar maior e abertura para novas tecnologias. Acho que ainda é um avanço tímido, mas que tende a ser acelerado. 4, 5 – nos casos prático de uma dor real do cliente e das dores que enfrentávamos no escritório. Minha ideia não era ter uma startup, mas sim resolver um problema. Uma vez que a tecnologia ficou pronta, outras pessoas tiveram o interesse em usar. Então em 2018 decidimos pivotar e virar uma empresa.
Quando você enxergou que o desafio da tecnologia poderia ser uma grande oportunidade?
O universo jurídico estava carente de soluções práticas que trouxessem resultados instantâneos. Eu vivia aquela necessidade nas rotinas e percebi que alguns processos mecânicos poderiam ser automatizados trazendo resposta muito mais rápido, além de garantir a transparência das análises, já que a plataforma não manipula dados, apenas faz sinalizações de acordo com a apuração dos bancos de dados.
Como você conheceu o método Scrum?
Trabalho com advocacia há 20 anos e durante o atendimento a um cliente tive um problema pontual ao fazer a parte operacional. A partir dali vi a necessidade de estabelecer uma gestão mais estruturada. Fui em busca de profissionais capacitados que pudessem me auxiliar e foi assim que conheci as metodologias ágeis e vi muito sentido em aplicá-la. Na faculdade de Direito nós aprendemos muito sobre argumentação, mas a parte de gestão é negligenciada. Após conversar com engenheiros e profissionais de tecnologia que utilizam o Scrum, fui pesquisar sobre o tema e vi que fazia muito sentido de ser aplicado, imaginei, inclusive, que já existisse essa tecnologia aplicada ao Direito no mercado, mas me enganei, o que é muito óbvio para mim, pode não ser para o mundo.
Qual a importância desse método para o seu próximo passo que foi a aplicação da IA na área jurídica?
Até compreender o funcionamento da tecnologia, entretanto, passei por alguns momentos de vergonha. Busquei ajuda de conhecidos, licenciados em Scrum, a fim de se aprofundar no assunto, e na medida em que meu conhecimento avançava, fui solidificando a certeza em torno da escolha que tinha feito. Me tornei uma licenciada em Scrum, mas, aprendi na prática, a utilidade da ferramenta para a advocacia. As metodologias ágeis são realmente eficientes, mas como são voltadas para números, necessitam de estruturas com acesso a dados. Os dados tinham que ser encaminhados para sua interface, sem que ninguém tivesse que entrar nos sites do tribunal, e as análises de encerramento deveriam ser feitas de forma rápida e automática.
O interesse pela IA surgiu desse próximo passo?
O interesse pela IA surgiu quando identifiquei que poderia ser a solução dos processos acumulados, das perdas de prazo que influenciam diretamente no caixa de uma empresa. Foi uma tentativa mesmo de resolver esse problema crônico. A saída estava na aplicação da IA na rotina jurídica, então fui em busca de todo conhecimento. Como sou advogada e não tenho formação em TI, eu não fui a pessoa que desenvolveu a INorma, basicamente através de aprofundados estudos e análises. Eu registrava onde havia falha que poderia ser revertida em saldo positivo se houvesse aplicação da tecnologia, da IA.
Qual seria o impacto da IA no caixa das empresas?
Primeiramente, ainda existe o errado conceito que a IA é uma ameaça ao corporativo, fazendo com que alguns ainda sejam resistentes, mesmo com a perda notável de caixa em decorrência das deficiências com procedimentos obsoletos, que repercutem em valor muito maior do que a implementação da IA na rotina. Tendo esse ponto exposto, a INorma faz a comunicação entre dois setores que pouco se comunicam no corporativo, que são o jurídico e o financeiro, estreitando os laços e unificando a comunicação. Explicando a prática: o KOY faz a análise dos bancos de dados e sinaliza (sem manipular a informação) processos que já encerraram e não foram finalizados, processos que têm valores a receber e ainda não foram retirados, e até mesmo sinaliza prazo final de um processo, evitando assim multas e mais gastos com diária de profissionais. Ou seja, une os dois setores que na rotina da empresa, geralmente possuem ruídos que afetam diretamente o caixa.
Foi assim que nasceu o KOY Inteligência Jurídica?
Sim, surgiu a partir de um problema real, de um cliente muito grande. Ele alterou a forma de mineração e a partir da nova demanda, era necessário entender a quantidade de processos que retirava e estabelecer uma lógica que controlasse o que sai também. Pesquisei no mercado e, embora me parecesse algo intuitivo, não encontrei nada parecido, a partir desse momento fiz um investimento e fundei o KOY. Acredito tanto no meu negócio que investi nele de maneira independente.
Como é a operação do KOY, na prática?
Funciona como uma lógica de leitura rápida sobre dados para estruturá-los, padronizá-los e gerar análise com orientação e providências, tudo isso sobre toda a base de dados, cuja análise humana é inviável, todos os dias. Iniciei minha busca, e depois de uma longa pesquisa descobriu que minha proposta, na verdade, era algo inédito no mundo do Direito. Na época, falava-se muito de Watson para área médica. A ferramenta era conhecida como uma nova descoberta da Medicina, revelando câncer através de leitura de imagem e relatórios médicos. Como a informação da Justiça é muito desestruturada, imaginei que poderia ser útil à área jurídica para resolver os problemas que eu tinha.
Quais os principais pontos de assertividade do KOY?
O KOY concentra em uma interface única os 159 sistemas da Justiça brasileira, entregando dados de Jurimetria com mapeamento e classificação por macro causa. Você pode gerir o contencioso e os contratos por meio de captura de movimentações e documentos de todos os sistemas jurídicos que existem no Brasil, e tudo isso com integração ao sistema financeiro. Ou seja, o que era sinônimo de complicação e demora, agora é mais fácil e mais rápido. Tudo isso, através de uma interface prática, simples e intuitiva de uso.
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