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Keeggo vem focando na transformação digital

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Atualmente, mais de 17 milhões de brasileiros com dois ou mais anos de idade têm algum tipo de deficiência com níveis mais altos de acometimento, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em agosto. Além disso, mais de 40 milhões de brasileiros declaram ter algum grau de dificuldade em alguma habilidade, de acordo com o Censo 2010. Ainda assim, muitas empresas ignoram a importância da acessibilidade no desenvolvimento de seus aplicativos móveis. Com isso, deixam de ser inclusivas e ainda perdem receitas. “A maior parte das empresas encara a acessibilidade apenas como regulação, uma obrigação legal. Se levarmos em consideração os dados do recorte feito no público PCD a partir de 2019, as empresas estão perdendo um mercado em potencial, estimado em 80 bilhões de reais por ano, quando deixam de desenvolver aplicativos acessíveis a esse público”, comenta Marcelo Mazzini Coelho Teixeira, head de Design da Keeggo, parceira de empresas e startups na transformação digital das organizações. Além de fazer sua parte pela acessibilidade, Mazzini ressalta que as empresas podem expandir sua base de usuários sendo mais inclusivas. “Do ponto de vista dos negócios, faz todo o sentido tentar alcançar esses milhões de usuários adicionais. Além disso, as instituições governamentais estão sendo mais rígidas com a aplicação das leis e regulamentos.”

Marcelo, como analisa o tratamento das empresas com o público PCD?

Atualmente, as empresas encaram as questões das pessoas com deficiência apenas como um custo de adequação regulatória. Tanto na contratação de PCDs quanto na oferta de produtos e serviços.

Quais são as principais falhas dessas empresas quando querem dialogar com esse público?

A falta de diversidade nos times é um grande obstáculo para a mudança cultural nas empresas. Quando os times de pesquisa, design, produtos, etc são formados por pessoas de perfis muito similares, a tendência é construir soluções limitadas. Por exemplo, não considerar as questões de acessibilidade já no início do projeto, nas definições de persona, é um erro comum que poderia ser evitado se o time tivesse pessoas com deficiência participando e contribuindo no processo.

Encarar a acessibilidade como regulação é um componente que atrapalha o processo?

A parte regulatória pode ser usada como o primeiro passo para incluir acessibilidade nos produtos digitais. Gerando aprendizado e conscientização, mas não pode parar nisso. É preciso entender a adequação como o primeiro degrau evolutivo do produto e ao fim desse processo, já estar mapeado as ações seguintes. Na minha opinião, enquanto a adequação regulatória é implementada, o time de design deveria focar em pesquisas específicas sobre acessibilidade para abastecer o backlog de insights e melhorias.

Quanto as empresas estão perdendo quando deixam de investir nesse público?

É difícil dar uma resposta precisa, mas se levarmos em conta o Censo de 2010, a renda anual consolidada das pessoas com deficiência passava dos 400 bilhões de reais. Se levar em conta o comportamento de consumo por faixa de renda, é possível extrair o mercado potencial por categoria. Mas de qualquer forma, quando temos um valor tão alto, qualquer recorte gera um mercado potencial enorme. Vale lembrar que esse é o número relativo às pessoas com deficiência, se incluirmos idosos, esse valor aumenta ainda mais.

Existe algum paralelo entre instituições governamentais e empresas privadas quando o assunto é o público PCD?

Hoje o que une todas as empresas é a legislação. A Lei de 2015 determina que a acessibilidade seja garantida independente de ser uma organização pública ou privada. Órgãos como o MPF e agências como o Banco Central fiscalizam se essa determinação está sendo cumprida pelas empresas.

Quando surge o primeiro insight para a criação da Keeggo?

Partimos sempre de um diagnóstico de acessibilidade para entender o cenário atual do cliente e como podemos ajudar. Buscamos a partir do entendimento do produto, dos times e estratégias do negócio criar um plano evolutivo de acessibilidade. Não acreditamos que apenas ter pessoas testando o produto, tornem ele acessível. Esse é um modelo que não é eficiente no longo prazo e não é escalável.

Como a Keeggo tem ajudado empresas e startups nesse sentido?

Tentamos sempre trazer todos os envolvidos (negócio, design, tecnologia) para o centro das discussões sobre acessibilidade. Fazemos o aculturamento do time para que o movimento não pare nas questões regulatórias e vá se tornando parte da estratégia de negócio. Fazemos isso com pessoas trabalhando efetivamente junto das squads, mas também com treinamentos, workshops e rodas de conversa. É muito trabalhoso deixar um produto acessível, quando ele não foi projetado para isso, mas basta um descuido para que esse mesmo produto volte ao estado anterior.

Quais os principais avanços na transformação digital que a Keeggo participou?

A Keeggo tem conseguido ajudar os clientes nessa jornada de aculturamento e mudança de patamar em acessibilidade. Desde garantir que a parte regulatória esteja em dia até mostrar os caminhos para escalar e impulsionar acessibilidade para organizações inteiras.

O que ainda vislumbra para a Keeggo nesse segundo semestre?

Estamos crescendo e amadurecendo cada vez mais o time. De agora até o final do ano a tendência é continuarmos no mesmo ritmo acelerado que estamos tendo em 2022.

Onde a Keeggo quer chegar?

Em relação à acessibilidade, queremos mudar a forma como as empresas tratam o assunto. Acessibilidade deixa produtos e serviços melhores para todo mundo, não apenas para um público específico. Para isso é preciso que esse tema esteja consolidado nos times de design e pesquisa, além de ser visto como vantagem competitiva pelas áreas de negócios das empresas.

Esse caminho a percorrer até esse objetivo ainda é longo?

Menos de 1% dos sites brasileiros são acessíveis… a maioria dos produtos digitais também não são. Então é sim um caminho longo, porém, que vale muito a pena de trilhar.


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