Laís Oliveira é artista visual, designer e percussionista do grupo Ilú Obá de Min. É graduanda de Design pela Uninove. Desde 2008 pesquisa sobre arte, cultura, vestimentas, comidas e ritos dos orixás, resultanto em diversos desenhos. Em 2015, cursou a oficina de Práticas Gráficas no CCSP e desde então vem desenvolvendo sua pesquisa de trabalho em xilogravura. Como designer, desenvolveu a identidade visual do Guia Itinerário da Experiência Negra, ONG Ilú Obá de Min, Preta Rainha, Narrativas Negras e Preto Império. E em 2018, ilustrou os livros “Negros e Alvos”, de Monahyr Campos, e “Sangria”, de Luiza Romão. Atualmente é idealizadora da exposição “Obirinxá”. “Obirinxá” traz o diálogo entre o universo do candomblé e a força feminina expresso pelas vestimentas, gestos e ferramentas que as divindades são capturadas pelas imagens da artista. 6 peças retratam divindades femininas paramentadas e 6 peças apresentam os seus pentes, elementos simbólicos referenciais a essas mulheres. Gravados em madeiras, as insígnias são expressão da potência e união dos orixás femininos, que são chamadas de Yabás e/ou Obirinxá. OBÍ significa fêmea, do sexo feminino e OBÌNRIN – Mulher. “Em 2006 comecei a integrar o bloco afro Ilú Obá de Min, que tem a proposta de disseminar o empoderamento das mulheres através das músicas e os toques dos orixás”, afirma a artista visual e designer.
Laís, conte um pouco sobre você para quem ainda não lhe conhece.
Eu sou da ZL (Zona Leste), São Mateus. Sou designer, termino a graduação neste final de ano. Faço parte do bloco Ilú Obá de Min há 13 anos, hoje em dia além de tocar percussão com o bloco, sou responsável em criar a identidade visual de cada carnaval. Há 10 anos pesquiso a cultura dos orixás (arte, música e dança) e em 2015 comecei a transferir essa pesquisa para a xilogravura, que é a minha técnica principal. Este ano abri minha primeira exposição em SBC, chamada “Obirinxá”, que homenageia a união dos orixás femininos do candomblé e que está itinerando por São Paulo. Atualmente em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade.
Em que momento você acredita que arte deve ter um papel social?
Acho que a arte atravessa uma comunicação simples, sendo cada vez mais intensa o modo de fazer arte. O papel social que cada arte deve ter é definido por cada artista através de suas vivências, inquietações, inspirações e afins. No meu trabalho, esse momento ocorre quando vejo/escuto/leio que a intolerância religiosa está cada vez mais presente no nosso dia a dia, no racismo velado que hoje em dia está bem escancarado… O papel social que a minha arte tem é de expor essas problemáticas através de xilogravuras (Risos).
Como surgiu o seu interesse pela cultura dos orixás?
Em 2006 comecei a integrar o bloco afro Ilú Obá de Min, que tem a proposta de disseminar o empoderamento das mulheres através das músicas e os toques dos orixás. O bloco foi uma porta pra que eu entendesse que a cultura dos orixás é linda e que não tinha nada de mal, com isso só cresceu meu interesse e paixão pela cultura.
O que mais lhe fascina nessa cultura?
É difícil dizer algo que mais me fascina, pois, amo tudo. Canto, dança, os movimentos de cada orixá, a ligação de cada orixá com a natureza…
Falamos sobre o papel da arte. Como você vê o papel social que foi disseminado pela cultura dos orixás?
Raquel Trindade, Mestre Didi, Rubem Valentim, Carybé, Manuel Araújo são nomes importantes que apresentaram obras com a temática dos orixás e que ajudaram a desmistificar o olhar negativo da sociedade disseminando o potencial enorme de beleza da cultura dos orixás. Porém, ainda temos muita luta pela frente, pois, estamos falando de intolerância religiosa e racismo.
Como surgiu a ideia da exposição “Obirinxá?”.
“Obirinxá” veio num momento onde nós, mulheres, estamos lutando para ter nosso espaço de fala e protagonismo de volta. A ideia central veio através do Itan. Um movimento feminino (relatado na obra “Igbadu – A Cabaça da Existência Mitos Nagôs Revelados”) que conta como Obá revolta-se contra Orunmilá criando uma sociedade das mulheres, através da união com as outras divindades femininas, unindo seus dons para reagir ao domínio dos homens.
Quais as principais peculiaridades dessa exposição?
Eu sempre fui muito encantada pelos movimentos da dança de cada orixá, essa era uma das coisas fundamentais que eu teria que reproduzir nas artes.
Veremos isso na exposição?
Na exposição “Obirinxá”, o público consegue observar bastante movimento em cada xilogravura, como se elas estivessem dançando mesmo (Risos).
Sua visão como artista visual foi moldada por reflexões internas ou por observações externas?
As duas coisas.
Fale mais sobre isso.
Internas por inquietações, curiosidades… e externas vendo Rosana Paulino, Renata Felinto, Moisés Patrício desenvolvendo seus trabalhos incríveis.
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