Graduado em Engenharia pelo Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Lázaro Malta atua no setor de tecnologia desde 1990 e é o CEO da Ahgora Sistemas. A Ahgora Sistemas é uma empresa de tecnologia que desenvolve aplicações com o objetivo de aumentar a eficiência operacional das empresas, ajudando-as a alcançar resultados melhores e se tornarem mais competitivas por meio de soluções em gestão de presença, acesso e ponto. Apoiando as decisões estratégicas e facilitando a gestão empresarial, a Ahgora desenvolve softwares e hardwares ligados a gestão de pessoas e recursos humanos, automatizando processos e integrando inovações como reconhecimento facial, Internet das Coisas (IoT) e cloud computing. Criada em Florianópolis em 2006, possui escritórios na capital catarinense, São Paulo e Manaus, além de operações no Rio de Janeiro, Recife, Brasília e Belo Horizonte. A empresa conta atualmente com 2.500 empresas parceiras, mais de 800 mil colaboradores gerenciados e mais de 64 milhões de marcações ponto por mês, possuindo em sua carteira clientes como a TLSV Engenharia, Subway, Mercado Livre e Samsung. “Qualquer tecnologia, qualquer mudança afeta, sem dúvida, os aspectos comportamentais da sociedade. Evidentemente nossa privacidade sempre esteve em risco e a inovação sempre precisou encontrar o equilíbrio entre privacidade e segurança”, afirma o executivo.
Lázaro, você está no mercado de tecnologia desde 1990. Como era o setor naquela década até o começo dos anos 2000?
A década de 90 foi a consolidação da down size (a computação nos PCs ao invés de mainframes), quebra do monopólio dos mainframese a consolidação do que chamamos de TI corporativa no modelo Data Base, por exemplo, Oracle, e topologia cliente servidor e o florescer dos ERPs corporativos com as redes intranet e extranet e as redes corporativas. A TI corporativa permitiu a organização de dados estruturados e tornou possível estes dados estruturados para as organizações. Vimos também o nascer da internet.
Qual a mudança mais significativa do setor?
A mudança significativa no setor foi a “massificação” da internet. Com a evolução da usabilidade e com a criação do browser a internet se tornou acessível a qualquer usuário. Os conceitos de cloud computing junto com o aumentando exponencialmente da capacidade computacional dos dispositivos e o declínio do preço na mesma proporção, tornou possível o uso de dispositivos celulares, tablets, smartphones e abriu uma nova fronteira de possibilidade na área da tecnologia da informação. Isso proporcionou de novo um segundo down size dos modelos tradicionais da TI corporativa, permitindo aplicações com abrangência global, mobilidade e o relacionamento B2C da TI, bem como transformou o relacionamento das companhias com os consumidores, através de redes sociais, atingindo milhões de pessoas. Novas formas de dados – Big Datas -, como vídeo, mapas, som, imagens, dados não estruturados, etc., foram adicionados aos desafios da tecnologia da informação.
Como surgiu a Ahgora?
Fundada em 2006, em Florianópolis, a Ahgora começou como uma plataforma tecnológica de cloud computing com o conceito de informação em tempo real. Desde seu nascimento, a empresa mantém no seu DNA o cloud computing e o desenvolvimento contínuo em IoT (Internet das Coisas). A ideia inicial era aplicar tecnologia em vários mercados, mas o surgimento da portaria 1510 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) criou a legislação que rege as especificações e funcionamento dos Registradores Eletrônicos de Ponto (REP). Assim, a Ahgora visualizou uma grande oportunidade de negócio e desenvolveu o seu primeiro equipamento, o Registrador Eletrônico de Ponto – REP Ah10, que nasceu com a tecnologia registro de ponto por biometria 3D antifraude, cartão mifare e código de barras. A proposta da Ahgora, uma das primeiras a homologar o produto, foi inovar no mercado na gestão de presença, transformando, inclusive, o modo de comercialização dos produtos.
Quais os maiores pilares da organização?
A Ahgora é uma empresa de tecnologia que busca contribuir para o aumento da eficiência operacional e para a entrega de resultados das empresas, por meio de aplicações em gestão de presença, acesso e ponto. Entre os pilares da organização, então, está o apoio a decisões estratégicas, facilitando a gestão empresarial. A Ahgora desenvolve softwares e hardwares ligados a gestão de pessoas e recursos humanos, automatizando processos e integrando inovações como reconhecimento facial, Internet das Coisas e cloud computing.
A Ahgora atua em três frentes diferentes de segmentos de mercado: Corporativo, Pequenas e Médias Empresas (PME) e Governo. Como modelo de comercialização, a empresa oferece software como serviço (SaaS), em que o cliente paga uma mensalidade, pode utilizar o sistema e tem acesso a suporte técnico sem limites de chamados ou custos adicionais. Os equipamentos (catracas, relógios, controladores de porta, etc.) são comercializados de duas formas: venda normal ou no modelo de locação. Todos os equipamentos fabricados pela Ahgora nascem com a tecnologia IoT, o que possibilita a comunicação em tempo real com os softwares de gestão de ponto e acesso, hospedados na nuvem da Ahgora.
Aplicações com o objetivo de aumentar a eficiência operacional das empresas são um fator fundamental nos dias atuais. Como a Ahgora tem se aproveitado deste nicho?
O Brasil está voltando a despontar economicamente, mas, se nossas empresas não atuarem com eficiência, será cada vez mais difícil nos inserirmos no cenário internacional de forma competitiva. É necessário investir em produtividade, focando em pessoas como principal elemento de eficiência nas organizações. Para isso, é preciso transformar os processos, gerar informação viva, indo além da gestão padrão de dados. A informação precisa estar certa e chegar na hora certa, e as tecnologias que desenvolvemos na Ahgora contribuem para que esse processo seja rápido e efetivo. Excesso de dados não ajuda no desenvolvimento das empresas: é preciso analisar dados passados para fundamentar as informações do presente e fazer previsões que afetam o presente e futuro.
Como a Inteligência Artificial se encaixa em um negócio como o da Ahgora?
A Inteligência Artificial (IA) é uma das ferramentas matemáticas para auxílio na tomada de decisão. No nosso caso, serve para o aprendizado a partir de modelos comportamentais, voltado não só para análises do que está acontecendo agora, em tempo real, mas também para a previsão de cenários futuros, perspectivas e tomadas de decisões olhando para frente.
A IA não ocupa o papel das pessoas na tomada de decisão, mas ajuda no processo e na fundamentação. Recursos como esse são essenciais principalmente para quem tem potencial de escalabilidade, contando com a tecnologia para crescer. Na Ahgora, usamos Inteligência Artificial no algoritmo de reconhecimento facial, que vai aprimorando a leitura dos traços individuais a medida em que é utilizada. Tudo isso faz com que a gestão do fluxo de trabalho seja apoiada de forma cada vez mais ampla e direcionada.
Qual foi o “start” para a criação do Ahgora Live Indoor?
Os sistemas GPS atuais conseguem identificar a localização das pessoas no planeta, mas o ser humano individualmente possui granularidade muito menor, não captada por satélites. A tecnologia, aplicada em empresas, precisa dar mais exatidão de informações para ser capaz de qualificar atividades específicas, dar feedback ao colaborador, dimensionar uma ação de venda ou mapear o atendimento hospitalar, por exemplo. Nesses casos, é necessário analisar, com precisão, onde as pessoas estão, tanto em shoppings quanto em blocos hospitalares, para poder direcionar a equipe e os esforços de forma eficaz. Foi essa necessidade que nos fez pensar no Ahgora Live Indoor.
Uma sala de cirurgia, por exemplo, é um ambiente extremamente moderno e que demanda muitos recursos para funcionar bem. Mas de nada adianta contar com dezenas de ferramentas se os profissionais não estiverem presentes no lugar certo no momento certo. Ou seja, considera locais específicos: um cirurgião, mesmo estando dentro do hospital, precisa estar localizado especificamente em determinada sala de cirurgia, caso sua presença seja necessária ali.
Diante da necessidade de mapear e gerir profissionais e ferramentas, a tecnologia de microlocalização pode ser aplicada tanto para pessoas quanto para bens, otimizando o trabalho em ambientes amplos. Com as cidades cada vez maiores e os problemas recorrentes de mobilidade, contar com pessoas no local certo na hora certa é um dos fatores fundamentais para que os espaços internos sejam otimizados e os profissionais sejam alocados dinamicamente.
Você acredita que essa aplicação terá um caráter revolucionário?
Sem dúvida, a aplicação da microlocalização nas empresas tem um caráter disruptivo, assim como o GPS causou na mobilidade urbana, por exemplo. Usar tecnologias de mapeamento e identificação geoespacial a um custo viável contribui para o aumento da eficiência e pode gerar uma infinidade de aplicações. Juntando soluções de microlocalização, Internet das Coisas, Inteligência Artificial e reconhecimento biométrico, criamos um novo mundo de possibilidades e aplicações, que é apenas o início de uma revolução baseada na inovação.
Avançamos muito na tecnologia de microlocalização enquanto país?
Ainda estamos atrasados em tecnologias semelhantes no Brasil, mas temos ilhas de excelência que nem sempre são percebidas. O país corre o risco de perder o bonde histórico dessa revolução, como aconteceu com o mercado de chips, por exemplo.
O Ahgora Live Maps traz ainda mais peso para esse avanço?
O Ahgora Live Maps permite não só a gestão de presença, mas atua na gestão operacional. Com ele, sabemos exatamente a localização dos colaboradores analisando o nível de serviço daquela unidade, facilitando uma tomada de decisão mais rápida e eficiente. Junto com a Inteligência Artificial, é possível estudar o comportamento de unidades localizadas em diferentes bairros, cidades, estados e países de acordo com todos os aspectos do ambiente à sua volta. Se estou analisando uma rede de varejo em todas as suas localidades, por exemplo, posso saber quantas pessoas estão nas unidades naquele momento, quantos colaboradores estão trabalhando para elas funcionarem.
A Internet das Coisas matará a nossa privacidade como é afirmado por especialistas?
Não acredito nisso. Qualquer tecnologia, qualquer mudança afeta, sem dúvida, os aspectos comportamentais da sociedade. Evidentemente nossa privacidade sempre esteve em risco e a inovação sempre precisou encontrar o equilíbrio entre privacidade e segurança. A questão é que cada sociedade tem um conceito diferente de privacidade, o que altera esse ponto de equilíbrio e envolve inclusive ações colaborativas. A Internet das Coisas veio para protagonizar mais uma das revoluções comportamentais, trazendo disrupção na cultura do trabalho e da informação. Ela interage diretamente com o meio ambiente e, se mal utilizada, pode sim interferir na privacidade. Por outro lado, amplia as possibilidades de colaboração, melhor uso dos espaços, integração entre as pessoas e até humanização das relações. A tecnologia cumpre o papel de tornar as empresas mais humanizadas. Tudo o que contribuir para que o ser humano tenha mais facilidade de interagir, se relacionar e entender o outro é benéfico.
Eder Fonseca é o publisher do Panorama Mercantil. Além de seu conteúdo original, o Panorama Mercantil oferece uma variedade de seções e recursos adicionais para enriquecer a experiência de seus leitores. Desde análises aprofundadas até cobertura de eventos e notícias agregadas de outros veículos em tempo real, o portal continua a fornecer uma visão abrangente e informada do mundo ao redor. Convidamos você a se juntar a nós nesta emocionante jornada informativa.
João Augusto Amaral Gurgel, conhecido como João Gurgel, foi um visionário da indústria automobilística brasileira.…
Ao longo da história, as celebrações e eventos excessivos refletem os costumes e valores de…
Nos últimos anos, o Mato Grosso tem despertado a atenção de investidores e especialistas em…
A década de 1990 foi um marco na televisão brasileira. A disputa pela audiência entre…
No cenário do luxo e da alta moda italiana, poucos nomes carregam tanto peso e…
A figura de John Montagu, o 4º Conde de Sandwich, é mais associada à invenção…