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Mamita é uma empresa familiar de sucesso

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A Mamita é uma marca referência no setor, fundada há mais de 30 anos e hoje administrada apenas por mulheres, no caso Nadia e Carolina Zein, mãe e filha. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, 90% das empresas têm perfil familiar, como a Mamita. Esse número corresponde a mais da metade do PIB brasileiro, e as empresas familiares são responsáveis pela geração de emprego de mais de 75% da mão de obra no país. “Quando decidi entrar para a Mamita, eu e meu pai, tínhamos muito conflito sobre como a gente queria seguir com a empresa. E muitos desses conflitos eram por sermos iguais, então combinamos de não levar o trabalho para dentro de casa. Uma coisa que foi muito legal é que, como a área que assumi tinha mais relação com marketing e inovação, eu tentava trazer para meu pai essa parte nova, sempre falava que se ele investiu nos meus estudos e profissionalização, ele precisava acreditar na minha posição como profissional, mesmo que às vezes pudesse divergir da dele. E do lado da minha mãe, sempre fomos muito alinhadas. Mas precisávamos unir a experiência deles na Mamita com a minha do mercado, para ter sempre equilíbrio, ainda que cada um mantivesse seus papéis”, diz a jovem empresária. Carol Zein, CEO da Mamita, contará em detalhes na entrevista exclusiva abaixo sobre sua trajetória como empreendedora e os aprendizados e dificuldades de gerir uma empresa familiar.

Carol, que desafios você enfrentou ao assumir a gestão da Mamita como sócio-proprietária e como superou esses obstáculos?

Quando decidi entrar para a Mamita, eu e meu pai, tínhamos muito conflito sobre como a gente queria seguir com a empresa. E muitos desses conflitos eram por sermos iguais, então combinamos de não levar o trabalho para dentro de casa. Uma coisa que foi muito legal é que, como a área que assumi tinha mais relação com marketing e inovação, eu tentava trazer para meu pai essa parte nova, sempre falava que se ele investiu nos meus estudos e profissionalização, ele precisava acreditar na minha posição como profissional, mesmo que às vezes pudesse divergir da dele. E do lado da minha mãe, sempre fomos muito alinhadas. Mas precisávamos unir a experiência deles na Mamita com a minha do mercado, para ter sempre equilíbrio, ainda que cada um mantivesse seus papéis.

Qual é o diferencial da Mamita em relação a outras marcas de produtos infantis e como vocês mantêm esse destaque no mercado ao longo de mais de 30 anos?

Nos preocupamos muito com os nossos produtos, eles passam por todas as certificações de qualidade (Inmetro/Anvisa) e nossa fábrica também tem todas as certificações necessárias. Então um dos principais pontos para nós é o custo-benefício de um produto de qualidade e acessível para atingir o grande público. Também vejo que somos uma família que conversa com outras famílias, e nada como mãe e filha para ter o melhor entendimento possível do nosso público. Afinal, nós também somos o nosso público e queremos oferecer sempre o melhor.

Por que você decidiu seguir o caminho do empreendedorismo e se juntar ao negócio familiar e como isso influenciou sua visão sobre a gestão da empresa?

Acredito que podemos olhar esse assunto sob duas perspectivas, a emocional e a profissional. No início, não tinha intenção de trabalhar com a Mamita. Principalmente por receio de trabalhar em família, costumava ver muito a empresa entrando na minha casa, mesmo que tenham sido sempre muito tranquilos. Também tinha minha questão profissional, gostaria de trilhar meu próprio caminho, descobrir o que gostaria de fazer por mim, e nunca houve pressão dos meus pais para que seguisse na Mamita, por mais que os familiares sempre perguntassem.

Me formei em 2012 em publicidade e propaganda e segui na área até 2018, nesse período tive uma experiência no exterior que foi bem importante para a minha carreira. Em 2016 meu pai foi diagnosticado com câncer.

Como falei, por parte dos meus pais nunca houve pressão para que assumisse a Mamita, mas com meu pai doente acabei parando para pensar novamente sobre o assunto, e coincidiu de ser uma época em que minha carreira estava um pouco instável e estava um pouco cansada. Em casa, meus pais diziam que tinha muito perfil de dona, de pegar as coisas para fazer e resolver tudo, achavam que me daria bem na Mamita.

Sabia que tinha um pensamento muito diferente do meu pai, e pensei muito em como eu poderia acabar tendo mais conflitos com ele caso trabalhássemos juntos, foi uma decisão difícil para mim. E eventualmente sentei para conversar com ele, quando falei que estava disposta (acho que estava pronta para assumir a Mamita), ele ficou muito feliz, e nesse momento tive certeza da minha decisão. Olhando para trás, consigo ver que é o lugar onde mais aprendi, minha carreira decolou e aprendi a me apaixonar pelos negócios.

Diante de tudo isso, eu aprendi que não existe um momento certo, uma receita de bolo. O momento certo sempre será aquele que estrategicamente trará resultados, e o mais importante de todos, quando você sente no coração que foi a melhor decisão tomada e que você vai dar o seu melhor todos os dias para fazer acontecer.

Hoje, consigo entender que entrei no momento certo, quando estava mais preparada profissionalmente para lidar com essa responsabilidade e sabia exatamente o que queria fazer. Desde o início da minha carreira, acreditava que um dia teria o meu próprio negócio, por uma questão de perfil. Tinha a resposta pronta para a velha pergunta de entrevista de emprego sobre como você se vê daqui 10 anos, sempre me vi à frente do meu negócio! Por isso que acho que quando decidi entrar, foi para realmente “mergulhar” na gestão, trazer tudo o que o mercado me ensinou. Estava realmente madura e convicta do que queria quando tomei essa decisão.

Quais estratégias a Mamita adota para se manter atualizada e alinhada com as tendências do mercado infantil?

Além de acompanhar as tendências de mercado e matérias que saem na mídia, nós participamos de muitas feiras de negócios espalhadas pelo Brasil inteiro e fazemos nossas pesquisas com o consumidor final e o B2B para saber o melhor caminho a se trilhar.

Como é trabalhar ao lado de sua mãe, Nadia Zein, na administração da empresa?

Eu e minha mãe somos muito alinhadas dentro da empresa e cada uma respeita muito a posição e atuação da outra. Com exceção de momentos de crise ou emergência, nós não ultrapassamos os limites dos cargos. Minha mãe traz toda a experiência profissional de anos e entro bastante com inovação, nós trabalhamos muito bem juntas, nos completamos!

Quais foram os aprendizados mais valiosos que você obteve como empreendedora durante esses anos à frente da Mamita?

Acho que amadureci muito, tanto no lado profissional como no pessoal. A Mamita tem sido uma escola para mim. Aprender a me relacionar melhor com as pessoas, ter mais resiliência e crescimento profissional.

Comecei trabalhando em processos internos, entendendo a cultura da empresa, conhecendo as pessoas, a tratativa com os funcionários, clientes e quando fui ver, me dei conta que nada nos ensina mais do que experiência de fato, aquele aprendizado “na raça”.

Por que a Mamita optou por ser administrada apenas por mulheres e como essa característica impacta o ambiente corporativo da empresa?

Foi uma coisa que aconteceu naturalmente depois que meu pai faleceu, como eu e minha mãe já estávamos ativas na empresa, nós assumimos os principais papéis e mantivemos a empresa na família sem precisar trazer pessoas de fora para posições de liderança.

Apesar de sermos duas mulheres nos cargos altos da empresa, nós temos um time de líderes de setor que é misto. Temos tanto homens quanto mulheres ocupando as principais cadeiras da empresa. Nos preocupamos muito em manter um ambiente saudável de trabalho. Fazemos reuniões de feedback com todos os colaboradores para entender a visão deles também e estreitar laços de comunicação. Isso não era feito anteriormente e acredito que temos tido bons resultados, pois, abrimos espaço para todos falarem, exporem opiniões, o que nos possibilita melhorar cada dia mais o nosso ambiente de trabalho.

Quais são os principais valores e princípios que guiam a Mamita como marca e como esses valores são refletidos nas ações da empresa?

Nossos principais valores incluem colocar as pessoas em primeiro lugar, desde os colaboradores, passando por fornecedores e claro, nossos clientes. Isso passa também por políticas que temos na empresa com relação a respeito entre os funcionários, temos tolerância zero para qualquer tipo de assédio com mulheres, assédio moral ou qualquer coisa nesse sentido, é demissão instantânea. Manter a qualidade e a segurança dos funcionários na fábrica e dos nossos produtos é algo inegociável para nós, isso vai desde o uso correto dos equipamentos na fábrica, até manter todas as certificações de qualidade nos produtos. Também incentivamos e atuamos muito na vertente de diversidade, refletimos sobre esse assunto nas comunicações da empresa e incentivamos sempre a mescla de todos os sexos e orientações sexuais.

Como a Mamita lida com a responsabilidade social e ambiental em suas operações, e qual o papel da sustentabilidade na estratégia da marca?

Hoje, tudo que temos dentro do nosso portfólio e tem autorização dos órgãos regulamentadores para ser trabalhado com material reciclado, assim o fazemos. Além disso, o que não é utilizado na fábrica é destinado para reciclagem, a fim de que possam ser transformados em subprodutos, temos uma meta na empresa de produzir o mínimo possível de lixo.

Quais são os planos e metas futuras da Mamita para continuar crescendo e inovando no mercado de produtos infantis?

Nosso plano é continuar acompanhando as tendências de mercado, participando das maiores feiras do ramo, nos aproximando cada vez mais do nosso público. Também queremos aumentar o portfólio, trazer inovação e investir em tecnologia, que está cada vez mais presente no nosso dia a dia, e que venham mais 30 anos.

Por fim, que conselho você daria para outras empreendedoras que desejam seguir o caminho de administrar uma empresa familiar?

Acredito que, antes de trabalhar numa empresa própria ou começar a trabalhar com os pais, a pessoa atue em outras companhias. Assim, ela tem contato com a hierarquia e conhecimento no mundo corporativo de maneira geral, isso fará com que seja fácil entendê-la e respeitá-la quando estiver na empresa familiar. Também acho importante que o primeiro momento seja de conhecer a fundo todo o negócio, passar por todas as áreas, desde as mais simples até as mais robustas, pois, é muito importante aprender a se relacionar com os profissionais e convencê-los com argumentos consistentes além de apresentar resultados eficazes. Para finalizar, jamais confunda o ambiente profissional com o ambiente familiar, se seu pai é o dono da empresa, trate-o como o dono da empresa, e não como o seu pai.


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