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Marcus Nakagawa fala do empreendedorismo social

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Marcus Nakagawa é professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS); idealizador e conselheiro da Abraps e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros: “Marketing para Ambientes Disruptivos”, “Administração por Competências” e “101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo” (Prêmio Jabuti 2019). Foi professor do Master Pós MBA da B.I. International, da graduação na Administração e no EAD da FMU, nas questões de responsabilidade socioambiental e terceiro setor; foi gerente de Sustentabilidade para fornecedores da Philips para América Latina, responsável pelo Programa de Sustentabilidade/Responsabilidade Social no Brasil e pelo suporte à América Latina. Em entrevista exclusiva ao Panorama Mercantil, ele afirma: “As empresas que trabalham com impacto social e tem um empreendimento social são aquelas que buscam resolver um problema do mundo, ou seja, desafios ambientais, econômicos e sociais. Problemas que são apontados principalmente nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, que são 17. E estas empresas precisam sempre mensurar o impacto social e ambiental que estão fazendo. Analisar e quantificar os resultados dos problemas que estão enfrentando através de seu produto ou serviço. Se não mensurar o impacto realmente fica difícil falar que a empresa está resolvendo algo”.

Marcus, como avalia o chamado empreendedorismo social em nosso país?

O empreendedorismo de impacto social está crescendo, pois, o ecossistema desta modalidade de negócio está se organizando. As empresas e organizações que buscam o impacto social, sempre analisando sistematicamente este impacto, estão cada vez mais se profissionalizando e buscando investimento para as suas expansões e escalabilidade. Numa pesquisa da Pipe.social, mostra que dos 1002 negócios entrevistados, só cerca de 30% estavam nas fases de tração, pré-escala e escala. O restante ainda em muitos testes de mercado e buscando a escalabilidade.

Como reconhecer uma empresa que pratica um empreendedorismo social de fato?

As empresas que trabalham com impacto social e tem um empreendimento social são aquelas que buscam resolver um problema do mundo, ou seja, desafios ambientais, econômicos e sociais. Problemas que são apontados principalmente nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, que são 17. E estas empresas precisam sempre mensurar o impacto social e ambiental que estão fazendo. Analisar e quantificar os resultados dos problemas que estão enfrentando através de seu produto ou serviço. Se não mensurar o impacto realmente fica difícil falar que a empresa está resolvendo algo.

Quais os grandes diferenciais para se obter um grande impacto social em ações empreendedoras?

Alguns grandes diferenciais para se obter um grande impacto primeiramente é entender bem o problema social, econômico ou ambiental que a empresa está tentando resolver. Terá que entender as suas causas e as suas consequências. Mensurar muito bem estes problemas e definir como resolvê-los.

Ter uma paixão por transformar, modificar e trazer soluções sólidas para o problema é fundamental. Outro diferencial é ser comprometido e conhecer muito bem o público que a empresa trabalhará. E para finalizar ter uma boa gestão do negócio.

Como mensurar o resultado desses impactos?

Para cada problema do mundo, desafios ambientais e sociais haverá um indicador ou um conjunto de indicadores que poderão ser mensurados. O importante é mensurar sempre e analisar.

As características do empreendedor social diferem das características do empreendedor que atua em outros empreendimentos?

Todo empreendedor social é também um empreendedor, a grande diferença é o conhecimento do impacto social e ambiental. Geralmente estes empreendedores são pessoas inconformadas com as realidades sociais e ambientais e querem de uma forma pragmática tentar melhorar, transformar e modificar esta realidade.

Os desafios do empreendedorismo social passam por quais caminhos aqui no Brasil?

Existem muitos desafios para o empreendedor social, que assim como o empreendedor tradicional não tem muito conhecimento técnico, tem muita burocracia, pouco desenvolvimento e pesquisa, um baixo apoio governamental. Além disso, na área de impacto social e ambiental, não existem tantos investidores e fundos como no empreendedorismo tradicional. E ainda tem poucas pessoas no mercado, comparando com o tradicional, que conhecem este tipo de atividade e empresas.

Como a inovação é primordial para empreendimentos sociais?

A inovação social e ambiental é fundamental para que hajam empreendimentos sociais, pois, é com a inovação que estes empreendedores vão realizar o seu impacto social e ambiental diferente do que é feito hoje. Ou seja, tem que ter inovação sempre para fazer este impacto.

O que deve nortear um empreendedor na hora de projetar um empreendimento de impacto social?

Primeiro tem que ter o problema bem definido que será “atacado”. Uma definição e um estudo bem profundo de como são estes problemas, suas causas e consequências. Depois disso, achar uma solução em forma de um produto ou serviço que consiga gerar um modelo de negócios que tenha receita e, ao mesmo tempo, resolva o problema.

Financiamento coletivo é a melhor saída para a busca e apoio para o capital inicial?

Essa é uma das maneiras para buscar o financiamento. A busca por este modelo dependerá muito da sua rede de relacionamento primária (amigos, parentes, família) e secundária (conhecidos, amigos dos amigos, etc.), pois, será isso que impulsionará o negócio. Além de uma boa campanha de comunicação e engajamento para que o financiamento seja conhecido.

Questões sociais devem andar com as causas ambientais em projetos de impacto social?

Sim, em alguns momentos estes temas acabam andando juntos, como a questão da educação ambiental, educação para reciclagem, o impacto que o desmatamento tem nas comunidades ribeirinhas, ou ainda como o não cuidado de um rio pode acabar com a população do entorno.

Como o propósito move um empreendimento social?

O propósito é o combustível principal do empreendimento social. E conforme a empresa cresce, ele precisa ser renovado, impulsionado e chegar em todos os funcionários, parceiros e acionistas. O empreendedor social tem o propósito como valor principal muitas vezes e isso também pode atrapalhar, caso ele fique muito “apaixonado” pelo seu negócio e pela sua ideia. Será sempre necessário um pragmatismo da gestão desta empresa, com objetivos, metas, processos e tudo mais.


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