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Rahyja Afrange analisa o design de mobiliário

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Formada em Arquitetura e Urbanismo pela PUC-Campinas em 2007, Rahyja Afrange teve passagem por escritórios renomados como TEN Arquitectos (Taller Enrique Norten) em Nova York, Aflalo e Gasperini e Bernardes + Jacobsen em São Paulo. Encantada pelo mundo do Design embarcou para Dinamarca para um curso de Design de Mobiliário em Copenhagen. Quando retornou a São Paulo abriu seu próprio estúdio multidisciplinar na Vila Mariana. Suas primeiras peças, cadeira e poltrona SE7E foram premiadas pela feira ICFF Studio Award em Nova York, em 2013. Com base na estrutura lógica de cada material, o seu método de trabalho é guiado pela estética, funcionalidade e simplicidade. Hoje divide seu tempo entre Arquitetura, Interiores e Design inspirada pela filosofia “viver bem em ambientes encantadores”. “Na minha opinião, o mercado brasileiro está amadurecendo. Sou otimista, vejo grande interesse e uma mudança na maneira de “consumir” design. Os obstáculos são muitos como a gestão do próprio negócio. Muitas vezes gasto horas e horas com tarefas burocráticas e administrativas. Encontrar empresas parceiras e sérias que valorizam o design nacional é outro desfio quando falamos de acordos transparentes e justos. (…) Cada trabalho acaba acontecendo de uma forma, seguindo um caminho. Fico satisfeita quando consigo manter a essência daquela ideia, vou testando as possibilidades e a viabilidade de concretizá-las”, afirma.

Rahyja, qual foi a sua motivação para ter escolhido a arquitetura e logo depois o design de mobiliário?

Ficava fascinada ao ver meu pai idealizando e construindo algumas casas durante minha infância. Fazia isto por hobby. Quando as casas ficavam prontas, minha mãe entrava no circuito e dava vida a elas. Eles não são arquitetos e faziam de forma muito natural e empírica. Acho que toda essa vivência me marcou e influenciou muito na escolha da minha profissão. Quando me formei trabalhei em alguns escritórios de arquitetura e foi ao trabalhar com arquitetura de interiores que me encantei pelo design de mobiliário. Busquei uma especialização e fui estudar na Dinamarca.

Goethe dizia que a arquitetura é a música petrificada. Qual a sua definição sobre a arquitetura?

Arquitetura é muito mais do que a própria matéria. Pode ser sutil e muito poderosa ao mesmo tempo.

Você é influenciada por outras áreas quando realiza um novo trabalho?

Claro! Costumo dizer que coleciono mentalmente detalhes, experiências, vivências, imagens, materiais… Quando menos espero algumas destas referências se conectam e surge uma ideia, um novo trabalho.

Quando o seu design único chega perto daquilo que considera ideal?

Cada trabalho acaba acontecendo de uma forma, seguindo um caminho. Fico satisfeita quando consigo manter a essência daquela ideia, vou testando as possibilidades e a viabilidade de concretizá-las. Muitas vezes alguns projetos precisam de mais tempo para amadurecer para então considerar pronto.

Acredita que já encontrou este design único ou sempre é uma busca constante em cada novo trabalho?

É uma busca constante, investigação dos materiais, de processos e acaba sendo também um caminho de descobertas muito vinculadas com minha vivência pessoal.

Quais os maiores obstáculos quando se toca um negócio em sua área de atuação?

Na minha opinião, o mercado brasileiro está amadurecendo. Sou otimista, vejo grande interesse e uma mudança na maneira de “consumir” design. Os obstáculos são muitos como a gestão do próprio negócio. Muitas vezes gasto horas e horas com tarefas burocráticas e administrativas. Encontrar empresas parceiras e sérias que valorizam o design nacional é outro desfio quando falamos de acordos transparentes e justos.

Gostaria de saber como se deu seu interesse pelo design de mobiliário escandinavo?

Esse interesse surgiu na faculdade e se intensificou no início da minha carreira. A transição da arquitetura ao design acabou acontecendo de forma muito orgânica. Quando tive a oportunidade busquei uma especialização e achei um curso teórico e prático em Copenhagen. Foi uma experiência maravilhosa, rápida e muito intensa.

Existe alguma coisa desse design que lembra o design brasileiro?

A maneira de tratar os materiais naturais buscando apresentá-los na sua essência.

Em uma certa ocasião, você afirmou que a seu material favorito era o Pinho de Riga, já que ele tem um grande valor afetivo pra você. Que peça criou com esse material que você considera especial?

Pinho de Riga realmente me fascina e me transporta para minha infância. Já trabalhei com esta madeira algumas vezes como em um projeto de peças únicas e limitadas no qual pequenas intervenções eram feitas para transformar os pedaços de madeira em tábuas para servir alimentos. Também usei o Pinho de Riga nas três edições de estiletes em séries limitadas e numeradas. Tenho planos para concretizar não só outros objetos, mas também móveis em Pinho de Riga, que é um desafio se tratando de madeira de demolição.

O quão é importante o compartilhamento do conhecimento no setor em que está inserida?

Compartilhar o conhecimento é a grande sacada. A troca de informações e experiências nos fortalece e vejo um grande movimento neste sentido.

O mobiliário é um dos espelhos de uma civilização e de uma época. Este espelho está reluzente atualmente em sua visão?

Claro! O mobiliário brasileiro é muito rico, temos uma bagagem incrível e muita gente talentosa trabalhando sério e produzindo com qualidade.


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