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Mitfokus busca maior valorização feminina

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É fato: o mundo dos negócios ainda é masculino e a área de tecnologia da informação (TI) predominantemente povoada por homens. Mas, aos poucos e superando desafios, já é possível vislumbrar cada vez mais mulheres ocupando posições na área e, também, cargos importantes dentro do segmento. Em 2020, a pesquisa Panorama Mulher, desenvolvida pelo Insper, em parceria com o Talenses Group, trouxe dados que confirmam o cenário. O estudo mostrou que 13% das empresas brasileiras têm mulheres como CEO e, na área de TI, 4% das vice-presidentes são mulheres. No entanto, há espaço para muito mais e elas já estão encontrando o caminho. Informações do Banco Nacional de Empregos, por exemplo, mostram que entre janeiro e maio de 2021 houve um salto no registro de candidaturas para vagas nas áreas de TI, em comparação com igual período do ano passado: foram 12.716 inscrições contra 10.375. É claro que, embora exista uma lacuna entre o ideal e o que já se tem, o mercado está cheio de bons exemplos. É o caso da Mitfokus, empresa que em setembro completou cinco anos de fundação. Aliás, fundação assinada por uma mulher: a paulista Júlia Lázaro, de 40 anos e mãe de dois filhos, é quem, ao lado de um homem, seu sócio, comanda a empresa de TI que presta consultoria financeira e tributária especializada na área médica. São 30 funcionários, mulheres e homens, que sob a batuta de Júlia, trabalham com a entrega de bons resultados e, na empresa, compartilham do respeito e admiração uns pelos outros.

Júlia, como surgiu a Mitfokus?

Trabalhei por muito tempo na área financeira de grandes multinacionais. Com o tempo, percebi o quanto me fazia falta mais flexibilidade no trabalho, especialmente depois que me tornei mãe. Eu precisava de um novo fôlego e também potencializar meu tempo. Observando o quanto meu marido, que é médico, sofria com a gestão de sua empresa médica, comecei a pesquisar sobre a área de gestão financeira para profissionais da saúde. Então, conversei com outros amigos que também são da área e percebi o quanto a legislação tributária e contábil para a área médica é específica. Vi ali um ótimo nicho de empreendimento. Surgiu o embrião da Mitfokus Soluções Tecnológicas e Financeiras. Foi a chance de buscar a flexibilidade que eu precisava e impactar positivamente a vida dos profissionais da área de saúde.

Quais os principais pilares da startup?

Nossos Pilares são PPT: 1. Pessoas 2. Processos e 3. Tecnologia. E o primeiro passo foi compor um time de especialistas para nos tornarmos experts na área de contabilidade médica. Assim me aliei ao Tiago Lázaro, economista da USP com muita experiência na área bancária, ao William Souza, consultor contábil, e ao João Teixeira, também administrador. Desde o início nossa essência era, além de sermos “ases” na parte de tributação, contabilidade e finanças médicas, desenvolver tudo com base em muita tecnologia, com uso de Inteligência Artificial e Machine Learning, entregando aos profissionais da saúde uma ferramenta de fácil uso e acesso, para facilitar a vida dos médicos mesmo.

O que é ser uma startup médica num cenário desafiador como o atual?

O médico não possui em sua grade curricular durante a faculdade aulas sobre gestão, contabilidade e planejamento tributário. Hoje 85% dos médicos ao se formarem precisam constituir uma empresa médica. Isto implica que precisam consumir conteúdos de gestão especializada para assim evitar ralos financeiros ao longo de sua trajetória profissional. Buscar fornecedores especializados torna-se fundamental. Sendo assim, a Mitfokus tem muito êxito em navegar com a área médica. Possuímos uma plataforma de educação financeira e um aplicativo para agilizar a contabilidade do médico. Ao abrir uma empresa com a Mitfokus, o médico tem, a partir do aplicativo, todo o planejamento tributário, financeiro e fiscal voltado ao seu nicho e ainda conta com a possibilidade de empréstimos, financiamento e antecipação de recebíveis.

A entrega de produtos com excelência é uma das marcas da Mitfokus. O que não pode faltar nessa entrega?

Inteligência humana aliada a tecnologia, proporcionando assim por meio de um ecossistema especializado, uma plataforma robusta com foco em agilidade, praticidade e, acima de tudo, evitando ralos financeiros e passivos tributários. E a consequência disto tudo é qualidade de vida para nossos clientes, os médicos e médicas.

Qual a importância do planejamento para essa entrega de valor?

Um milhão e 600 mil reais é o valor médio que um médico deixa de receber ao longo de sua carreira ao confiar em serviços contábeis generalistas e não tecnológicos. Sendo assim, a Mitfokus e a parceira ideal para esta jornada, possuímos contabilidade tecnológica, eficiente e já com planejamento tributário. A falta do planejamento financeiro pode ser decisória para um futuro promissor na carreira dos médicos e médicas.

Em que momento a startup começa a olhar para a inclusão e igualdade?

Sempre olhou. Nasceu desta forma, já que foi fundada por uma mulher! Vim da área financeira, que ainda é nicho masculino, eu já tinha a casca um pouco mais “grossa” e soube me impor na hora de empreender. Mas ainda existe muita desigualdade nesse meio, especialmente na tecnologia. Hoje, na Mitfokus, 60% da equipe financeira é composta por mulheres, porém, na equipe de desenvolvimento, eu sou a única. De 80 currículos que recebi ultimamente, nenhum era de mulher.

Por que esses dois termos estão tão impregnados no DNA da empresa?

Tive uma escola de diversidade quando comecei a trabalhar na BASF – multinacional alemã, maior indústria química do mundo. Recordo-me da inciativa que eles desenvolveram com excelência, havia sido estabelecido a cota para inclusão de PCDs em empresas. Eles organizaram um dia somente para os colaboradores navegarem no mundo destas pessoas. Interagimos com cães guias com os olhos fechados, teclamos em teclados especiais, exploramos todos os sentidos, tivemos palestras sobre as histórias das pessoas portadoras de deficiências. Aquele dia me encantou e me marcou. Sempre almejei: “quando tiver a minha empresa, quero diversidade e inclusão”.

A valorização feminina instituída pela empresa vem dessa inclusão?

Com certeza. Hoje participo de vários grupos de mulheres profissionais em busca de talentos que possam integrar a equipe tecnológica da Mitfokus. Participo de grupos que são exclusivos para mulheres com foco em networking, e oportunidade para desenvolvimento das mulheres. Recentemente recebi um convite para escrever um capítulo de livro sobre histórias de mulheres, busco apresentar minha trajetória para ajudar de alguma forma as mulheres a independência financeira e emocional. Na Mitfokus estamos projetando vagas e até áreas dentro da empresa somente para as mulheres. É uma alternativa para buscar o equilíbrio e a igualdade no setor.

Quais são os pontos que ratificam essa preocupação?

Internamento criei um grupo de estratégia financeira para mulheres e LGBTQI+. São encontros semanais que abordamos temas de estruturação de novas receitas financeiras, entendimento do plano de vida dos próximos cinco anos, estratégia de independência emocional e financeira. Além de almoços mensais e cafés com foco em educação financeira.

Como é ser CEO num mundo de lideranças masculinas em sua maioria?

Encontro dificuldades como todas as outras mulheres em diversas esferas da vida. Não me vejo uma mulher CEO, me vejo uma mulher buscando estar onde ela tem meritocracia para estar. Nunca tive uma bandeira feminista, mas uma bandeira realista. Nós precisamos ser focadas, planejadas e extraordinárias. Lidamos com muitas informações e situações. Sempre nos superando. Ainda mais em tempos de pandemia com filhos em homescoolling. Atenção, estamos competindo e temos algumas desvantagens, reais. Não podemos subestimá-las. Planejamento, estratégia, muito trabalho e união (sororidade) são necessários para nos destacarmos.

O que vislumbra para a Mitfokus para os próximos anos?

Na área financeira, queremos desenvolver mais produtos e nos corroborar como uma fintech. Na área de tecnologia, queremos expandir as subespecialidades, como citei, e com isso aumentar ainda mais a nossa diversidade de equipe, não apenas contratando mais mulheres, mas aumentando também a diversidade de gênero e raça. Isso passa por aprimorarmos nossa prospecção de talentos para ofertar oportunidades para aqueles que infelizmente ainda sofrem algum preconceito no mercado.


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