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Naji Nahas: lenda da Bolsa e mito da quebra

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Naji Robert Nahas, um empresário libanês criado no Egito e radicado no Brasil desde 1969, é uma figura controversa e marcante no cenário financeiro do país. Em 1969, chegou ao Brasil com cinquenta milhões de dólares, determinado a construir um império empresarial. Rapidamente, montou um conglomerado que englobava fábricas, fazendas de produção de coelhos, banco, seguradora e outros empreendimentos.

No entanto, sua ascensão meteórica e notoriedade nacional aconteceram devido à acusação de ser o responsável pela quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro em 1989. Segundo reportagem da revista Veja, Nahas utilizava empréstimos bancários para realizar operações na bolsa, negociando consigo mesmo por meio de laranjas e corretores, inflando as cotações. Quando os bancos cessaram os empréstimos, uma quebra em cascata na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro se seguiu, deixando marcas profundas no mercado financeiro nacional.

Apesar das acusações, Nahas foi absolvido de todas as imputações relacionadas à quebra da bolsa em 2004. Sua defesa argumentou que a mudança nas regras de negociação de ações e o corte nos financiamentos concedidos ao investidor foram os verdadeiros culpados pela crise, uma visão compartilhada por renomados economistas da época.

Contudo, segundo Eduardo Rocha Azevedo, então presidente do Conselho Administrativo da Bovespa, Nahas ignorou os alertas e continuou atuando de maneira arriscada, chegando a ser responsável por 80% dos negócios na bolsa paulista. A Bovespa, em 1985, conseguiu impor restrições a Nahas, eliminando sua vantagem de arbitragem temporal e extrema alavancagem.

Sem se adaptar às novas condições, Nahas transferiu seu modus operandi para a Bolsa do Rio, que, ávida por retomar a liderança nos mercados nacional e latino-americano, não considerou os perigos representados pelo acúmulo de negócios nas mãos de um único investidor altamente alavancado. O resultado foi a quebra da Bolsa do Rio em junho de 1989, evento do qual a entidade carioca nunca mais se recuperou.

Em 2008, Nahas voltou aos holofotes quando foi preso na Operação Satiagraha, uma ação da Polícia Federal contra desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro. Com outras figuras proeminentes, como o banqueiro Daniel Dantas, Nahas enfrentou acusações relacionadas a crimes no mercado financeiro. As prisões foram resultado de investigações iniciadas há cerca de quatro anos, desdobramento das apurações do escândalo do mensalão.

Durante a operação, gravações telefônicas revelaram Nahas orientando seu operador de bolsa a comprar ações da Petrobras antes do anúncio da descoberta do mega-campo de Carioca. Embora a acusação de uso de informação privilegiada tenha sido feita, não foram apresentadas provas substanciais. O empresário também foi acusado, sem provas sólidas, de possuir informações privilegiadas sobre a taxa de juros do Banco Central dos Estados Unidos.

A complexidade da figura de Nahas transcende o mundo financeiro. Em 2012, a Polícia Militar e a Guarda Municipal cumpriram uma ordem judicial de reintegração de posse na região conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos. Protógenes Queiroz, ex-delegado da Polícia Federal e deputado federal, afirmou que Nahas tinha interesse direto na desocupação da área por ser credor da massa falida da empresa proprietária do terreno.

Mais recentemente, em novembro de 2021, desembargadores autorizaram a reintegração de posse de um imóvel ocupado por Nahas, resultado de uma ação movida pela Companhia Pebb de Participações. A empresa alegou descumprimentos das obrigações de preservação e manutenção por parte do investidor.

A fortuna atual de Naji Nahas, segundo algumas fontes, está estimada entre 20 e 50 milhões de reais. Sua trajetória, marcada por ascensões vertiginosas, acusações, prisões e disputas judiciais, confere a Nahas um lugar singular na história financeira do Brasil, tornando-o tanto uma lenda da Bolsa quanto um mito da quebra.


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