Nicolas Krassik é formado em música erudita pelo Conservatoire National de Region d’Aubervilliers-la Courneuve, e em Jazz pelo C.I.M. (Centre de Fomation Musicale de Paris). Acompanhou o pianista Michel Petrucciani em turnês internacionais (incluindo o Festival de Montreux), com o qual gravou o CD “Marvellous” em 1994. Também gravou um CD com a Orquestra de Violino Jazz do violinista francês Didier Lockwood, diretor da escola onde Nicolas foi professor no Curso de Improvisação. Participou de gravações de trilhas sonoras para Cinema e TV, e de CDs com diversos artistas europeus. Descobriu a música brasileira em eventos realizados em Paris. Chegando ao Rio de Janeiro, em setembro de 2001, teve imediato contato com o Samba, com o Choro, e com o Forró, no bairro da Lapa, tocando com grandes artistas brasileiros. Foi a sua forte e natural identificação com a cultura brasileira que fez com que Nicolas decidisse ficar no Brasil. Ele já tocou com artistas consagrados como: Yamandu Costa, Beth Carvalho, João Bosco, Marisa Monte, Marco Pereira, Paulo Sérgio Santos, Henrique Cazes, Zé Carlos Bigorna, Hamilton de Holanda, Carlos Malta, Chico Chagas, Maria Teresa Madeira, Zé da Velha, Silvério Pontes, entre outros. “A cultura de forma geral é essencial, ela é o retrato e a memória de um país ou de uma civilização. A arte nos permite dedicar um tempo a apreciar o que é verdade”, afirma o violinista.
Nicolas, se lembra quando foi a primeira vez que a música mexeu com você, a ponto de querer seguir a carreira que está inserido hoje?
Me lembro sim, foi quando eu vi pela primeira vez o Didier Lockwood, grande violinista de jazz francês. Foi na TV, era um show de Jazz-rock, ele tocava violino elétrico, improvisava muito e achei fascinante, quis seguir esse caminho na hora…
Você é formado em música erudita pelo Conservatoire National de Region d’Aubervilliers-la Courneuve, e em jazz pelo C.I.M. (Centre de Fomation Musicale de Paris). Qual a importância destes dois centros musicais em sua consciência como o artista que viria a se tornar?
Os dois foram fundamentais. Eu adquiri no Conservatório toda a base técnica e a exigência que me daria mais tarde a possibilidade de explorar o mundo infinito do Jazz no C.I.M. Os dois foram totalmente complementares e indispensáveis para mim.
A arte deve ter um papel social?
Com certeza, de todas as formas possíveis. A cultura de forma geral é essencial, ela é o retrato e a memória de um país ou de uma civilização. A arte nos permite dedicar um tempo a apreciar o que é verdade e esquecer a crueldade desse mundo baseado somente na competição e no dinheiro. Ter acesso à arte, é ter a possibilidade de enxergar o mundo de outra forma, por isso é indispensável todas as crianças e adolescentes terem a possibilidade de se aproximar dela…
Como foi a sua primeira reação quando descobriu a música brasileira em eventos realizados em Paris?
Foi incrível, tinha muita gente dançando, samba, lambada, samba-reggae, forró…Tinha até demonstrações. Tive instantaneamente vontade de tocar, de dançar e de jogar Capoeira… Fiz tudo isso!
Em que momento a sua paixão pela cultura brasileira, o fez crer que deveria ficar por aqui?
Vim pra cá, depois de 8 anos no “Brasil Parisiense”, na intenção de pesquisar e entender melhor o que tanto me fascinava na música brasileira. Percebi que eu ficaria aqui quando a Beth Carvalho me chamou para gravar com ela e quando o Yamandu Costa começou a me convidar para tocar com ele. Foi uma evidência, tudo que eu procurava musicalmente se encontrava aqui e os músicos e público me adotaram muito rapidamente. Não tinha por onde fugir…
O samba e o choro está sempre presente em seus trabalhos. O que mais encanta você nestes dois gêneros musicais?
Tudo! Me encantam a alegria e o swing dessas músicas, as ricas melodias e harmonias, as possibilidades de improvisar e brincar com as melodias.
Quando se fala em música nordestina, retrata-se na maioria dos casos, letras poéticas que falam do sertão e de quem realmente faz a beleza daquela região. Foi isso que você quis mostrar no projeto “Cordestinos” de 2007?
O Forró para mim, é o Blues brasileiro. Os lamentos apresentam a beleza e a tristeza no mesmo tempo. É a beleza de uma região lindíssima e de uma cultura extremamente rica e no mesmo tempo, muita dificuldade, muita pobreza, muito sofrimento e muita alegria…
Quais foram as principais lições musicais e pessoais que você assimilou depois de ter trabalhado com tantos nomes consagrados da música brasileira?
Os instrumentistas que mais me ensinaram no Brasil, foram o Yamandu, o Hamilton de Holanda e o Carlos Malta. Quando eu vi com que energia e com que alegria eles tocavam, percebi que tudo que eu tinha aprendido sobre improviso, era para poder fazer aquilo, brincar, interagir, tocar dançando, etc… Eles mudaram a minha forma de pensar a música, antes deles, eu era muito mais sério e cerebral na minha maneira de tocar…
Um dos comentários que um crítico fez sobre o seu trabalho, é que você fez um entrosamento perfeito do seu violino com todos os gêneros da Música Popular Brasileira. Como vê essa declaração?
Só posso receber esse tipo de comentário com extremo orgulho. Fico muito feliz com essa aceitação que aconteceu comigo, principalmente dos músicos, tocar essa música é um desafio muito grande para um estrangeiro.
Fale para nós como está sendo realizar o projeto duo Mestrinho e Nicolas Krassik.
Tá sendo sensacional. Conheci o Mestrinho quando umas vezes ele substituiu o Toninho Ferragutti no show “Fé na festa”, do Gilberto Gil, onde eu tocava violino e rabeca. Viramos amigos e se identificou na hora, o mesmo gosto pelo Jazz e pela música brasileira. Eu adoro desafios e essa formação de duo é um grande desafio, não temos a tradicional percussão para nos acompanhar, é mais arriscado e mais libertador no mesmo tempo. Outro desafio, é tocar com esse gênio do acordeão, aprendo muito com ele, é talento e música puros.
O renomado músico francês Jean-Luc Ponty, disse em uma certa ocasião, que tocar violino é uma coisa mágica e inexplicável. E pra você, o que representa tocar este instrumento?
Eu não sei se é mágico, só sei que é muito difícil…[Risos.] O violino é um companheiro ciumento, exige muita atenção e dedicação, se não tudo vai embora. Temos que criar o som, a afinação, é muita responsabilidade. Não que os outros instrumentos não sejam difíceis, a música é difícil em si, mas o violino é um instrumento muito exigente. O que acho realmente mágico e inexplicável na realidade, é a música, é divino… O violino, é apenas um dos instrumentos para expressar e transmitir essa magia.
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