Alfredo João Monteverde, nascido como Alfredo Grunberg, deixou a sua marca na história empresarial brasileira como o visionário fundador da renomada rede de varejo Ponto Frio. Nascido em Galați, na Romênia, em uma família composta por Iancu Grunberg e Regina Rebecca Leff, ele carregava consigo uma herança cultural rica e uma determinação incansável desde tenra idade. Com uma irmã chamada Rosy Grunberg, Alfredo embarcou em uma jornada que o levaria a se tornar uma das figuras mais proeminentes do cenário empresarial brasileiro.
Em 1949, aos 45 anos, Monteverde oficialmente se tornou brasileiro, adotando o nome Alfredo João Monteverde. O mesmo ano marcou o nascimento da primeira loja Ponto Frio, nome que surgiu inesperadamente dos refrigeradores Cold Spot, dos quais Monteverde era um revendedor no estado da Guanabara. Em uma década, transformou o Ponto Frio em uma das maiores redes de eletrodomésticos da capital e deu origem à Globex Importadora, uma empresa que se dedicava à compra e importação em larga escala de eletrodomésticos para abastecer as lojas do Ponto Frio.
Ao longo dos anos 1950, Monteverde expandiu seus horizontes empresariais, investindo também na indústria cinematográfica, tornando-se produtor do filme “É Fogo na Roupa”. Seu espírito empreendedor não conhecia limites, e sua visão para os negócios o consolidou como um dos líderes do setor.
De 1965 até sua morte em 1969, Alfredo Monteverde compartilhou sua vida com Lily Cohen (que mais tarde se tornou Lily Safra), após seu segundo casamento. Juntos, construíram uma vida aparentemente feliz, marcada pela presença de um único filho, Carlos Monteverde.
Monteverde não era apenas um homem de negócios; ele também era um amante da cultura e das artes. Sua lista de amigos incluía personalidades renomadas como Salvador Dalí, Orson Welles, Yves Klein e Al Capp. Participava ativamente de encontros culturais em cidades como Paris, Nova York e Londres. Sua paixão pelas artes o levou a adquirir obras de mestres como Van Gogh, Paul Klee, Marc Chagall, Fernand Leger, Pierre Bonnard e Picasso, com a intenção de doá-las ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1968, promoveu uma doação na tentativa de reabrir o Restaurante Calabouço, mas foi ignorado pelas autoridades.
No entanto, a vida de Alfredo Monteverde teve um fim trágico e misterioso. Em 25 de agosto de 1969, aos 45 anos, ele teoricamente cometeu suicídio no Rio de Janeiro. A versão oficial apontava para dois tiros no peito, mas desde então, surgiram dúvidas sobre as circunstâncias reais de sua morte.
Lily Safra, que antes fora a esposa e, posteriormente, viúva de Monteverde, era uma figura intrigante nesse enigma. O livro “Gilded Lily”, escrito por Isabel Vincent, reacendeu a controvérsia ao lançar dúvidas sobre a versão oficial do suicídio. A autora questiona as circunstâncias da morte de Monteverde, levantando a possibilidade de que a tragédia tenha sido encoberta por uma narrativa convenientemente construída.
O dia seguinte ao funeral de Alfredo Monteverde trouxe à tona uma imagem peculiar de Lily. Enquanto recebia pessoas e organizava os detalhes com a frieza de uma secretária de Estado, a família Monteverde ficava intrigada com sua aparente indiferença diante da tragédia. Rosy, a irmã de Alfredo, expressou seu desconforto, questionando o comportamento graciosamente controlado de Lily.
A controvérsia em torno da morte de Alfredo Monteverde permaneceu viva ao longo dos anos, alimentada por especulações e teorias que desafiavam a versão oficial do suicídio. A família Monteverde, sempre cética em relação à conclusão do inquérito policial, buscou respostas que pareciam escapar de seu alcance.
Assim, o estranho suicídio de Alfredo Monteverde permanece como uma peça intrigante no quebra-cabeça da história brasileira, um enigma que desafia a compreensão convencional e deixa um legado marcado pela incerteza e pela sombra de uma tragédia mal explicada.
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