Sofia Tavares é fundadora e diretora executiva da Fazedores de Líderes (FDL). A Fazedores de Líderes é especializada em Educação para o século 21 e trabalha com crianças a partir dos 6 anos até à idade adulta. “Trabalhamos igualmente com todos os agentes educacionais no sentido de instaurarmos uma cultura de liderança nas escolas e nas comunidades”, afirma a empreendedora portuguesa. Além disso, a FDL trabalha com consultorias em escolas e colégios e promove formação para professores. “Trabalhamos uma metodologia específica que foi criada por mim, a metodologia FDL, e que trabalha ao nível das competências para promover um desenvolvimento holístico dos indivíduos. Procuramos desenvolver as dimensões pessoal, profissional e socioemocional. A metodologia trabalha a compreensão, a comunicação, a liderança e a criatividade. Trabalhamos de forma complementar ao ensino tradicional, no sentido de colmatarmos as carências que este apresenta e podermos abordar outras vertentes de formação enriquecedoras para os alunos. Um dos grandes objetivos desta metodologia é estreitar o fosso que existe entre o perfil de saída dos jovens do ensino superior e o perfil de procura por parte do mercado de trabalho. A minha formação é na área das humanidades e da educação. Fiz um trabalho de investigação de cerca de 5 anos que antecedeu a criação da Fazedores de Líderes.”
Sofia, antes de mais nada, gostaria que falasse sobre como seu deu o começo de sua carreira.
A minha carreira começa há 20 anos quando completei a minha licenciatura como professora de português e inglês. Estive ligada ao ensino durante cerca de 15 anos, sendo que uma parte significativa deste período foi na formação de professores. Depois segui a carreira de investigação e agora acumulo as duas carreiras, docência e investigação.
Como o assunto educação começou a lhe chamar atenção?
A educação foi um assunto que esteve sempre presente ao longo da minha carreira. Foi sempre a área em que trabalhei e em que fiz investigação. Houve sempre uma preocupação, enquanto professora, de fazer diferente, de motivar os alunos pelo que estava a ensinar e por lhes incutir uma atitude crítica sobre os assuntos que eram tratados em aula.
Quais seriam os pilares fundamentais hoje da Educação num mundo altamente globalizado e que não para de se reinventar a todo momento?
Num período em que o conhecimento é muito acessível, a educação deve centrar-se no desenvolvimento de competências que permitam aos alunos fazer uma utilização do conhecimento que está ao seu dispor a seu favor. O conhecimento só é uma forma de poder quando o colocamos a serviço dos nossos objetivos e propósitos. Deve também centrar-se no desenvolvimento de ferramentas de comunicação e de liderança. No fundo, centrar-se no desenvolvimento do indivíduo ao nível dos seus valores, criando um quadro de referência que o possa acompanhar ao longo da sua vida, e depois fornecendo um conjunto de ferramentas que permitam trabalhar o conhecimento de forma criativa e útil.
Em que momento a ideia do Fazedores de Líderes tornou-se palpável?
A Fazedores de Líderes nasce em 2011 quando, fruto da investigação em educação que eu estava a fazer, fui à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, fazer uma formação especializada. Depois desse período eu decidi que tinha que conceber uma proposta educativa que fosse inovadora e útil. Em 2014, os Fazedores de Líderes são registados como marca e nasce o serviço comercial, por assim dizer. Tive os primeiros grupos de crianças e jovens neste ano e desde aí que tenho vindo a desenvolver a metodologia FDL.
Como chegou na criação do seu método FDL?
O método surge da necessidade de operacionalizar os conteúdos em forma de curso ou de formação que pudesse ser comercializável. Era necessário organizar uma estrutura que pudesse ser aplicada a um ou mais alunos e cujos resultados pudessem ser verificados no final. Criar um método tornou isso possível e tornou também mais claro junto dos nossos clientes o que fazemos.
O que é primordial para se desenvolver a liderança em uma criança?
Em primeiro lugar alterar o sistema de crenças da criança da limitação para a possibilidade e depois desenvolver hábitos de pensamento e de ação em função do que a criança se propõe alcançar. É mais fácil fazê-lo com uma criança do que com um adulto que já está mais “formatado” e condicionado a pensar de uma determinada maneira e, muitas vezes, só se propõe a mudar por necessidade. As crianças compreendem facilmente as vantagens de se organizarem em torno de uma mapa mental mais aberto e criativo, porque rapidamente se tornam mais motivadas, mais confiantes e mais felizes.
Uma criança que não teve nenhum aspecto de liderança na infância, pode se tornar um líder na idade adulta?
Claro que sim! A liderança não é, nem genética nem hereditária. A liderança é uma aprendizagem como outra qualquer. Tal como qualquer outra aprendizagem, quanto mais cedo se fizer mais fácil se tornará. A liderança assenta da existência de potencial e todas as crianças, sem exceção, têm potencial e talento.
Como se pode aumentar a criatividade fazendo dela um diferencial em nossa vida pessoal e profissional?
A Fazedores de Líderes trabalha a criatividade enquanto capacidade de termos ideias originais com valor. Trabalhar a criatividade nesta perspectiva é obrigar o nosso mapa mental a quebrar as barreiras do preconcebido e a obrigar-se a abrir a novas possibilidades e à imaginação. Numa era em que uma das ferramentas para o sucesso está na nossa capacidade de nos reinventarmos e de reinventamos o que está em nosso redor, a criatividade é uma das competências fundamentais que pode fazer a diferença entre o sucesso e o mediano.
Quais as deficiências do ensino tradicional que são supridas de certa forma pela Fazedores de Líderes?
A Fazedores de Líderes centra-se na formação do indivíduo nas suas dimensões pessoal, socioemocional e profissional. Desenvolve quatro competências fundamentais que são a compreensão – a forma como processamos e assimilamos o conhecimento – a comunicação – nas suas vertentes inter e intrapessoais, a criatividade – na capacidade de sermos originais acrescentando valor – e a liderança – através de ferramentas que permitem organizar a nossa vida em função do princípio da eficácia e que nos permite fazer mais com menos. A escola não trabalha estas áreas. A escola está centrada na transmissão de conhecimento e pouco mais. Uma das vantagens da metodologia FDL é que ela pode ser introduzida na escola sem causar qualquer entropia no ensino de conteúdos. A sua introdução vai até facilitar esse ensino tornando-o mais rápido, de melhor qualidade e mais eficaz. O aluno fica com uma formação mais completa e mais capaz de o adaptar numa situação de trabalho, uma vez que já tem as ferramentas para o aplicar em função das suas necessidades e de o adaptar a diferentes contextos.
Qual seria o perfil dos jovens que o mercado tem procurado na Era do Conhecimento e que já foi detectado pela Fazedores de Líderes?
Esse perfil está rastreado e até sistematizado num documento designado Framework for 21st century. Aliás, o método FDL tem como um dos seus documentos orientadores este, e foi concebido tendo em consideração exatamente o perfil de procura do mercado de trabalho. O perfil assenta em competências comunicacionais ao nível da capacidade de influenciar os outros, manter níveis de motivação elevados, as competências relacionais como a capacidade de trabalhar em equipe, a adaptabilidade, a capacidade de gerir recursos e pessoas, a criatividade e um conjunto de literacias desde a literacia tecnológica à cultural. Todos estes aspectos são desenvolvidos através da metodologia FDL.
O que manterá a Fazedores de Líderes inovadora, valorizada e diferenciada nos próximos anos no mercado em que atua?
Na Fazedores de Líderes estamos em constante aprendizagem e atualização relativamente ao que é feito em educação noutros lugares do mundo. Procuramos igualmente estar muito atentos ao que o mercado vai procurando e à forma como vai evoluindo. Como se trata de uma metodologia que assenta em competências e não em conhecimento ou conteúdos, não corre o risco de ficar desatualizada. Para além disso, utilizamos ferramentas diversas para desenvolver a metodologia o que a torna muito adaptável às que possam vir a ser as necessidades dos nossos alunos e nos permite atualizar e ajustar às necessidades. Trabalhamos sempre em função dos objetivos ou necessidades dos nossos clientes, a metodologia é sempre ajustável a essa perspectiva. Procuramos, uma vez que estamos a lidar com recursos humanos, que a metodologia seja tão orgânica e viva quanto os indivíduos a que se destina.
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