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O multifacetado cenógrafo Barão Di Sarno

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Barão Di Sarno é sócio-fundador da Questtonó, consultoria de inovação e design. Multidisciplinar, Barão desenvolve projetos como designer, músico, cenógrafo e ativista. É vice-presidente do Instituto “A Cidade Precisa de Você”, onde desenvolve estratégias de ocupação de espaços públicos através do desenvolvimento de mobiliários urbanos temporários. Essa atuação é um desdobramento do movimento “A Batata Precisa de Você”, ocupação permanente do Largo da Batata. Barão também é integrante do Coletivo Leve, grupo que desenvolve projetos de arquitetura temporária, e agente ativo no carnaval paulista: ele desenvolve adereços e marchinhas para blocos de rua de São Paulo. “A Questtonó é uma consultoria de inovação e design orientada a resultados, que atua com abordagem sistêmica e foco nas pessoas. Desenvolve soluções capazes de conectá-las as marcas por meio de produtos e serviços alinhados com a complexidade global atual. Para isso, percorremos todas as fases de um projeto, desde a etapa inicial de investigação dos anseios das pessoas e do cenário que as cercam até o desenvolvimento e implementação final do projeto. Com um time transdisciplinar de estrategistas, engenheiros, pesquisadores, designers e comunicadores, nós utilizamos diversas metodologias de pesquisa para gerar insights para a consolidação de estratégias”, afirma o competente profissional.

Barão, a cabeça de um designer hoje deve ser multidisciplinar?

Na minha opinião, a multidisciplinaridade é inerente ao design, uma vez que ela não se configura como um campo de conhecimento específico. Essa área envolve justamente uma articulação de ambientes, que conversa com diferentes campos de conhecimento. Essa é a principal vocação de um designer. Atualmente, esse ofício ficou mais evidente, pois, a capacidade do designer começou a ser demandada para entender os diferentes desafios da sociedade contemporânea.

O que se absorve de mais valioso quando se tem uma mente voltada para essa multidisciplinaridade?

Quando o olhar está voltado para diferentes ambientes e aberto para a diversidade de realidades, o exercício da empatia está sempre presente. Nesse sentido, o que se absorve de mais valioso é a capacidade de entender a dor do outro, porque o pensamento multidisciplinar não fica estagnado em valores enraizados. A mente de um designer tem a habilidade de mudar sua perspectiva constantemente e, como resultado, é capaz de criar soluções que podem transformar a vida do outro.

Você é músico, cenógrafo, designer e ativista. Em que momento acredita que essas áreas se interligam e interagem em seus trabalhos?

Para mim, essas áreas estão interligadas e uma está sempre contribuindo com a outra para criar algo. Dessa forma, tenho dificuldade em me classificar como um profissional específico, porque, no meu interior, não há uma fronteira clara entre as áreas. Estabelecer uma definição para cada atividade soa quase artificial, pois, o que chama a minha atenção é criar. Seja qual for o resultado, a motivação que eu tenho é criar e transformar algo que seja inovador e faça a diferença na vida das pessoas.

O que um design deve ter além de forma e função?

O conceito de forma e função como era abordado no modernismo dava uma falsa sensação de que existia uma forma específica e única para chegar no resultado e atingir determinada função. Agora, reconhecemos que um produto possui múltiplas funções que permeiam a sua existência.

Por exemplo, precisamos considerar uma função simbólica entre uma cadeira com espaldar alto e uma cadeira com espaldar baixo, sem se limitar na ideia que as duas servem apenas para sentar. Existem muitas outras funções de um produto que vão além daquela função pragmática para a qual ele foi criado inicialmente. Nesse sentido, a forma e função devem ter um conceito mais amplo do que suas características físicas. É preciso ter uma percepção ampliada, a ideia não pode ser redutora.

Quais elementos não podem faltar em uma cenografia idealizada por você?

Como designer, o que me encanta na cenografia é o desprendimento de algo que pode ser mais durável ou produzido em série. Isso proporciona uma liberdade imensa para criar coisas grandiosas. Eu visualizo a cenografia como um meio de tirar a pessoa da vida comum, abrir uma porta no que é habitual e ampliar a noção da realidade por meio de um ambiente mais espetacular e, assim, gerar uma transformação no interior de quem passou por essa experiência.

Seus trabalhos são mais oriundos de experiências externas ou de inquietações internas?

Uma das maiores virtudes do ser humano é o trânsito constante entre o dentro e o fora. Sabemos que o nosso cérebro não possui capacidade de absorver e processar tudo o que os nossos sentidos captam do mundo e a forma como ele faz essa seleção é o que gera nossa noção de realidade. Isso faz com que a percepção de cada indivíduo sobre determinada situação seja tão particular.

De certa forma, o cérebro transforma nossa percepção do mundo ao receber uma série de informações do exterior, e depois transforma uma segunda vez ao devolvermos essa percepção para o mundo. Logo, vivemos uma troca constante entre dentro e fora, que se reflete nos meus trabalhos. A minha forma de reagir a esse movimento é ter consciência desse processo de transformação e me valer dele para criar projetos novos.

Como encara a inovação em seu ofício?

Vejo a inovação como o meu ofício. O objetivo de exercer o design é criar algo novo e inovador. A criatividade, que pode estar inserida no design, é minha ferramenta e a inovação é o meu propósito.

Fale um pouco sobre a Questtonó.

A Questtonó é uma consultoria de inovação e design orientada a resultados, que atua com abordagem sistêmica e foco nas pessoas. Desenvolve soluções capazes de conectá-las as marcas por meio de produtos e serviços alinhados com a complexidade global atual. Para isso, percorremos todas as fases de um projeto, desde a etapa inicial de investigação dos anseios das pessoas e do cenário que as cercam até o desenvolvimento e implementação final do projeto. Com um time transdisciplinar de estrategistas, engenheiros, pesquisadores, designers e comunicadores, nós utilizamos diversas metodologias de pesquisa para gerar insights para a consolidação de estratégias, que são aplicadas por meio de ferramentas como design gráfico, design de produto, serviço, UX/UI, entre outras. Por fim, os resultados são testados e refinados em protótipos e programas piloto.

Quais os principais pilares da consultoria?

Diante de um cenário global complexo e plural, a Questtonó está de olho no futuro e vem apostando no desenvolvimento de projetos especiais em algumas áreas que já estão passando ou certamente passarão por grandes revoluções nos próximos dez anos. Algumas delas são: Mobilidade, com expertise que vai desde a criação de caminhões até um estudo sobre carros autônomos; Saúde, área que está se transformando não só pelos avanços tecnológicos, mas principalmente por novas percepções em relação à perspectiva do paciente/usuário diante do “estar doente”. Além disso, a consultoria aposta também em modelos de negócio inovadores, como o Venture Design, que coloca o design como ferramenta valiosa para impulsionar startups e negócios que estão começando.

Que obstáculos devem ser ultrapassados por alguém que almeja construir um futuro mais humano e sustentável?

Acredito que o principal obstáculo a ser ultrapassado é se livrar da sensação de apatia muito presente nos dias atuais, que gera um pensamento “qualquer coisa que eu faça é muito pequeno e não irá fazer diferença”. Essa visão está muito ligada com uma sociedade que prioriza o individualismo. Quando a gente se vê como uma parte única, solitária e separada do resto do universo, nos sentimos insignificantes e incapazes de influenciar o todo.

Porém, em uma visão mais holística da vida, todo indivíduo é uma parte única que compõe o universo. Se somos parte deste todo indivisível, podemos transformá-lo, assim como cada célula do nosso corpo é importante para a nossa sobrevivência. Além disso, vejo que, para se construir um futuro mais humano e sustentável precisamos nos libertar de viver a vida que a gente pensa que os outros querem que a gente viva, assumindo as rédeas da própria existência. Só assim é possível transformar nosso estilo de vida, tornando-o mais leve e sustentável.

Essa ambição tem sido o seu norte de vida até aqui?

Sim. Ter um objetivo que muitas vezes não é o esperado pela sociedade pode gerar muitos desafios ao longo do caminho. Nem sempre resulta em uma carreira linear, o que geralmente não é o que o mercado está esperando. Mas, quando se tem um propósito, vale a pena.


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