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O sucesso e os desafios da Água Doce Cachaçaria

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Em 1990, na garagem de sua casa, em Tupã, nasceu pelas mãos do casal Delfino e Silvia Golfeto a então Água Doce Aguardenteria. Ele, especialista em açúcar e álcool, formado pela Escola de Agronomia Luiz de Queiroz, tinha facilidade para selecionar boas bebidas. Ela, competente para preparar e criar quitutes, tornou-se a parceira ideal para a empreitada. O sucesso fez com que, dois anos depois, o negócio ganhasse um novo nome – Água Doce Cachaçaria – e adotasse o sistema de franquias. Contando com o reforço de outro familiar, o primo Julio Bertolucci, em doze meses, dez novas casas foram montadas pelo interior paulista. “Eu acredito que foi sempre encima de uma dose de treinamento de pessoas e de transparência no negócio. O que me ajudou a realizar meu sonho foi sempre usar a transparência. Quando ia vender uma franquia, eu já sabia o que eu queria, – isso é importante, você saber o que você quer – mas nunca faltou honestidade no negócio e sempre mostrando que o negócio não é fácil. Exige muita luta da parte de quem fica do lado de dentro do balcão. Nós nunca negamos isso, nós nunca escondemos isso. Hoje eu sinto pelos depoimentos que eu recebo, que esta transparência e honestidade, mostrando as dificuldades em primeiro lugar, foram responsáveis para me ajudar a realizar os sonhos”, afirma o bem-sucedido empresário.

Delfino, você tem uma história de vida fantástica. Como analisa a sua ascensão?

Rodeada de muita persistência, de muito trabalho (não menos que 18 horas por dia). Com muito planejamento e sempre com muito foco em pessoas e clientes. Não adianta você só focar no cliente lá fora, se você não foca no seu cliente interno. Eu acredito que esse é um dos pilares mais fortes e que foram responsáveis por esta nossa ascensão, porque ela não parou desde o início do seu primeiro dia até ontem, vamos dizer assim.

Em que momento a visão da Água Doce Cachaçaria se fez mais presente para concretização do seu sonho?

Eu acredito que foi sempre encima de uma dose de treinamento de pessoas e de transparência no negócio. O que me ajudou a realizar meu sonho foi sempre usar a transparência. Quando ia vender uma franquia, eu já sabia o que eu queria, – isso é importante, você saber o que você quer – mas nunca faltou honestidade no negócio e sempre mostrando que o negócio não é fácil. Exige muita luta da parte de quem fica do lado de dentro do balcão. Nós nunca negamos isso, nós nunca escondemos isso. Hoje eu sinto pelos depoimentos que eu recebo, que esta transparência e honestidade, mostrando as dificuldades em primeiro lugar, foram responsáveis para me ajudar a realizar os sonhos. Sonho é um negócio legal, lindo, encantado e maravilhoso, mas ele tem limite. Você tem que saber sonhar e você tem que persistir no sonho correndo atrás para a realização, com o que eu falei, com uma dose forte de trabalho e com uma dose forte de amor naquilo que você faz, fazendo isso você consegue realizar os sonhos.

Quais os maiores obstáculos que o seu empreendimento teve que ultrapassar para chegar a esse estágio?

Os maiores obstáculos foram nesses últimos três anos. Quando nos tínhamos uma inflação de 2% ao dia, nós crescemos absurdamente e depois a luta foi para manter sempre o nosso padrão. O padrão não é fácil manter quando você trabalha com multiplicadores. Quantos franqueados nós já chegamos a ter e quantos funcionários os franqueados chegaram a ter… Mexer com pessoas exige muito, porque se não você perde o controle. Cada um acha que um toquezinho com amor individual é que vai resolver o problema, mas é ao contrário. Você tem que seguir o padrão (testando e experimentado seis meses antes). Então o obstáculo foi nunca desistir de treinamentos de pessoas e multiplicadores (franqueados).

Qual o maior pilar da sua empresa?

É o nosso propósito de pensar em pratos generosos com preço justo, rodeado com um excelente atendimento que é a nossa luta. Para mim esse é o maior pilar. É o que nos sustenta. Você tem que ter essa preocupação de manter o preço justo. Virou comum atender bem, mas nem todos pensam em ter um prato generoso e um preço justo. Eles querem o lucro máximo e o retorno mais rápido possível. Junto com tudo isso, nesse pilar, você tem que administrar o seu retorno, porque a doença da década é você investir hoje e já querer o retorno amanhã. Ele também tem que ter nesse pilar uma dose de paciência e saber esperar.

O que faz uma rede de franquias como a Água Doce Cachaçaria se destacar no mercado?

A luta constante para que seu franqueado ganhe dinheiro. É uma luta permanente. É uma guerra. Tudo você tem que fazer para que seu franqueado ganhe dinheiro na ponta. O resumo é esse: o franqueado ganhando dinheiro… aí tudo vai muito bem. E tem que antecipar, né? Esse negócio do franqueador pensar macro e o franqueado pensar micro é muito pouco. Você tem que fazer ele pensar com você, mas bem na frente. É uma luta constante. É isso que faz ele ganhar dinheiro. Você tem que antecipar os problemas e as tendências de mercado, fazendo assim, ele vai ganhar dinheiro.

Você é um grande observador no quesito qualidade. Como a qualidade interfere em um negócio como o seu?

Qualidade é tudo. A partir do momento que você quiser aumentar a sua lucratividade comprando um produto de segunda, você caminhou para a falência, caminhou para o fechamento. A qualidade na ponta começa na compra dos produtos e das suas matérias-primas. É tudo!

Quais as peculiaridades (e que podem ser ditas) que um negócio que atua em seu setor deve ter se quiser se destacar e não ser mais um?

É a inovação. “Quem sabe cria, vem os burros e copia.” Nós estamos sendo copiados a todo instante, no Brasil inteiro. Eles (concorrência) foram e copiaram 2, 3 cardápios e sabe qual foi o resumo? Nós trocamos o cardápio, inserimos pratos novos a cada 3 meses… A nossa máquina teve que ser acelerada. Ela hoje trabalha em alto giro, que é você colocar todo mundo do marketing, da assessoria de imprensa, a nossa agência de marketing, todos os colaboradores de todas as unidades e ficar full time pensando em coisas novas, com cursos, com concursos, com o Mestre Cuca, para que você tenha uma inovação constantemente. Assim eles desistem de copiar, pois, eles não acompanham o seu ritmo. É um alto giro na inovação. É isso o que faz ser diferente no mercado.

O que representa a gestão de pessoas em sua organização?

Considero isso como um dos fatores importantes e que fazem seu negócio ser visto com outros olhos. Você investir em pessoas, treinar pessoas, você tratar bem as pessoas, separar “o menino dos homens” (é um termo grosseiro, mas é a pura verdade), pagar bem quem é diferente e quem entrega… Você tem que ter assessores maravilhosos, engajados, mas só isso não basta, você precisa remunerá-los bem e mostrar que eles são importantes, aí eles vibram com o negócio e tem vontade de trabalhar mais, e te representam como se fosse você mesmo. Saber lidar com pessoas é colocar na veia dos seus colaboradores o pensamento, a missão, a visão e os valores, dentro do seu funcionário. E tentar descobrir aquele que não gosta, e quanto mais rápido você tirar esse que não gosta, melhor é para quem fica. Temos que ter coragem de tirar quem não está remando na mesma direção.

Você afirma que teve muito sofrimento para chegar onde está. O que esse sofrimento lhe ensinou?

Que as decisões que os empreendedores/sonhadores fizeram em um dia, me fez pensar 3 dias a mais. Você tem que dar tempo para você decidir. Você tem que pegar seu projeto, aquela decisão e você tem que degustá-la. Você tem que ingerir para você sair de um lugar bem tranquilo. Só com foco naquilo, que você não vai ter mais sofrimento. Tudo que você decide muito rápido, cabe naquele ditado que é bem prático: “quem tem pressa, come quente e cru”. Se você toma uma decisão muito rápida, você tem que estar preparado para um futuro bem rápido com o tal de sofrimento. Quanto mais você demora para tomar uma decisão, mas estudando o projeto e analisando, se for possível procurando recursos e até com quem tem uma visão diferente, o sofrimento passa direto e não te atinge.

Quanto um empresário deve ter de foco, esforço e paciência para triunfar?

Bem na hora da crise, quando você está meio tranquilo, você nem se auto cobra/exige, porque tá rodando muito bem. Nesse momento, você tem que ser apenas cauteloso, cuidadoso, jeitoso. Eu acredito muito nisso, porque eu vejo que quando todo mundo está com muito medo, você tem que ter uma dose de coragem.

Eu não sei quanto, eu acredito e tenho até medo de falar isso, mas foram nesses momentos de crises que pensamos mais na empresa. Foi quando nós mais criamos. De 2 anos para cá, não fizemos outra coisa a não ser estudar a tendência de mercado, criando o Rei do Escondidinho e o Express. Até 2014, um projeto de 1 milhão a 3 milhões reais, nós fazíamos com facilidade. Depois 2015/2016 foi péssimo. 2017 fez virar a proa do avião, porque precisávamos atingir o nível de quando o brasileiro tinha dinheiro e queria fazer algumas coisas e ter a sua independência. Eu acredito que o momento da crise para o empresário que ama o negócio dele e não quer perder, é o momento onde ele usa a criatividade com negócios promissores. Foi o que aconteceu aqui com a gente.

Como pretende fazer a Água Doce Cachaçaria ser uma empresa diferenciada, valorizada e, ao mesmo tempo, inovadora pelos próximos anos?

É sempre você estar analisando a tendência de mercado e buscando lá fora outros valores, principalmente com os norte-americanos e franceses que estão alguns anos na nossa frente, sobretudo em assuntos relacionados a tecnologia. A tecnologia chegou no Brasil e está mudando tudo. Se você não estiver engajado e disposto a mudar constantemente, você não vai ter sucesso e eu diria que você tem que entender tudo e mais um pouco da sua empresa, do seu negócio, de pessoas, de tecnologia, para que você continue em destaque aqui no Brasil. Se você não estiver buscando isso, você não vai conseguir se destacar perante os seus clientes e consumidores.


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