Fundado em 2008, na cidade de Belo Horizonte, o escritório de arquitetura Óbvio, tem como idealizadoras as sócias Luciana Araújo e Nathália Otoni, profissionais formadas pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais e pós-graduadas em gerenciamento de projeto. Desde então, o escritório desenvolve projetos residenciais, comerciais, institucionais, urbanísticos e de empreendimentos imobiliários em todo o país. A proposta da empresa resulta na tradução criativa de todas as informações que recebem sobre contextos, condições e programas. O Óbvio acredita que o projeto arquitetônico não é apenas inspiração, e sim saber reconhecer no óbvio as soluções a partir de muito estudo e investigação. “O Óbvio nasceu de uma forma interessante, mas um tanto baseada na sorte. Com o tempo, eu e a Luciana fomos descobrindo que nossas habilidades se complementam de uma forma inacreditável e que é uma das chaves do sucesso do escritório. Acreditamos muito no impacto da arquitetura na vida das pessoas, mesmo em pequenas mudanças e ajustes. Talvez seja isso que tenha norteado a nossa formação, a sensibilidade de entender o valor do espaço e da sua interação do ser humano. (…) Sem dúvida foram vários momentos de incertezas. Éramos muito jovens e havia o receio de a ideia não deslanchar, de não conseguirmos criar uma clientela ou de criar um trabalho que não fosse aceito no mercado.”
Nathália, como foi o seu começo no mundo do empreendedorismo?
O empreendedorismo sempre foi parte da minha vida e um caminho quase natural a ser seguido. Minha família é formada por uma maioria de empreendedores, cresci dentro das empresas da minha mãe.
Qual a sua visão geral sobre o empreendedorismo brasileiro?
O brasileiro tem uma cultura muito forte de empreender. Muitos enxergam o empreendedorismo como uma forma de fazer as coisas acontecerem. Um grupo menor acredita que ser empreendedor é ter uma vida mais fácil e flexível, o que é um grande erro. Independente da motivação, empreender no Brasil é um desafio, seja pela burocracia, pelos altos impostos ou a pela dificuldade em se contratar. Entretanto, ver a sua ideia acontecer e crescer é um grande prazer.
Como surgiu a ideia do Óbvio Arquitetura?
O Óbvio nasceu de uma forma interessante, mas um tanto baseada na sorte. Eu trabalhava em uma empresa de arquitetura com uma antiga sócia do escritório, que havia estudado com a Luciana, minha atual sócia. Esta antiga sócia fez o link entre nós e acabou depois por seguir seu caminho sozinha. Na época, fiquei preocupada em me tornar sócia da Luciana por não conhecê-la da forma necessária. Entretanto, pouco tínhamos a perder e era a chance de realizar o caminho que havia definido para minha vida. Eu estava saindo da faculdade e acreditei que aquele seria um ótimo momento de arriscar em algo novo e que, de qualquer forma, me traria grandes experiências. Com o tempo, eu e a Luciana fomos descobrindo que nossas habilidades se complementam de uma forma inacreditável e que é uma das chaves do sucesso do escritório.
Existiu algum momento de incerteza quando a ideia teve que sair do papel para o mercado?
Sem dúvida foram vários momentos de incertezas. Éramos muito jovens e havia o receio de a ideia não deslanchar, de não conseguirmos criar uma clientela ou de criar um trabalho que não fosse aceito no mercado. Em adição a isso, trabalhamos em um setor muito criativo e pouco profissionalizado. Tínhamos pouco conhecimento de gestão deste tipo de negócio e queríamos fazer diferente. Esse fazer diferente era um risco a correr e que demandaria muita energia.
Quando vocês encontraram o ponto certo do negócio, ou seja, o casamento da arquitetura aliada com a motivação dos clientes?
Esse trabalho ainda está em construção, eternamente. Trabalhamos todos os dias para aprimorar nosso trabalho e satisfazer os nossos clientes.
Geralmente as empresas brasileiras têm locais de trabalhos sisudos. Já encontrou alguma resistência de um cliente quando vocês almejavam deixar o lugar mais leve com um ambiente de trabalho mais estimulante?
Em geral, as mudanças são sempre um pouco difíceis e a demanda que o cliente traz é baseada em um repertório já conhecido, que é um ambiente de trabalho como linha de montagem, frio e apenas funcional. Entretanto, nosso trabalho com o cliente vai além de reproduzir a imagem que ele já possui. Vamos trabalhando o que está além e focamos não na forma física que ele apresenta e sim no ponto futuro em que a empresa dele quer chegar. E é desta forma que vamos aplicando as mudanças, indicando como elas podem contribuir para chegar ao objetivo da empresa.
O Óbvio acredita que com ambientes mais criativos e estimulantes, as empresas poderão manter os colaboradores com alto rendimento e crescer em meio à crise financeira que estamos passando neste momento. Qual foi o norte que as fizeram acreditar nesta missão?
Acreditamos muito no impacto da arquitetura na vida das pessoas, mesmo em pequenas mudanças e ajustes. Talvez seja isso que tenha norteado a nossa formação, a sensibilidade de entender o valor do espaço e da sua interação do ser humano. E no dia a dia, a cada novo projeto, vamos vendo essa crença sendo materializada.
Para Goethe, a arquitetura é a música petrificada. E você, como enxerga a arquitetura em seu trabalho?
Como eu disse anteriormente, acredito que a arquitetura seja uma forma de impactar no detalhe na vida das pessoas. Bons espaços trazem boas interações e boas sensações. A mudança do espaço, quando bem trabalhada, é capaz de motivar, estimular e inspirar as pessoas.
Como manter o Óbvio diferenciado, valorizado e, ao mesmo tempo, inovador no mercado em que atuam?
Este é um desafio diário e um ponto em que nunca há zona de conforto. Nosso objetivo é atender cada cliente de forma muito próxima e personalizada, levantando com cuidado seus desejos, demandas e objetivos. Cada projeto é construído com cada cliente e acreditamos que a participação do cliente é fundamental no sucesso tanto do resultado quanto na satisfação dele. Enquanto temos um trabalho diferenciado com cada cliente a estrutura do escritório tem sido cada dia mais profissionalizada com processos bem definidos. É desta forma que conseguimos, cada dia mais, focar nossas forças na demanda e no resultado do cliente.
Seus clientes buscam o serviços do Óbvio porque querem um conceito diferente para o visual de suas empresas. Como você definiria este conceito atribuído a vocês?
Grande parte dos clientes do Óbvio são empresas com um negócio também pouco usual, que são as chamadas startups. Por serem empresas com uma estrutura fora do padrão, o espaço precisa refletir e comunicar aos colaboradores essa inovação, rapidez, movimento constante. E acho que obtivemos bons resultados em captar isso. Além disso, este tipo de negócio, por seu sucesso, tem inspirado os setores mais conservadores, que nos procuram em busca de mudanças no espaço com o objetivo de impactar diretamente as equipes.
Qual a importância de Luciana Araújo para Nathália Otoni (e consequentemente para o bom andamento do negócio criado por vocês duas)?
A Luciana é como uma parte vital da Nathália dentro do Óbvio e vice-versa. Nossa parceria é muito produtiva e de muita confiança. A empresa e seu sucesso só existem por termos nossos objetivos e nossa linguagem muito afinados. Além disso, nós possuímos habilidades extremamente diferentes, mas que se complementam, o que torna o escritório e o resultado do trabalho mais rico e satisfatório para o cliente final.
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