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Paula Barreto fala sobre a produção cinematográfica

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Paula Barreto formou-se em Comunicação pelo CUP (hoje UniverCidade, Rio de Janeiro) e, antes mesmo de receber seu diploma, produziu, escreveu o roteiro e dirigiu um curta de 3 minutos baseado na música de Chico Buarque “Construção”, em formato Super 8. Paula assumiu a gestão das empresas da Família Barreto (talvez o principal clã atuante no cinema brasileiro), Produções Cinematográficas L.C.Barreto Ltda e Filmes do Equador em 1997. Desde 2004, Paula Barreto produz todos os conteúdos audiovisuais da Filmes do Equador LTDA. Entre os filmes produzidos para o cinema estão: “O Casamento de Romeu e Julieta” (2004), “Sonhos e Desejos” (2006), “Grupo Corpo 30 Anos – Uma Família Brasileira” (2007), “Caixa Dois” (2007), “O Homem que Desafiou o Diabo” (2007), “Polaróides Urbanas” (2008), “Lula, o Filho do Brasil” (2009), “Flores Raras” (2012) e “Crô – o Filme” (2013). Já para a TV, estão os filmes: Amálgama Brasil (2008), Oncotô (2011/2013), Vampiro Carioca (2010/2012), Sombrio 40º (2013/2014), Seleção Brasileira: Paixão de Um Povo (2014), Mais Vezes Favela (2014) e Rondon, o Grande Chefe (2014), além de institucionais como Construindo Belo Monte (2013/2014) e a Retomada do Porto (2013/2014). “Nossas leis de incentivo são boas, mas precisam ser aprimoradas e contemporanizadas”, afirma a produtora.

Paula, qual é o peso e a responsabilidade de pertencer a uma família que tem o cinema impregnado em seu DNA?

Em princípio é grande, mas eu tiro de letra porque amo o que faço.

Quais os principais prazeres e percalços de se produzir filmes no Brasil?

As dificuldades na captação de recursos continuam muito grande o que faz com que levemos muito tempo para produzir um projeto, mas o prazer em ver esse projeto nas salas de cinema ou na TV são incomparáveis, é como dar à luz há um filho.

Você acredita que a falta de verbas, é o principal problema, para que mais espectadores possam ver filmes nacionais?

Sem dúvida nosso gargalo maior está na dificuldade da captação dos recursos para todas as fases de produção, inclusive para o desenvolvimento dos projetos (compra de direitos, desenvolvimento do roteiro etc…).

Muitos produtores e cineastas são unânimes quando dizem que o Brasil precisa ter uma indústria cinematográfica, não como a dos EUA, mais com características brasileiras. Em sua visão, como isso poderia ser consolidado e quais características seriam essas em sua percepção?

Sou contra tentarmos inventar a roda, se existem indústrias consolidadas porque inventar uma nova forma de se produzir filmes? Nosso parâmetro pode não ser a indústria americana, mas podemos nos inspirar em diversas outras indústrias como a francesa, por exemplo. Nossas leis de incentivo são boas, mas precisam ser aprimoradas e contemporanizadas.

Grandes produtores logo após lançarem seus filmes no Brasil, mostram as obras em circuitos estrangeiros, começando geralmente pelos EUA. O que não pode falhar neste tipo de estratégia?

A escolha dos festivais mais adequados ao filme que você tem nas mãos será determinante para o futuro do seu filme. Preferencialmente o filme deve passar em festivais internacionais importantes antes do lançamento do Brasil a não ser que seja uma comédia que claramente não precisará ter uma carreira internacional por razões óbvias.

Você foi produtora de “Flores Raras” de 2013, filme que conta a história de amor vivida pela poetisa norte-americana Elizabeth Bishop e pela arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares. Quando um produtor vai atrás de financiadores, ainda existe alguma reticência para assuntos como o abordado pelo filme, ou isso já mudou de alguma forma?

Apesar de estarmos em pleno século XXI, infelizmente ainda existe sim preconceito de muitas marcas de associar a sua imagem a esse tipo de assunto abordado pelo nosso “Flores Raras”.

Qual a importância das leis de incentivo fiscal para realização de filmes nacionais?

As leis são importantíssimas para a produção, elas só precisam ser revisadas e atualizadas para as demandas atuais.

Outro problema dito para que os filmes nacionais cheguem com mais força ao público, é a falta de salas no interior do país. Como você enxerga este fato?

Esse é um dos maiores gargalos que existem hoje no Brasil. Apenas 10% dos municípios brasileiros têm salas de cinema e desses 10%, 98% estão localizadas no Rio e em São Paulo. Isso é inaceitável. Precisamos de mais incentivos para construção de novas salas de cinema no Brasil.

Sempre existem riscos quando se produz obras cinematográficas em qualquer lugar do planeta. Como você lida com o risco?

Exatamente por essa característica de risco alto é que não podemos prescindir das leis de incentivo. Ao mesmo tempo, não podemos, com o intuito de minimizarmos os riscos, produzirmos somente comédias.

Produtores nos EUA, têm um grande poder, principalmente depois da queda da Nova Hollywood, onde o diretor naquela época era o rei. No Brasil, esse poder já se faz sentir, ou ainda é uma grande caminhada para chegar ao mesmo patamar?

A minha maneira de produzir é através de parcerias com os diferentes diretores, não tenho o costume de tentar impor minhas opiniões a nenhum membro da minha equipe. Cinema é um trabalho de criação conjunta.

Em 2011, sete grandes produtoras do país se uniram para criar um modelo de distribuição de filmes no Brasil, onde elas dizem que estão construindo um modelo alternativo a partir de uma estrutura econômica diferente. Sendo uma das principais produtoras do país, como viu este acontecimento?

Essa iniciativa se deu por causa de um produto específico (Tropa de Elite 2) que praticamente não tinha risco nenhum por ser uma sequência. A iniciativa em si não foi pioneira porque nós da LCBarreto tivemos uma distribuidora nos anos 60 em sociedade com outros 6 produtores, mas sempre é louvável termos produtores tentando cuidar dos lançamentos de seus próprios filmes.


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