O carioca Paulo Henrique dos Santos Amorim é um dos principais jornalistas e blogueiros do país. Além de escrever para diversos jornais e revistas do Brasil, apresenta o Domingo Espetacular pela Rede Record desde 2006. Atualmente, dirige o blog Conversa Afiada, que publica notícias e opiniões pessoais sobre o Brasil, o mundo e a política. Passou a maior parte da sua vida trabalhando no exterior, principalmente nos EUA, onde era repórter e correspondente internacional na maior parte da carreira, primeiro na revista Veja e depois na Rede Globo, tendo aberto sucursais para esses veículos em Nova Iorque. Em 1996, foi demitido da Rede Globo, após desentender com a direção e integrantes da emissora. Em 1999, foi contratado pela TV Cultura, onde apresentou o talk-show Conversa Afiada, produzido pela PHA Produções, empresa de sua propriedade, até final de 2002. “Os colonistas (não se refere a cólon. Mas, a jornalistas que se prestam ao serviço de serem piores que os patrões, como diz o fundador da revista Carta Capital Mino Carta) do PiG fazem a agenda política. Imprensam o Congresso Nacional contra a parede e amedrontam o Governo. Não ajudam a ganhar eleição, mas ajudam a dar o golpe. (…) A imprensa brasileira é sofrível. É a pior das “jovens democracias”, como a Argentina, Portugal e Espanha. Só no Brasil ainda tem “coluna social” ilustrada, e em nenhum outro lugar do mundo há mais colunas do que reportagens”, afirma.
O senhor é um dos jornalistas mais experientes do país, conhecendo bem o funcionamento de vários veículos de comunicação do Brasil. Com essa bagagem toda, pode nos afirmar se existe liberdade de imprensa ou isso é uma grande utopia?
É uma utopia. A liberdade de imprensa é dos donos da imprensa. Liberdade de expressão – que é outra coisa, mais ampla, mais profunda – só na blogosfera.
Como enxerga o jornalismo que é feito por aqui comparando com outras nações como por exemplo a Argentina, que muitos consideram ter uma imprensa mais qualificada e diversificada do que a nossa?
A imprensa brasileira é sofrível. É a pior das “jovens democracias”, como a Argentina, Portugal e Espanha. Só no Brasil ainda tem “coluna social” ilustrada, e em nenhum outro lugar do mundo há mais colunas do que reportagens como aqui.
Todo mundo sabe que a obsessão do líder da Igreja Universal, Edir Macedo, é fazer a Rede Record ser a emissora número um do país. Acha que isso será possível em quanto tempo, já que a Globo ainda é líder com uma margem considerável mesmo perdendo muito da sua audiência nos últimos anos?
A Globo é um tigre de papel (expressão antiga muito usada pelo líder chinês Mao Tsé-Tung para desqualificar o seu rival Chiang Kai-shek. Seria algo que parece ameaçador mas que na verdade é inofensivo). Especialmente o seu jornalismo.
O deputado Federal do PT pelo estado de Pernambuco, Fernando Ferro, criou a sigla PiG (Partido da Imprensa Golpista) que o senhor popularizou. Claramente quem são os membros do PiG e se eles hoje são a verdadeira oposição política do país?
São as Organizações Globo, a revista Veja, que chamo de “detrito sólido de maré baixa”, e os jornais Estadão e Folha de S.Paulo. E seus penduricalhos – portais na internet, revistas, rádios etc. Sim, eles são uma parte importante da oposição.
O senhor afirmou em setembro de 2007, que a absolvição do senador alagoano Renan Calheiros, foi a maior derrota da imprensa brasileira depois da reeleição do ex-presidente Lula. Continua com a mesma opinião?
Como agora, em janeiro de 2013, o PiG quer destruir o Renan, pelo fato de ele ser da base da presidenta Dilma Rousseff. Quando era ministro da Justiça do FHC, Renan era um santinho do pau oco.
Quando alguns dizem que o senhor é um jornalista vendido ou melhor, um jornalista governista, não fica ofendido com isso?
Quem disse isso foi processado [o ex-colunista da revista Veja Diogo Mainardi], me deve R$ 300 mil e fugiu para a Itália.
Por que o senhor acredita que grande parte da imprensa, tenta desqualificar o ex-presidente Lula, mesmo ele tendo sido reeleito e saído da presidência com uma aprovação popular elevadíssima?
Por preconceito racial e de classe. Porque ele é de origem pobre e nordestino – duas circunstâncias que põem fogo no rabo dos “liberais” brasileiros.
O senhor acredita que uma parte da imprensa boicotou o livro “A Privataria Tucana” do jornalista Amaury Ribeiro Jr., para não prejudicar o então candidato a prefeitura de São Paulo José Serra?
Sim. O Cerra, Padim Pade Cerra (aqui trocando o S pelo C como faz intencionalmente em seu blog), devido à sua tardia conversão à fé, tem o melhor PiG do Brasil. Ele pode fazer qualquer coisa – inclusive chefiar o clã privateiro – que o PiG perdoa.
Dilma Rousseff foi derrotada pela Globo?
Ela e o Lula ganharam. Mas, se ficarem quietos, ela pode vir a ser derrubada. A Globo quer derrubá-la, como ajudou a matar Vargas e a derrubar Jango. Só não derrubou o Lula porque foi mais esperto que ela.
Qual a real força de um colunista de um veículo impresso atualmente, depois da popularização da internet e sobretudo dos blogs como o famoso e reconhecido Conversa Afiada que lhe pertence?
Os colonistas (não se refere a cólon. Mas, a jornalistas que se prestam ao serviço de serem piores que os patrões, como diz o fundador da revista Carta Capital Mino Carta) do PiG fazem a agenda política. Imprensam o Congresso Nacional contra a parede e amedrontam o Governo. Não ajudam a ganhar eleição, mas ajudam a dar o golpe.
Muita gente diz que a qualidade editorial na era digital piorou. Acredita que isso é um fato?
Piorar em relação à imprensa escrita é impossível.
Muitos jornalistas que já entrevistamos disseram que a revista Veja é desonesta. Se ela é desonesta, porquê continua sendo a revista mais vendida do Brasil?
A Veja fala a língua de uma facção pré-fascista da classe média brasileira, especialmente a de São Paulo. Eles se entendem. Com a provisória interrupção das atividades do trio sertanejo Caneta-Cachoeira-Demóstenes, a Veja caiu muito – na visão desses falangistas.
Sabemos que foram muitas, mas nos fale de uma matéria em especial que o fez pensar: “puxa, valeu escolher a profissão de jornalista?”.
A que eu vou fazer amanhã.
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