A Cultura é atualmente, a maior e mais famosa livraria do Brasil. O empreendimento hoje grandioso, nasceu de forma muito simples e inusitada, em uma sala na casa de sua fundadora, a alemã Eva Herz. O ano desse acontecimento foi 1947 e era um serviço de empréstimos de livros para os alemães que vieram a residir em São Paulo. Dois anos depois Eva montou uma pequena livraria na rua Augusta adjunta com uma bombonière. Logo desistiu dos empréstimos e começou a efetuar compras de obras nacionais e de outras procedências. Em 1969 o filho da fundadora, Pedro Herz, instalou-se no Conjunto Nacional na avenida Paulista, onde possui várias sedes específicas. Foi a primeira livraria a organizar cafés filosóficos e vendas pela internet. Abriu filiais em capitais como Recife, Porto Alegre e Brasília e, em 2008, inaugurou a maior loja do país com 4300 metros quadrados no mesmo Conjunto Nacional. “A criança se motiva com livros em qualquer idade. Dar um livro para uma criança é fascinante para elas e para quem oferece o livro, portanto, é algo que deve ser praticado, mas não vejo políticos cuidando disso. (…) A memória no Brasil é desprezada, fato é que nossos museus são descuidados, mal conservados, funcionam em horários que dificultam a visita de quem trabalha, isso é apenas um exemplo que serve para mostrar porque nossa cultura desaparece, é esquecida”, afirma o livreiro.
Pedro, cultura no Brasil é levada a sério?
Infelizmente creio que não. A memória no Brasil é desprezada, fato é que nossos museus são descuidados, mal conservados, funcionam em horários que dificultam a visita de quem trabalha, isso é apenas um exemplo que serve para mostrar porque nossa cultura desaparece, é esquecida.
Nossa população é gigantesca, mas o público leitor é ainda muito pequeno, se compararmos com países menores como a Argentina, por exemplo. O que deveria ser feito para termos mais apreciadores de livros em nosso país?
Penso que o exemplo vem de casa, leitores normalmente são filhos de leitores. Se os pais não leem, como querem que os filhos sejam leitores? A literatura para jovens adultos vem crescendo significativamente, talvez por conta das adaptações para o cinema, dos quadrinhos e games, isso reacende a esperança de que o hábito da leitura cresça no Brasil.
A leitura hoje se tornou mais superficial?
Sim, a compreensão da palavra escrita ficou comprometida, o sistema educacional brasileiro vai de mal a pior.
Como o mercado editorial brasileiro tem se saído na crise?
Essa é uma pergunta que deve ser feita aos editores. O mercado editorial deve ser analisado com dados da indústria, minha percepção poderia ser equivocada.
Em uma de suas análises, você afirmou que tirar crianças das ruas com livros é fácil, mas falta vontade política. Existe algum político que tem essa mesma ideia, ou maioria se faz de “desentendido” sobre esse assunto?
A criança se motiva com livros em qualquer idade. Dar um livro para uma criança é fascinante para elas e para quem oferece o livro, portanto, é algo que deve ser praticado, mas não vejo políticos cuidando disso, é um assunto que dificilmente entra na pauta dos partidos e governos.
Os livros digitais ainda correspondem por 2% das vendas na Livraria Cultura, ou esse número já aumentou?
Não aumentou nem diminuiu. Repito o que venho dizendo desde sempre, não são novos aparelhos que fazem mais leitores, o problema é anterior.
Diversificação é a palavra-chave para uma livraria que sabe que não se sustentará apenas com livros em um longo prazo?
A afirmativa da pergunta não é verdadeira. Mais de 70% do nosso mix de produtos consiste em livros. O foco é na qualidade do atendimento e na experiência em loja, com muitas opções de entretenimento que despertam interesses dos mais variados e levam ao aprofundamento por meio da leitura, julgo que este é o futuro das livrarias e que já chegou aqui.
Quais experiências proporcionadas pela Livraria Cultura que você considera imbatíveis?
Nosso catálogo com mais de 9 milhões de títulos, a experiência nas lojas físicas, mais de 4 mil eventos gratuitos por ano e nosso pioneirismo no comércio eletrônico.
Alguns consultores dizem que a maior dificuldade de uma empresa familiar em sua sucessão é a descentralização. Como está sendo feita essa sucessão na Livraria Cultura?
A sucessão na Livraria Cultura já foi feita. A primeira foi de meus pais para mim, a segunda foi minha para meus filhos, que aconteceu na década de 90. A gestão já foi totalmente profissionalizada.
Para finalizar, gostaria de saber qual foi a coisa mais incrível que os livros fizeram e fazem em sua vida?
Descobrir que é o livro que tem 1001 utilidades e não a esponja de limpeza [risos]. Já fiz pilha de livros no chão para trocar uma lâmpada!
Há livro que me faz chorar, outros rir, outros me provocam, irritam, dão sono, trazem descobertas e insights incríveis. A vida toda e toda a civilização está nos livros.
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