“Trago comigo esse amor pela música desde os meus cinco anos de idade, quando comecei musicalização por incentivo de meus pais, e nunca mais parei.” – Pilar, cantora, compositora e artista visual de 24 anos, lança seu primeiro EP “Confluir”. “Confluir” simboliza a união das águas em um corpo só, o oceano, representando para Pilar como vem sendo esse mergulhar no universo da criação. “O EP faz essa conexão da natureza com o urbano, das minhas influências, das culturas musicais que conheci, e do meu passado com meu eu presente. Tudo que se une para formar esse corpo hoje.” Por isso o EP é uma fusão de diferentes gêneros musicais e línguas, passeando pelo reggae, pop, jazz, soul, todos se enquadrando dentro da MPB. “Minhas composições são um reflexo íntimo da minha pessoa, e de minha percepção do mundo”. “Confluir” foi produzido e gravado ao longo de 2019, sob o comando de Adriano Magoo, que assina a produção do álbum. O trabalho traz a participação especial de Zeca Baleiro na faixa “Favela City” e a mixagem do renomado Luis Paulo Serafim (vencedor do Latin Grammy). Em 2019, Pilar se apresentou em grandes eventos, como o Brazilian Day de Estocolmo e no Festival Mundo Psicodélico, em São Paulo. A artista tem uma forte relação com o espiritual que se reflete em sua missão na música: trazer esse senso de conexão e pertencimento a algo maior.
Pilar, qual o significado da música para a sua vida?
Para mim a música é a linguagem do universo. Ela consegue comunicar e transmitir uma mensagem sem precisar de palavras. Música traz memórias, evoca sentimentos, cria momentos… é uma constante que sempre esteve presente na minha vida.
Quais as lembranças mais nítidas que você tem do seu primeiro interesse pelo mundo musical?
Eu era obcecada por dois DVDs em específico: “Tribalistas” e “Fantasma da Ópera”. Perdi a conta de quantas vezes assisti esses dois, porque ambos, de certa forma mostravam um pouco desse lado do “Backstage”. Achava incrível nos Tribalistas ver a dinâmica de criação entre eles nos estúdios. E me lembro de pensar “quero fazer isso também”.
Essas lembranças ainda mexem com você em algum sentido?
Mexem, como falei anteriormente, a música acaba sendo algo muito nostálgico. E é gostoso também, olhar pra trás, e ver, que mesmo depois de muitas voltas no caminho, realmente fui atrás daqueles sonhos de criança.
O que não pode faltar em uma canção composta por você?
Verdade. Todas as canções que compus, independente de serem mais sérias, ou em tom de brincadeira, surgiram com muita naturalidade. Por expressarem a verdade de como estava me sentindo.
Você também é uma artista visual. O que essa arte lhe ajuda na hora de pensar musicalmente?
Tem algo que existe em comum na arte, na música e na matemática, que são padrões e fórmulas. Se você for analisar a estrutura de uma música é possível achar padrões visuais nela. Então penso que ambas tem a mesma origem de raciocínio, e quando o cérebro toma conhecimento disso, passa a percorrer esses caminhos inconscientemente, de forma intuitiva.
Como os acontecimentos externos influem no seu modo de ver e fazer música?
Minha trajetória é o que me moldou e transformou na pessoa que sou hoje. Então ela influi diretamente na minha arte, por isso até, o nome do EP é “Confluir”. Pois, simboliza essa conjunção de eventos que tiverem que ocorrer pra eu chegar nessa Pilar que sou hoje, e criar essas músicas, e esse EP em específico. Tudo são reflexos.
O que você traz para a sua carreira e que é oriundo de suas raízes sul-mato-grossenses?
Contatos e amizades. O Magoo, por exemplo, meu produtor, conheci por meio do meu tio (baterista da banda Olho de Gato). Além de vários artistas da cena contemporânea sul-mato-grossense, que estão atualmente em São Paulo, e fazem parte do meu ciclo de amizades.
Você tem uma forte relação com o espiritual. A sua música tem uma missão espiritual em sua visão?
Tem sim… a música em si já é muito espiritual. Acredito que todo dom é uma dádiva que recebemos. Temos esse dever de compartilhar. E só de saber, que uma música minha, pode tocar e representar quem estiver escutando, já sinto que estou cumprindo essa missão.
“Confluir” faz parte dessa espiritualidade?
Confluir para mim, representa esse reencontro com o espiritual, que consequentemente me levou de volta a música. Mesmo que literalmente não, faz parte sim. Digo que ainda sou uma criança nesse aspecto espiritual. Estou no começo desse processo de aprendizado e autoconhecimento. Ainda levo muitos “tombos”.
O que você destaca nesse EP e que lhe impactou na hora da produção?
Esse EP foi minha primeira experiência real em um estúdio. Foi tudo muito novo, e até um pouco intimidante. Quando me caiu a ficha dos profissionais que estava cercada, e do currículo deles, foi um misto de felicidade e medo de não estar à altura. No fim tudo fluiu bem, e acabou sendo uma experiência muito gratificante e enriquecedora, aprendi muito.
Ter uma conexão duradoura com o público é a busca primal em seu ofício?
Nossa, com toda certeza (Risos).
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