Sérgio Werlang é considerado um dos mais brilhantes economistas matemáticos do país. É mestre em Economia Matemática pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), doutorado em Economia pela Universidade de Princeton (EUA), ex-diretor de Política Econômica do Banco Central (BC) e ex-diretor geral do Banco Itaú S A. Foi professor titular do Fundação Getulio Vargas (FGV), onde o economista atua atualmente como assessor da presidência. Também é autor do livro “A Descoberta da Liberdade”, lançado pela editora FGV. “A esta altura, quase todos os candidatos à presidência manifestaram-se a favor de uma reforma da previdência. O único com chances de ir ao segundo turno que relativizou a importância é o Fernando Haddad. Dessa forma, se porventura fosse eleito, teríamos um adiamento da reforma. Que ela vai acontecer é um fato: não há mais recursos para isto e o tempo só tornará mais evidente e mais dura a reforma necessária. (…) Houve duas leis muito importantes que foram aprovadas no Governo Temer: a reforma trabalhista e o fim do subsídio ao BNDES com a introdução da TLP. Outras ações muito relevantes foram: a aprovação do teto de gastos, a lei da terceirização e a devolução de recursos do Tesouro Nacional investidos no BNDES. Infelizmente, na questão fiscal o Governo Temer foi muito leniente com as despesas públicas”, afirma o renomado professor de economia.
O senhor afirmou que a reforma da previdência é inescapável. Vê algo no horizonte que possa fazer com que ela escape?
A esta altura, quase todos os candidatos à presidência manifestaram-se a favor de uma reforma da previdência. O único com chances de ir ao segundo turno que relativizou a importância é o Fernando Haddad. Dessa forma, se porventura fosse eleito, teríamos um adiamento da reforma. Que ela vai acontecer é um fato: não há mais recursos para isto e o tempo só tornará mais evidente e mais dura a reforma necessária.
Como avalia o Governo Temer em questões que são cruciais para a nossa economia?
Houve duas leis muito importantes que foram aprovadas no Governo Temer: a reforma trabalhista e o fim do subsídio ao BNDES com a introdução da TLP. Outras ações muito relevantes foram: a aprovação do teto de gastos, a lei da terceirização e a devolução de recursos do Tesouro Nacional investidos no BNDES. Infelizmente, na questão fiscal o Governo Temer foi muito leniente com as despesas públicas. Nenhum ajuste efetivo foi feito.
Qual tipo de investidor está mais propício em realizar investimentos no país neste momento?
Os investidores em setores que estão com regulamentação razoavelmente estável: energia eólica e solar, pequenas centrais hidrelétricas, termelétricas (mas não usinas hidrelétricas); saneamento, especialmente quando os contratos entre estados e municípios estão vigentes por tempo longo; petróleo e gás; bancos digitais e fintechs, em geral.
Investidores estratégicos e que pensam em um longo prazo, continuam acreditando no Brasil?
Houve queda no interesse, mas ainda há algum. Naturalmente, a eleição de um presidente que faça as reformas que garantirão a sustentabilidade de longo prazo da economia brasileira tornarão as projeções mais previsíveis e a taxa de juros longa mais baixa, de modo que os projetos serão mais atraentes, e o interesse voltará.
A atuação do Banco Central tem sido satisfatória?
Sim, em termos gerais. O que não foi bem foi a decisão de diminuição da meta de inflação.
O cenário político que se desenha, elevará ou abrandará a temperatura dos mercados nos próximos meses?
A eleição vai trazer, como já fê-lo, muita volatilidade.
Que característica é essencial para o mercado em um candidato que queira ocupar à presidência da República?
O mais importante é entender que para atender aos anseios da população em relação à segurança pública, educação, saúde e geração de empregos, temos que ter a recuperação fiscal da economia brasileira. E, deixando bem claro, isto não é o que “o mercado” quer ouvir. É o que a população brasileira precisa.
O que é fundamental para uma agenda microeconômica bem-sucedida?
Esta agenda passa por reformar a previdência, reformar o emprego público e privatizar muitas estatais. Pelo menos os mercados de energia elétrica, gás, portos e saneamento ainda precisam acertar vários pontos na regulação. E consertar o modelo do pré-sal.
Por que houve tanto descaso com a meta de inflação no Governo anterior?
Na minha opinião porque a presidente Dilma não dava importância ao tema. E (aparentemente) não apoiava irrestritamente as ações do Banco Central na luta contra a inflação.
A greve dos caminhoneiros foi o maior desastre na atual conjuntura?
Foi certamente um acontecimento muito negativo. Mas o pior desastre foi a condução da política expansionista a partir da segunda metade do segundo mandato do presidente Lula. E a “nova matriz econômica”. Esta combinação nefasta de políticas econômicas atrasadas e de má qualidade, fez com que tivéssemos a pior recessão em dois anos já vista no Brasil. Os efeitos destas são até agora presentes. E levará muito tempo para corrigir estes erros. A greve foi um evento ruim, mas de caráter transitório.
Existe alguma instabilidade no cenário internacional que pode afetar o Brasil em um futuro próximo?
Sempre existe: Trump, Síria, Coreia do Norte, Irã, Turquia, Venezuela, etc. No entanto, nossos problemas internos são muitíssimo mais graves.
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