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Roberto Macedo se preocupa com a economia

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Roberto Macedo é mestre e doutor em Economia pela Universidade de Harvard (EUA), na qual foi assistente de professor titular. Lecionou na Universidade Mackenzie, foi professor visitante nas universidades de Kobe (Japão), Internacional da Flórida (EUA) e fez pós-doutorado na Universidade de Cambridge, Inglaterra. É assessor da Faculdade de Economia da FAAP, na qual é editor da Revista de Economia & Relações Internacionais. Sua trajetória profissional inclui cargos nos Governos Federal e estadual, e em entidades. Em 2012, foi indicado por economistas de todo o Brasil para fazer parte de uma lista com quatro nomes e eleito pelos associados da OEB. Além de professor, Macedo foi chefe do Departamento de Economia e diretor da FEAUSP. Nessa entrevista ao Panorama Mercantil, ele fala sobre a reforma tributária e outros assuntos vitais da economia nacional. “Com sorte, teremos “apenas” um quinquênio muito difícil. Neste ano o buraco em que entramos em 2015-2016 se aprofundou. Vai ser difícil sair dele. Já que falei em plano, é preciso um amplo diagnóstico da economia, que desde 1980 entrou também num processo de estagnação. Esta é definida não como crescimento zero, mas um que ficou aquém do potencial da economia. Com uma boa arrumada ela poderia crescer muito mais. Ou não? Mas é preciso pensar em questões de longo prazo, como inovações, aumento de produtividade e de competitividade”, afirma.

O pós-Covid será desastroso para a economia brasileira?

Depende do que se entende por pós-Covid. Se ele vier com vacinação em massa e esta der resultado, ajudaria muito. Se a Covid continuar levando muitas vidas, como ocorre atualmente, ou mesmo um pouco menos, não teremos pós-Covid à vista. E aí continuará o desastre.

Quais medidas deveriam ser tomadas pelo Governo para amenizar esse cenário?

Sou economista e muito me preocupa a saúde da economia. A chave do crescimento é o investimento em formação bruta de capital fixo, que está muito baixo, perto de 15% do PIB. Precisamos elevar isso para uns 22%. Como o Governo não tem dinheiro para investir fortemente, ele precisa se comportar de tal modo a estimular o investimento privado fazendo uma efetiva reforma tributária para fazer com que a carga tributária tenha menos distorções e custos, e a administrativa para conter despesas de pessoal. E buscar o investimento em infraestrutura pelo setor privado. Essas duas reformas poderiam ajudar, também aumentando receitas e cortando despesas.

Um maior processo nas privatizações poderia ser um caminho?

Também ajudaria, mas está encalhado há tempos e não andou no atual Governo. Se andasse seria ótimo, pois, aumentaria a eficiência das empresas e geraria recursos para o Governo.

Uma política de estímulo ao consumo interno seria viável?

Isso não funciona. Gera endividamento das famílias e se esgota. Sou pelo investimento em formação bruta de capital fixo que gera renda para empresários e trabalhadores, a qual vai também para o consumo, mas de uma forma sustentável por essa renda.

Consumo sem investimentos é difícil. Qual estratégia seria necessária para que esses investimentos sejam realizados?

É o que eu disse acima. Uma estratégia deve contemplar necessariamente as citadas reformas, as privatizações e a busca do investimento privado para obras de infraestrutura e outros serviços públicos.

Os dramas sociais e econômicos vividos em 2015 e 2016, serão mais acentuados agora?

Já são muito mais fortes. Este ano o PIB deve cair perto do que caiu em todo o biênio 2015-2016.

Quais desafios a área econômica do Governo Bolsonaro ainda terá que enfrentar?

Reformas tributária e administrativa, privatizações, concessões de investimentos e serviços públicos. Acrescento que deve voltar ao controle de gastos, e não deixar cair o teto desses dispêndios. E também criar um clima favorável, dando uma direção que vai seguir para o país, um plano, uma “corrente pra frente”.

Como enxerga a reforma tributária proposta pelo ministro Paulo Guedes?

Muito simplista. Meu guru no assunto é o Everardo Maciel. Ele escreveu um ótimo artigo na Veja deste fim de semana (07/08). Assino embaixo!

O retorno de um imposto aos moldes da CPMF lhe preocupa em algum sentido?

É um imposto ruim, regressivo, cumulativo e só aparentemente barato. Sou pelo aprimoramento dos atuais impostos, eventualmente agregando alguns, mas isto não basta como reforma (ver novamente o artigo do Everardo).

A retomada da economia brasileira em sua totalidade, será inviável em um curto prazo?

Sim. Penso que vai tomar alguns anos.

Tivemos uma década perdida. Teremos outra?

A década que passou, dos anos 2010, foi a pior desde 1900. Com sorte, teremos “apenas” um quinquênio muito difícil. Neste ano o buraco em que entramos em 2015-2016 se aprofundou. Vai ser difícil sair dele. Já que falei em plano, é preciso um amplo diagnóstico da economia, que desde 1980 entrou também num processo de estagnação. Esta é definida não como crescimento zero, mas um que ficou aquém do potencial da economia. Com uma boa arrumada ela poderia crescer muito mais. Ou não? Mas é preciso pensar em questões de longo prazo, como inovações, aumento de produtividade e de competitividade. Em outras palavras, precisamos repensar a economia do país.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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