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Ricardo Cabral vê humanidade na saúde

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Ricardo Cabral é gestor de saúde há mais de 20 anos. Formado em Belo Horizonte (MG), com atuação destacada em projetos de instituições de saúde em diversos países, com culturas e práticas distintas, tais como Holanda, Inglaterra, Estados Unidos, Singapura, Chile, entre outros. Com toda essa bagagem, criou a RCS (Rede de Cuidados de Saúde). A Rede é composta por profissionais experientes na área de gestão de serviços de saúde. Jovem e inovadora, com uma concepção atemporal, a empresa busca o desenvolvimento de soluções customizadas para os serviços de saúde. Reconhecida pela expertise em gestão da saúde com o conceito hands on, a RCS lança mão da tecnologia a serviço da qualidade e humanização dentro dos ambientes de saúde, sempre zelando pelo respeito, confiança e credibilidade. Associado a um grupo de especialistas altamente qualificados, criou o VRMed, solução que utiliza óculos de Realidade Virtual para entreter os pacientes. “O sistema tem como objetivo final melhorar a qualidade no cuidado e bem-estar, fomentando a tolerância durante os processos, além de motivar o paciente na realização dos tratamentos”, explica Cabral. Ainda de acordo com o médico, ao facilitar a realização de procedimentos, que podem variar de um simples repouso até situações mais complexas como um pós-cirúrgico, por exemplo, o VRMed estimula a sensação de bem-estar e conforto.

Por que a medicina como sua escolha?

Acredito que na época a medicina era uma escolha que passava pela cabeça de todos os estudantes e assim passava também pela minha, com objetivos românticos, tipo salvar vidas e diminuir a dor. Mas a realidade da medicina vai se revelando, passamos a ver que também para tratar causamos dor, criamos sofrimento e isso faz todos nós médicos passarmos por um momento de dor, de angústia interna, afinal não éramos o Deus que sonhávamos!

Qual passo foi determinante para você se tornar um gestor de saúde?

Ao perceber que a medicina não é apenas cuidar de um indivíduo, decidi que precisava alargar meus conhecimentos e ações. Principalmente, em um sistema de recursos finitos, ao prescrevermos uma medicação, ela será disponibilizada para um paciente, mas poderá faltar para outro. Ao prescrevermos uma vacina, ela tem um custo que deve ser avaliado quanto ao tratamento da possível doença em questão. Tudo está interligado! Isso faz com que a medicina não seja uma prática simples, mas um complexo de decisões que se somam e têm interferências múltiplas. Desta forma, percebi que poderia ajudar o sistema, além de ser um médico da ponta.

O que é fundamental para um gestor de saúde nos dias atuais?

Ter a compreensão que o sistema é finito, que recursos têm sempre uma fonte pagadora e que há sempre uma responsabilidade econômica em nossas escolhas. O bom gestor sabe que o equilíbrio entre as boas práticas e a continuidade do sistema deve ser levado em consideração.

O bom gestor deve conseguir conversar com seus pares, outros profissionais de saúde e os convencer que a adoção das boas práticas será sempre para o bem do nosso paciente e do nosso sistema e que mesmo as práticas consagradas há anos podem ser revistas de tempos em tempos, buscando melhorias. Temos que ser modernos e atualizados sempre!

O bom gestor deve ter uma boa interlocução com os mandantes do sistema, sejam eles financiadores do sistema ou administrativos que têm visões diferentes sobre como empregamos o bom cuidado médico. Esta interlocução fará a diferença na gestão de recursos e em como conseguir obtê-los.

Finalmente, o bom gestor é humano, entende que a dor humana está muito além do racional, que a família sente dor, que o paciente sente dor, que a equipe sente dor e todas as dores merecem respeito e abordagens diferentes.

Você já atuou em diversos projetos de instituições de saúde em vários países. O que esses projetos têm em comum em sua visão?

É mais fácil, às vezes, falar sobre o que têm de incomum, pois, nos salta mais facilmente aos olhos.

A saúde brasileira é a mais humana de todas as outras que já vi. Aqui pensamos no paciente acima do sistema, o vimos com as suas dores, o tratamos com muito mais humanidade.

Todos os sistemas têm escassez de recursos humanos de qualidade. Sejam eles médicos, enfermeiros e todos os outros paramédicos. A boa qualidade, treinamento destes profissionais e seu contínuo desenvolvimento é um desafio sempre.

Todos os sistemas têm preocupação crescente com a sustentabilidade futura do complexo sistema de saúde. Já não se deixa de pensar em como economizar na prática clínica em nenhum lugar do mundo. Sabe-se que o custo crescente irá nos levar ao caos assistencial em breve.

A saúde no Brasil está muito aquém desses países?

De forma alguma. Quando falamos sobre um Sistema Único de Saúde (SUS), que atende 150 milhões de pessoas, universal, ilimitado, integral, as pessoas custam a acreditar que seja possível. Quando mostramos as estratégias do DATASUS em manejo de dados, quando falamos de programas de vacinação com a nossa grandeza, todos se assustam positivamente.

O nosso sistema é lindo, abrangente e complexo. Mas, também por tudo isso, é muito complicado e os recursos nem sempre estão disponíveis. Sua gestão é um enorme desafio, contínuo, porém, maravilhoso!

O sistema privado brasileiro também é muito mais abrangente que em outros países, e mesmo comparando com sistemas muito evoluídos como os europeus, temos muito pontos positivos.

Como é esperado, há por lá, um bocado de recursos financeiros a mais para ser usado, o que lhes dá um ambiente mais promissor. Mas devemos ter muito orgulho do que se é feito aqui, com a disponibilidade que temos aqui. Não devemos nada a ninguém em termos de tecnologia e capacidades pessoais. Inclusive brasileiros são considerados os melhores do mundo em diversas áreas!

Como surge a RCS?

Ao voltar para o Brasil, há alguns anos, eu pretendia conseguir criar um mix de conceitos: as boas práticas que víamos lá fora, com a grandiosidade que temos aqui, tendo como preceitos a economia de escala e replicabilidade de processos.

Ou seja, transformar as unidades que assistíamos em unidades de alta performance clínica, com vistas à boa entrega ao paciente, com menores taxas de complicações, práticas de pacientes seguros, controles de processos, altas mais precoces, gestão do paciente no ambiente pós-alta, com contatos posteriores à saída do hospital; e, ao mesmo tempo, gerir o sistema com estas mesmas boas práticas, economizando ao máximo e potencializando o número de atendimentos em um mesmo equipamento de saúde, permitindo atender mais pessoas, com o mesmo custo.

O que norteia a visão da organização?

Atender ao paciente com qualidade e eficiência, promover educação contínua ao profissional de saúde lhe fornecendo os melhores instrumentos dentro das nossas possibilidades e pensar que a sociedade precisa da perenidade das instituições e sua sustentabilidade ao longo do tempo.

E quais são os seus principais pilares?

O sistema é integral, universal e equânime. Nós devemos nos manter fiéis aos grandes preceitos da medicina brasileira.

A RCS é conhecida por ser inovadora. Como esse conceito de inovação surgiu de uma maneira mais patente em sua empresa?

A empresa ao crescer, transformou-se em campo de criação, onde podíamos pensar em processos paralelos à assistência que dariam mais prazer ao sujeito, que melhorariam os resultados e que potenciaram economicamente o sistema. Assim, passamos a investir continuamente em novidades, buscando no ambiente da inovação novas empresas, novos equipamentos e novas habilidades assistenciais. Somos uma empresa atemporal, que deseja se manter jovem sempre, mesmo já tendo quase uma década de existência.

A VRMed vem desta busca por inovação?

Exatamente. A oferta de realidade virtual para melhorar a experiência do usuário no sistema, é uma parte disso que estamos valorizando. Contratamos uma empresa de criação de conteúdos, descobrimos a melhor opção de óculos de realidade virtual que poderíamos ter com um bom custo benefício e passamos a testar nas nossas unidades para avaliar o bem-estar que poderíamos proporcionar aos nossos pacientes.

Podemos afirmar que tecnologia a serviço do bem-estar é um mote que é seguido diariamente pela RCS?

Um deles, sim. A tecnologia a serviço do bem-estar, da qualidade e da eficiência.


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