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Romero Rodrigues analisa a história do site Buscapé

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O jovem Romero Rodrigues é considerado um dos grandes empresários do país. Em 1995, entrou na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo aos 18 anos. Em 1998, com mais três amigos da faculdade (Ronaldo Takahashi, Rodrigo Borges e Mário Letelier), fundou o Buscapé. Com um investimento de R$ 100 cada um por mês para pagar hospedagem e elaborar sistema e layout, Romero, Ronaldo, Rodrigo e Mário fundaram o site em estilo “garage company”. Atualmente, o empreendedor é o CEO do Buscapé Company, uma organização com mais de 20 unidades de negócio. Romero Rodrigues também atua como conselheiro do Instituto Endevor e da Movile. Em 2015, Romero se associou ao fundo de investimentos Redpoint eventures. “O varejo tradicional, sem investimento em tecnologia, está com os dias contados. Hoje, o consumidor está cada vez mais conectado com seus dispositivos móveis, acessando informações, comparando preços, compartilhando informações em redes sociais e, principalmente, buscando boas oportunidades para comprar. Todo esse engajamento tecnológico vai obrigar os varejistas a integrar suas operações físicas e virtuais para atender esse novo consumidor. (…) É preciso ter paixão e pessoas competentes para levar seu projeto adiante. Às vezes, o modelo não é o melhor, mas as pessoas são motivadas e mostram que querem transformar a ideia em realidade”, afirma o empreendedor. 

Romero, em todas as suas entrevistas você sempre usa a frase: “A gente sempre acreditou”. O quanto o acreditar no projeto é importante?

É extremamente importante! Acreditar é o combustível para se manter motivado e buscar cada vez mais oportunidades. Temos que estar sempre prontos para vencer obstáculos que não necessariamente foram previstos e eles serão muitos, mas, se realmente acreditar no seu negócio, a chance de êxito é enorme. No início, tivemos dificuldades, isso por que somos os pioneiros neste serviço. Os varejistas não tinham tanta confiança, ou interesse, em abrir seus preços para serem comparados na Internet. Tínhamos, a princípio, 35 lojas cadastradas e 30 mil produtos disponíveis para pesquisa na página. Um ano depois tínhamos uma sala, onde ficava um computador e um beliche e nos revezávamos durante a madrugada para programarmos. Em pouco tempo, conseguimos reverter essa situação, na medida em que começamos a conquistar uma audiência maior e ser a porta de entrada do comércio eletrônico no Brasil. Além disso, contamos ainda com o fato de que a relação “varejistas x consumidores” seria um diferencial.

Se não tivéssemos acreditado, nada disso seria possível!

O capital de risco que investe em internet no Brasil ainda é muito tímido se compararmos por exemplo com os EUA e até mesmo com alguns países da Europa. Você acredita que isso está ligado a algum problema estrutural?

Não acredito que seja tímido, apenas que eles estão mais seletivos, por conta da enxurrada de ideias e da explosão de startups, que vêm surgindo nos últimos cinco anos. Acho que, neste momento, o investidor procura por algo inovador e, acima de tudo, rentável, com uma proposta muito bem definida de monetização. Outro ponto fundamental é que as pessoas têm receio de errar, mas não percebem que isso faz parte do processo de qualquer negócio.

Obviamente que já podemos perceber uma mudança neste cenário e o Brasil já começa também a se destacar no cenário internacional. Acredito que se o brasileiro, que já é um povo criativo por natureza, começar a criar, dentro de si, essa cultura empreendedora e seguir em frente com seus projetos, com certeza, veremos investidores mais interessados. Ideia boa é ideia implementada!

Antigamente um jovem sonhava em ser um “rockstar”… hoje ele sonha em ter uma startup. Por que você acredita que muitos se esquecem que para obter sucesso com uma startup, é preciso trabalho árduo e inovação constante, e não apenas “colocar no piloto automático” e ver a chegada de milhões num piscar de olhos?

Não acredito que esse seja o principal motivo. Eu enxergo mais uma mobilização dos jovens para empreender, ter sua própria empresa e ser relevante para o mercado, cultura essa que já é mais comum em países desenvolvidos. Esse é o caminho natural, óbvio que sempre teremos pessoas que querem se beneficiar de um momento específico do mercado, sem um planejamento ou mesmo sem acreditar veementemente em seu modelo. Por outro lado, esse empreendedor que falhou, mais do que tudo, ganhará aprendizado. Portanto, esse movimento me deixa feliz!

Há algum tempo você disse uma coisa interessante: “No momento, para um empreendedor, é preciso ter muito mais do que dinheiro para se estabelecer”. Nos fale mais sobre essa frase.

É preciso ter paixão e pessoas competentes para levar seu projeto adiante. Às vezes, o modelo não é o melhor, mas as pessoas são motivadas e mostram que querem transformar a ideia em realidade. Isso é o mais importante, ou seja, é essencial ter um espírito empreendedor que motive a tirar as ideias do papel e colocá-las em prática.

Ter espírito empreendedor é entender que seu negócio é sua vida, é sua paixão, é dormir e acordar pensando em como transformá-lo em um negócio vencedor. E nem sempre o capital é o que move a paixão pelo negócio. A paixão vem antes do capital.

O que pesa mais para uma empresa online receber um investimento?

Acredito que uma boa equipe. O produto pode ser aperfeiçoado ao longo do tempo, mas se a equipe não for de qualidade, isso não é possível.

Claro que o produto é levado em conta, nenhum investidor gosta de perder dinheiro, mas a visão de mercado dele permite enxergar além disso.

Acredita que o varejo brasileiro, usufrui de toda a vantagem que a internet pode oferecer?

O varejo tradicional, sem investimento em tecnologia, está com os dias contados. Hoje, o consumidor está cada vez mais conectado com seus dispositivos móveis, acessando informações, comparando preços, compartilhando informações em redes sociais e, principalmente, buscando boas oportunidades para comprar. Todo esse engajamento tecnológico vai obrigar os varejistas a integrar suas operações físicas e virtuais para atender esse novo consumidor, oferecendo possibilidade de compra online e retirada de produtos em suas lojas, troca e devolução integrada, acesso a loja física e oferta de produtos do Long Tail em quiosques, etc. Esse processo ainda está engatinhando no Brasil.

Muitos empresários reclamam do sistema trabalhista brasileiro. Até que ponto esse sistema pode atrapalhar a vida do empreendedor em nosso país?

O Brasil é, reconhecidamente, um país burocrático. Todo empreendedor descobre isso no momento que abre sua empresa, quando contrata seus colaboradores, paga seus impostos e eventualmente tenta fechar uma empresa. Toda essa burocracia acaba sendo um grande entrave para os empresários e investidores, quando comparam nosso mercado com outros países.

O Buscapé Company hoje detém várias marcas sob seu “guarda-chuva”. Como manter a qualidade de tantas empresas diferentes?

Uma das premissas do Buscapé Company é manter sempre uma equipe de qualidade e motivada. Nossa política de RH é bem estruturada e trabalha fortemente para isso. Portanto, todos os meses, temos cursos especializados, para manter nossos funcionários atualizados sobre tudo o que acontece no mercado, além de reuniões em grupo, para discutir assuntos de interesse, ou seja, mais que uma empresa, o Buscapé Company é um lugar onde a pessoa pode crescer, em todos os aspectos de sua vida.

Outro ponto interessante é que, ao adquirirmos uma empresa, mantemos sempre seu pessoal. Não faz sentido dispensarmos quem fez o negócio acontecer, certo? Isso é um fator motivacional a mais para que as empresas continuem rodando com excelência. Para manter a qualidade das empresas são necessárias políticas de aprendizado e de motivação muito fortes, além da manutenção das equipes que fundaram a empresa.

Até que ponto América Latina ainda é um desafio para os investidores no mercado de internet?

Apesar de toda a disparidade entre os países, vemos a região com muito otimismo para o crescimento e consolidação do Buscapé Company na região. Hoje atuamos fortemente com escritórios em quatro países: Argentina, Chile, Colômbia e México.

O mercado móvel é o grande filão das empresas que de alguma forma atuam na internet?

Eu concordo plenamente! Hoje, uma empresa, para se manter a frente, precisa adaptar sua loja ou negócio para o mobile. As pessoas estão rapidamente mudando a forma de consumir conteúdo na internet, migrando do PC para o mobile, seja celular ou tablet. Acredito que, mais do que vantagem competitiva, estar no ambiente mobile é necessário.

Você chegou ao topo do mercado com apenas 35 anos de idade. Como manter a ambição e a vontade de vencer de outrora?

Quando você acredita na sua ideia, quando você encara o desafio de criar e gerir uma empresa com paixão e dedicação, os possíveis momentos de dificuldades são encarados como uma etapa necessária para se alcançar o sucesso. Eu acredito no Buscapé Company até hoje e mais do que isso, acredito nas pessoas que fazem isso acontecer. Até hoje, tenho paixão por seguir em frente e ver essa empresa crescendo e se desenvolvendo.


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