O arquiteto e designer carioca Sergio Rodrigues é considerado pelos especialistas em Design, o mago dos móveis do Brasil. Junto com Joaquim Tenreiro e José Zanine Caldas, foi o pioneiro a transformar o Design brasileiro em Design industrial e torná-lo conhecido mundialmente. Em 1968 montou o seu próprio ateliê no Rio de Janeiro de design de móveis e arquitetura, onde realizou vários projetos nacionais e internacionais como a Embaixada do Brasil em Roma. Seu trabalho mais famoso é a Poltrona Mole de 1957, feita em couro e madeira com inovações de encaixe e estofado que inspiram produtos até hoje. Atualmente, a Poltrona Mole integra o acervo do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA). “Minhas peças continuam atuais e eu sigo criando. Quando a criei [dizendo aqui da Poltrona Mole] estava pensando apenas em uma poltrona de grande conforto, utilizando materiais nossos e que tivesse algo de Brasil. (…) Acredito que por estarmos num período de transição, em todos os sentidos, isso se reflete em toda criação artística atual que está um pouco indefinida. (…) Nunca tive esta intenção, mas percebo que alguns designers desta geração sofreram influência do meu trabalho. (…) Como desenhista de móveis que procurou transmitir em suas criações o espírito do povo brasileiro”, afirma o influente e renomado designer que influencia outros grandes profissionais.
Alguns dizem que o auge profissional do senhor foi nos anos 50 e 60, mas quando se fala quem é o melhor designer industrial do país todos são unânimes dizendo ser Sergio Rodrigues. Isso é um contrassenso não?
Não é um contrassenso. Minhas peças continuam atuais e eu sigo criando.
Como se faz a equação de um trabalho que seja artisticamente formidável e que ao mesmo tempo seja vendável e acessível ao grande público?
Nem sempre isso acontece. Depende da produção e outras variáveis para torná-lo acessível ao grande público.
O senhor se enxerga mais como designer ou arquiteto?
Como designer, porque me dediquei mais a este setor.
Em uma análise, o senhor disse que a arquitetura e o mobiliário são o espelho de uma civilização e de uma época. Esse espelho está reluzente atualmente?
Acredito que por estarmos num período de transição, em todos os sentidos, isso se reflete em toda criação artística atual que está um pouco indefinida.
O senhor afirmou categoricamente que quando está no seu processo criativo é egoísta e cliente de si mesmo. Alguma vez já foi menos egoísta?
Que me lembre não. Porque eu não me sentiria confortável criando algo que não me satisfizesse.
A ‘Poltrona Mole’ foi elevada como um produto artístico, tanto é que integra o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA). Quando estava criando essa peça, tinha a dimensão que estava trabalhando em algo único e especial?
Não, quando a criei estava pensando apenas em uma poltrona de grande conforto, utilizando materiais nossos e que tivesse algo de Brasil.
Dizem que o senhor é um criador de tendências. Se vê como um criador de tendências?
Nunca tive esta intenção, mas percebo que alguns designers desta geração sofreram influência do meu trabalho.
Você disse que os seus móveis são aceitos mais no exterior do que no Brasil. Isso mudou ou ainda continua assim?
Mudou. Depois do relançamento industrial de meus modelos no Brasil, a sua aceitação tem sido muito satisfatória.
Críticos afirmam que o senhor não se rende ao mercado. Estão exagerando ou isso é um fato?
Não me rendo ao mercado porque só faço aquilo que gosto e em que acredito.
O senhor afirmou que está faltando paixão na arquitetura e no design brasileiro. De onde vem essa falta de paixão?
Eu disse isso? Se disse, foi um exagero.
Nos chamou muita atenção quando afirmou que existe muito preconceito das pessoas em trabalhar com as mãos. De onde vem esse preconceito?
O preconceito vem da supervalorização do trabalho essencialmente intelectual.
Como gostaria de ser retratado daqui a 50 anos: como um gênio do design de móveis ou como aquele que enxergou em um móvel não apenas uma peça de decoração, mas sim algo que tinha o espírito de um povo?
Como desenhista de móveis que procurou transmitir em suas criações o espírito do povo brasileiro.
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