O sul-mato-grossense Sidney Rezende é formado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, começando a trabalhar como repórter em 1985, na Rádio Roquette Pinto. No mesmo ano acumulou as funções de apurador da TV Manchete e repórter da TV Educativa. No ano seguinte, por um breve período, tornou-se redator de chamadas publicitárias da TV Globo. Um ano depois lançou o livro Ideário de Glauber Rocha, pela editora Philobiblion, da Civilização Brasileira. Em 1991 participou como debatedor do Sem Censura, na TV Educativa (TVE) e iniciou seu trabalho como âncora na Rádio CBN, como apresentador do Jornal da CBN, onde foi um dos fundadores da nova emissora. Em 1993, tornou-se professor da PUC-Rio. Em 1996, voltou a ser âncora da CBN no Rio de Janeiro e apresentou o jornal “Em Cima da Hora”, na Globo News. Em 2001, ainda na CBN, passou a apresentar o Conta Corrente na Globo News e o telejornal Bom Dia Rio, da TV Globo. Em 2002 lançou o livro “Deve ser Bom ser Você – 102 brasileiros bem-sucedidos dizem o que pensam do sucesso”, publicado pela Futura, do grupo Siciliano. Em 2006 estreou seu site de notícias, o Portal SRZD. Atualmente, também é conferencista, percorrendo o Brasil com suas palestras. “A qualidade foi pulverizada e os meios comunicação passaram a ser mais assimétricos. Um aluno não aprende mais só com o professor”, afirma o jornalista.
Sidney, como enxerga o papel do jornalismo na era digital?
Vivemos uma fase extraordinária. Só similar ao período em que a prensa de Johannes Gutenberg [inventor e gráfico alemão, 1398 – 1468] revolucionou as comunicações e iniciou a derrocada dos papiros. O digital é só o começo de um período de intensa transformação. A melhor maneira de reconhecermos a força “digital” é aceitando-a como o primeiro capítulo de uma “bíblia”.
Muitos dizem que a qualidade editorial piorou com o advento da internet. Concorda com essa afirmação?
A qualidade foi pulverizada e os meios comunicação passaram a ser mais assimétricos. Um aluno não aprende mais só com o professor. E o professor, por sua vez, aprende muito com os alunos. Vivemos em meio a uma nova forma de avaliação. Hoje mais gente produz do que no passado. Os “repórteres amadores” vieram para ficar. Atualmente, na web, se encontra de tudo. Lixo e luxo.
Temos hoje plena liberdade de imprensa no país, ou isso é um privilégio apenas dos donos dos veículos de comunicação?
Não temos plena liberdade enquanto a democracia for claudicante. Os mais poderosos ainda dão as cartas. Na internet se luta para a mudança imediata desta ordem das coisas. Mas ainda estamos distantes. O Brasil avançou muito. Mas não o suficiente para termos a certeza que a nova geração viverá num país definitivamente mais livre. Democracia é jardim e só com água sobrevive. Temos que regar.
Por que você acredita que os grandes veículos de comunicação do nosso país, têm tanta dificuldade de dizer quais são as suas preferências políticas de uma forma mais explícita, como, por exemplo, faz a Fox News nos Estados Unidos, já que imparcialidade editorial no jornalismo não existe?
Não acredito em neutralidade, mas trabalho duramente pela busca da isenção. A zona de conforto já está ocupadíssima pelos maiores e mais ricos. Não só patrões preferem o silêncio. A maioria dos colegas de redação também. Por isso criamos o portal SRZD que hoje é grande e forte, mas não é conformista. A opinião política ou partidária aberta não é cultuada no país porque se tem medo de agredir suscetibilidades. Ainda somos uma república de covardes.
O jornalismo hard news praticado no país deve melhorar em que pontos em sua visão?
Não há pluralismo de ideias, permissão ao contraditório e isenção no tratamento de cada fato. Portanto, o que temos ainda agride o espírito dos democratas. Precisamos de mais gente inteligente e de mente aberta. Os donos dos meios de comunicação têm medo de mudar. Empreendedorismo por aqui é conversa para boi dormir.
Acredita que o seu texto “Chega de notícias ruins” foi preponderante para sua saída da Globo News, ou muito do que tem se falado na mídia não procede?
O texto transformou-se num dos mais lidos da internet em 2015. Este sucesso, talvez possa atribuir ao terreno fértil de como cada brasileiro vê sua cidadania e os meios de comunicação que o informam todos os dias. Ninguém suporta mais partidarismo e manipulação. Sobre minha saída não me cabe esclarecer a razão(ões) porque não partiu de mim a demissão. E o que saiu na mídia, em geral, está muito mais próximo da verdade do que da incorreção. Os colegas fizeram um bom trabalho, embora eu não tenha concedido entrevista para ninguém.
Em que momento a pressão por audiência atrapalha um telejornal?
Quando o jornalista tem consciência da importância do seu papel social e os editores dos telejornais são amadurecidos audiência se torna algo irrelevante. Quando é cumprida a sua tarefa de levar informação isenta a todos, não atrapalha em nada ser visto por cem mil ou cem milhões. Nosso ofício não é agradar a maioria ou a minoria. Informação com correção dá audiência. E apurar com exatidão os acontecimentos dá credibilidade.
Como um pequeno veículo de comunicação, pode tirar vantagens num país que veículos constituídos detêm uma força ainda gigantesca tanto em termos financeiros como de alcance?
A única forma é ser inovador, original e criativo. E descobrir nichos onde ninguém pensou antes. O SRZD é o site líder da cobertura do Carnaval brasileiro. Isto nos alavancou. Tornamo-nos pioneiros do Brasil neste tipo de cobertura: carnaval todos os dias do ano. Mas desde o início, há 10 anos, cobrimos todas as outras editorias com a mesma filosofia. O leitor de carnaval é qualificado e escolhe diariamente o nosso portal como um dos seus favoritos.
Qual será o papel do rádio, na era da Convergência das Mídias?
O rádio é o “highlander” se comparado entre todos os outros meios. O rádio sobreviverá. Dentro ou fora da grande Rede.
Fale um pouco do momento atual do seu portal de notícias SRZD.
Estamos no limiar de uma revolução em que o “mais” não terá limites para nós. Este ano de 2016 seremos maiores em tudo na fria comparação com o ano passado. Nossa meta é crescimento exponencial em 10 anos.
Você afirma que o jornalista precisa saber para quem está destinado seu trabalho. Como ele deve ter esse “termômetro”, afinal não é uma tarefa das mais fáceis?
É fácil, sim. O jornalista destina o seu trabalho para todos, mas o seu compromisso é com os desvalidos, sofridos, pobres, discriminados e oprimidos. “Jornalismo” servil ao patrão pode ter qualquer nome, menos jornalismo.
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