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Talita Arena comenta sobre o mercado da moda

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A jovem designer de moda Talita Arena está no mercado há 6 anos, tendo atuado em marcas como Pedro Lourenço, Equus, Garoa e Lê atelier. Como styling já trabalhou elaborando figurinos para propagandas de marcas como Renault e Smirnoff. Esta experiência possibilitou um grande entendimento em relação ao mercado de moda. Atualmente está à frente da sua própria marca, a OffDress e suas criações buscam valorizar a mulher em sua identidade. Acreditando que a roupa é um complemento à personalidade, todos os detalhes são carinhosamente pensados. “Quando desenvolvi a coleção, me inspirei em vestir executivas de sucesso. Quis dar um mood moderno para as calças, mais ajustadas ao corpo, com um tecido de pegada esportiva, remetendo às Olimpíadas. Os casacos têm um caimento impecável, com ombros marcados e também são ajustados ao corpo. Com cores que são clássicas, mas que passam longe do óbvio”, explica a cofundadora da marca criada juntamente com a sua irmã Natália. Sobre as camisas sociais, além de corte reto, a estilista concentrou os detalhes nos punhos. Com efeito de dobra, elas apresentam uma nova proposta de abotoaduras. O modelo Paper, por exemplo, têm botões embutidos e efeito de gola alta, uma releitura moderna para a recomendação do que é uma camisa de escritório. “A necessidade de criar peças bacanas a um preço justo é um desafio muito grande.”

Talita, você está no mercado de moda como designer há 6 anos. Quais foram as principais mudanças em sua ideia de atuação como designer de lá para cá?

Do tempo que entrei no mercado até o meu momento atual, entendi que mais do que desenvolver peças com design é preciso entender a real necessidade do consumidor. A roupa precisa valorizar o corpo da mulher, enaltecer sua autoestima.

O grande desafio do mercado de moda é não cair na mesmice e criar peças para pessoas reais. É entender a roupa como instrumento de linguagem, despertar o mesmo desejo de compra em diversas consumidoras que são únicas e têm o seu próprio gosto, tipo físico, senso de identidade e desejo de consumo.

Antes de se tornar dona do seu próprio negócio, você atuou para marcas importantes como Pedro Lourenço, Equus, Garoa e Atelier. Como foi essa experiência e quais são as lições valiosas que absorveu deste período?

Trabalhar para estas marcas de segmentos tão diferentes e públicos diferentes me deu uma imensa oportunidade de visão de mercado. Consegui entender na prática, o quanto a escolha assertiva de matéria-prima, aviamento, cartela de cor e uma modelagem bem elaborada, pode influenciar no resultado final da coleção e consequente venda.

Criar uma base de conhecimento prático no mercado é muito importante para qualquer profissional. Tive a oportunidade de trabalhar com pessoas incríveis e extremamente competentes, adquiri muito conhecimento e isso foi fato relevante para me sentir pronta e me lançar no mercado.

Você também já elaborou figurinos para gigantes como Renault e Smirnoff. Como este trabalho lhe possibilitou o entendimento em relação ao mercado e a moda?

Eu trabalhei desenvolvendo figurino para propagandas destas marcas e foi muito interessante perceber na prática, o quanto a roupa é uma ferramenta para despertar o desejo de consumo para outros mercados.

A roupa, de fato, é linguagem e é capaz de transmitir inúmeras possibilidades de informação somente pela maneira como se compõe um look. A maneira como você abotoa a sua camisa, a pulseira que complementa sua t-shirt branca básica, etc.

Entender a mensagem que uma marca quer transmitir e transpor isso em indumentária é um exercício de criação excepcional e foi um complemento muito importante na formação do meu processo criativo.

Em que momento você sentiu segura em alçar o seu próprio voo?

Quando eu tive a necessidade de experimentar a minha própria maneira de gerenciar um negócio.

Quando você trabalha para diferentes tipos de gestão, e se coloca como observadora, fica mais claro identificar os pontos de acertos e os pontos que podem ser melhorados. Eu sempre tive muita vontade de aplicar isto, numa marca que fosse minha, que transmitisse os meus valores e o que eu acredito que uma confecção de roupa deve oferecer: peças lindas e bem elaboradas.

A OffDress já era uma ideia que você tinha desde quando começou a trabalhar neste mercado ou as coisas foram acontecendo naturalmente?

A Natália Amaral, minha irmã, foi fundamental na escolha de posicionamento da marca. Nós sempre fomos apaixonadas por moda desde muito jovens. Acreditamos na roupa como uma forma de expressão e isso pode em ambientes formais. Com este conceito, criamos a OffDress, um e-commerce em desmistificar o dress code do escritório.

Quis atingir um público que eu sinto que não é bem atendido. Entendo que a roupa social bem feita, com informação de moda e preço justo não é muito explorada no mercado.

Em meio à crise e a escassez de novidade, a OffDress surgiu para atender as mulheres que querem se sentir bem vestidas no trabalho e estão sempre em busca de novidades. Gostam do que fazem e entendem a roupa como um complemento da sua apresentação pessoal.

Quando a empreendedora Talita se funde com a designer Talita para achar uma visão única de criação e ao mesmo tempo que seja comercial?

A todo o momento, principalmente quando desenho minhas peças. Uma complementa a outra, a necessidade de criar peças bacanas a um preço justo é um desafio muito grande e a empreendedora sem conhecimento de causa não conseguiria. É preciso entender dentro das possibilidades que o mercado oferece, o que se encaixa melhor na proposta da OffDress e isso só se faz com muita criatividade e dedicação.

Como tem sido a recepção do mundo corporativo em especial?

Tem sido excelente. As pessoas estão conseguindo entender o espírito de estar bem vestida sem cair no senso comum. Minhas clientes se sentem muito bem usando minhas peças e isso é maravilhoso.

O que o mundo da moda (toda a cadeia) não tolera em uma marca e que você já notou com a sua experiência?

O que eu posso dizer como minha visão de mercado é que o mundo da moda se tornou um “supermercado de estilos”. As pessoas hoje buscam trazer à sua identidade às peças que usam. As marcas hoje em dia têm que saber oferecer isso para o seu consumidor. A possibilidade de escolha e de montar sua própria identidade.

Marcas que não se renovam, que não se aproximam do consumidor, que impõem aquele DNA engessado já não tem mais tanto espaço no mercado.

Eu sinto também, que diferente do que anos atrás, o consumidor já não consome uma marca pela vontade de ostentar, no sentido de vender uma posição social por conta de usar marca X ou Y estampada no peito. As pessoas hoje em dia consomem moda pelo design, pelo material, pela qualidade e não apenas pelo nome. Por isso que as marcas precisam estar sempre se reinventando, se aproximar do consumidor e de sua real necessidade.

Olhando o site da sua empresa, vemos que os preços são acessíveis sem deixar de lado aquilo em que você tem focado que é sofisticação e elegância. Como você conseguiu encontrar este meio termo que é fundamental em um negócio que pretende ganhar público mas sem se descuidar do seu DNA criativo?

Foi tudo muito planejado, eu busquei fazer uma coleção enxuta, mas com peças versáteis que podem resultar em inúmeras combinações.

Minha cliente pode investir numa peça OffDress tendo plena consciência que fez uma escolha inteligente, uma escolha que se desdobrará em diversos outros looks.

Sempre priorizo também a qualidade da peça, pensar muito bem nos detalhes, no caimento, na matéria-prima é imprescindível para construir o DNA da OffDress.

Pensando em um médio e longo prazo, quais são as bases que você espera formar, para que a OffDress seja um empresa valorizada, inovadora e ao mesmo tempo diferenciada no mercado?

Quero me aproximar cada vez mais das clientes OffDress. Quero entender o que elas necessitam e a partir disso criar peças que as deixarão sempre bem consigo mesmas. Quero sempre valorizar minha equipe, os profissionais de base do mercado de moda e valorizar os seus talentos, trazendo-os cada vez mais próximos da gestão.

O mercado de moda é muito fechado e explorador, a OffDress não terá essa política, quero atingir os lucros da empresa sempre valorizando os profissionais e ganhar pela quantidade de clientes satisfeitos e fiéis, que entendam que para ter uma roupa de qualidade de uma empresa de moda séria, tem de pagar o preço justo por isso.

Uma empresa que tem uma base satisfeita e valorizada, seja qual segmento for já está um grande passo à frente para o sucesso.

Para finalizar, qual o peso da sua irmã Natália na condução e na visão organizacional da OffDress?

A Nat agarrou comigo o sonho da marca ideal. Temos o mesmo brilho no olhar de vender peças para as mulheres empoderadas, em looks confortáveis.

É sob o olhar dela que sinto que estou seguindo o caminho certo, ela é a minha maior incentivadora não teria parceria melhor para compartilhar um sonho.


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