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Taw afirma que sem talento não há resultado

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Taw (nome artístico de Otávio Aoad) já é, há algum tempo, o DJ mais badalado e cobiçado das festas particulares do Rio de Janeiro. Considerado o “Rei dos Casamentos”, já fez mais de 3 mil eventos e, pelo menos, 1 milhão de pessoas já se divertiram muito sob seu comando. Com quase trinta anos de carreira, comandou festas internacionais, como um casamento em Punta Del Este e outro num castelo em Florença e fez 100 mil pessoas dançarem em pleno Réveillon na areia de Copacabana. Taw é também o criador da Rastropop e o principal nome por trás da empresa. Com talento, sensibilidade e estilo “eclético”, o DJ tem como proposta criar ambientes musicais com o perfil do contratante. Ainda assim, deixa sua marca por onde passa. Para isso, conta com grande cultura musical e pode, como poucos, se aventurar pelos mais modernos ritmos, como house, hip hop, techno e drum´n´bass, passando por estilos brasileiros como chorinhos, sambas e bossa nova, pela disco dos anos 70, pelo rock nacional e internacional, e standards americanos sem deixar a pista vazia por um minuto sequer. “No início da empresa até atuamos no modelo antigo: grava disco do artista, faz clipe, divulga em rádio, etc., mas a nossa falta de contatos e relacionamentos dentro do mercado fonográfico impedia o sucesso dessas empreitadas (apesar de sempre termos acreditado no potencial dos nossos artistas)”, afirma o produtor musical.

De DJ de festa de play para empresário bem-sucedido no mercado musical. Fale um pouco para nós dessa sua trajetória.

Foi um caminho natural. No início eu não pensava em ser empresário, dono de agência de DJs ou dono de gravadora independente. Apenas queria divertir meus amigos, fazê-los dançar como DJ ou cantar pra eles, como cantor de alguma banda de rock.

Mas as pessoas gostavam do resultado das festas e me indicavam a outras e isso foi gerando mais eventos.

Naturalmente, em algum momento, houve a necessidade de transformar isso em uma empresa formal, para crescer um pouco mais e alcançar novos mercados.

Numa época que não tinha redes sociais e outros meios, o seu negócio cresceu na base do boca a boca. Qual momento você acredita que foi decisivo nessa estratégia boca a boca, para que a Rastropop pudesse decolar?

Acredito em dois momentos marcantes desse boca a boca. Um foi antes da empresa ser criada, quando comecei a fazer mais festas de casamento e despontar como um DJ “diferente” nesse segmento, por volta de 1995. Eu caí nas graças de alguns cerimonialistas, produtores e decoradores de eventos do Rio, que amplificaram esse boca a boca para seus clientes que estavam casando.

O segundo momento, foi quando a Rastropop mudou-se do meu quarto para um escritório em Ipanema, em 2001. Nesse ano, apesar da empresa existir desde 97, fomos reconhecidos como pioneiros por dar um atendimento diferenciado aos clientes, gerando segurança e estabilidade aos contratantes. Esse profissionalismo gerou ainda mais boca a boca e, consequentemente, ainda mais eventos.

Num momento em que existem poucas gravadoras no mercado, a Rastropop está saudável. O que faz a empresa ser sólida neste momento de mudança de paradigma na indústria musical?

No início da empresa até atuamos no modelo antigo: grava disco do artista, faz clipe, divulga em rádio, etc., mas a nossa falta de contatos e relacionamentos dentro do mercado fonográfico impedia o sucesso dessas empreitadas (apesar de sempre termos acreditado no potencial dos nossos artistas).

Paralelamente a isso, éramos muito eficientes em vender nossos DJs no mercado de eventos, de festas. Esse mercado, apesar de menos “glamouroso” do que o fonográfico, é muito estável (principalmente o segmento de casamentos) e em determinado momento da empresa viramos o “artístico” para esse lado: começamos a investir em artistas que pudéssemos oferecer para esse mercado que já confiava em nós. Foi aí que colocamos o Batuque Digital nas festas, negociamos com a Rádio Hits, fizemos parcerias com alguns artistas criativos, como o Empolga às 9 e o Trilogia Carioca, e lançamos o disco do Mentaliz (um artista nosso de lounge music) em parceria com um restaurante/casa de festa, o Victória.

A sua primeira experiência como DJ, foi aos 15 anos na festa da sua prima. Como foi isso e o que não se perdeu do garoto para o DJ renomado falando em termos de emoção, ou melhor dizendo, de colocar paixão naquilo que faz e gosta?

Música é paixão! Sempre digo isso. Não adianta o garoto novo achar que vai “ser DJ” pra ganhar dinheiro. Dinheiro não pode ser o ponto principal de nenhum trabalho artístico. Primeiro vem a paixão! Se você tem paixão pelo que faz (e talento, é óbvio), você vai alcançar seus objetivos.

Minha primeira festa foi especial, pois, utilizei um equipamento de som “três em um” e um amplificador velho dos meus pais, comprei um toca discos usado e (aí, sim, eu virei DJ!) um mixer da Tarkus AP1 e fui tocar para os meus amigos!

Hoje, mesmo com os melhores equipamentos, a magia de ver todos dançando, sorrindo e se divertindo não tem preço! Costumo dizer que o “trabalho” é antes da festa: mandar orçamento, negociar, fazer reunião para ver o perfil do cliente… Mas na festa é “prazer”! É paixão!

Acho até engraçado os novos DJs optarem em fazer “só um set de 2 horas”. Eu não consigo entender isso! Quero tocar a noite inteira! Adoro isso! Não quero parar nunca!

Atualmente você é o DJ mais cobiçado para comandar as pistas de casamento do Rio de Janeiro, chegando a fazer festas de brasileiros no exterior. O que você acredita ser o seu diferencial para ter esse grande destaque nesse competitivo mercado?

Essa paixão que falei na pergunta acima é um diferencial. Percebo que os clientes claramente sentem isso e se identificam.

Mas acho que um outro diferencial que sempre tive é que sempre fui apaixonado por música. Devoro música! Não interessa o estilo, a época, o ritmo, eu adoro conhecer, ler sobre, estudar música. Acho que isso também gera uma segurança nos meus clientes: o que eles pedirem vou poder desenvolver na festa deles.

Dizem que a cena eletrônica comercial está banalizada. Como vê essa afirmação?

Eu sempre fui uma pessoa “do pop” – não foi a toa que dei esse “sobrenome” à minha empresa, Rastropop. Eu não tenho nenhum problema com o “comercial” e acredito que sempre existirá o comercial bem feito e o comercial “banal”.

É natural que depois que uma “fórmula” tenha funcionado, existam cópias dessa fórmula. Algumas cópias serão boas, outras ruins, como em qualquer produto. Se pegarmos o exemplo da gravadora Motown, aquilo era quase uma “produção em série”, uma verdadeira indústria – mas aquelas “cópias” eram de ótima qualidade! Por isso fizeram história!

Tendo a achar os DJs que se destacam na cena comercial (por exemplo, David Guetta, Calvin Harris e Avicii), muito bons, pois, conseguiram levar suas produções e músicas a um outro nível de popularidade, juntando estrelas do mundo pop, influências de country music, samples de músicas antigas e, assim, até divulgando e valorizando os segmentos mais undergrounds de onde vieram.

Quando entrevistamos o DJ Danny Dee, ele nos disse que o trabalho do DJ depende de três fatores em especial que são talento, relacionamento e visão. Qual desses três você acredita ser o mais importante e por quê?

Danny Dee é meu sócio no nosso novo empreendimento, o Estúdio Rastro, e ele é um dos DJs mais talentosos que conheço. Além de um super DJ para qualquer festa, é um exímio produtor, antenado com tudo que acontece de novo na música do mundo inteiro. Mas desses três pontos eu ficaria com o talento como o mais importante, pois, sem talento não há nenhum resultado! Entretanto, também acredito que, muitas vezes, o talento pode ser “aumentado” (ou desenvolvido) com observação, estudo, dedicação e foco.

Você cometeu alguns erros administrativos ao longo da sua jornada. Naquele momento, temeu perder o seu negócio?

Em 95 já tinha uma equipe de som (mas não tinha uma empresa formal) e era cantor de uma banda, a Nada Pessoal, com o Gugu, filho do Erasmo Carlos. Lançamos um disco independente no Canecão com participação do Erasmo, Toni Garrido, Paulinho Moska… Foi o período em que perdi o medo de arriscar. O sonho era tão grande que eu apostava sempre “tudo ou nada”. Quando “fui saído” da banda, resolvi montar o meu próprio selo e lançar meus discos.

Ou seja, montei a Rastropop para ser uma gravadora independente e lançar meus discos como cantor e outros artistas que eu gostava. Isso foi pura paixão! Uma certa loucura que ainda me impulsiona a entrar de cabeça em alguns projetos. Mas naquele momento, em 97, eu não tinha “bagagem” para entender como funciona uma empresa e não me planejava para determinadas ações – apenas fazia! Quando montamos nosso escritório em 2001, fizemos um investimento grande em estrutura, equipamentos e pessoal, e isso me gerou um custo que eu não tinha me programado. Lembro uma vez em que todos do escritório foram embora ao fim do dia e fiquei sozinho lá, no escuro, sentado no chão, quase chorando “meu Deus, o que foi que fiz”…

Mas, ao mesmo tempo, sempre tive um olhar pro futuro e conseguia perceber que isso era apenas um problema de fluxo de caixa, de refinanciamento, pois, os eventos estavam entrando, os clientes procurando, então era só manter a calma e seguir em frente.

Recentemente, você afirmou que se pudesse voltar no tempo, tomaria decisões mais profissionais e investiria em cursos de capacitação em empreendedorismo. Em que momento isso lhe fez ou lhe faz falta?

Quando vi que a empresa tinha crescido e que eu não poderia mais centralizar as decisões, percebi que tanto eu quanto meus sócios e parceiros nesse sonho precisavam desenvolver suas habilidades para executar melhor suas tarefas, mas não sabia bem o que fazer…

Quando a minha mulher foi trabalhar no Iniciativa Jovem, programa da Shell de empreendedorismo, eu pude “me ver” naqueles jovens que estavam querendo montar seus negócios e pude entender que se eu tivesse participado de um programa como aquele, alguns dos erros mais comuns aos empreendedores eu poderia ter evitado na minha empresa.

Qual a visão de um DJ renomado como você, sobre a onda de celebridades que são contratadas para serem Djs em eventos de grandes proporções?

Cada um usa as armas que têm. Acho natural se alguém quer ser DJ e tem essa “possibilidade de inserção” no mercado, usá-la.

Acho natural qualquer um querer ser DJ, eu comecei assim: apenas querendo divertir meus amigos. Mas como qualquer profissão, existe um preço a pagar, e, normalmente, esse preço não é divulgado no “glamour dos comerciais”.

Ou seja, em algum momento a celebridade vai perceber que essa vida não é tão fácil assim e essa escolha em seguir com a profissão vai ser questionada. Os que decidirem seguir em frente ainda deverão ter um mínimo de talento para se manterem no mercado.

Pois, uma coisa é certa: qualquer DJ que não corresponda à expectativa de uma festa será execrado em uma pista de dança. A “pista de dança” não tolera um DJ ruim.

Para finalizar duas perguntas em uma: como enxerga a Rastropop nos próximos anos e qual o papel da música em sua vida?

Música é essencial! Musica é paixão! Música é tudo! Não me vejo fazendo nada que não tenha alguma ligação com música.

Para o futuro, vejo que com a criação do nosso Estúdio Rastro, a Rastropop vai entrar em um novo ciclo, mais artístico, mais criativo, onde o “lado DJ” da empresa vai estar mais próximo do “lado gravadora”. E, aí, as possibilidades são infinitas.


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