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Tendências e benefícios do cashless economy

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Em tradução literal cashless significa “sem dinheiro”. Na prática, consiste na realização de pagamentos e/ou movimentação de valores sem o uso de dinheiro em espécie. Em substituição ao recurso, são usadas ferramentas eletrônicas e digitais, a exemplo de cartões de crédito, cartões de débito, PiX, entre outros relacionados. Esse termo abre espaço para o conceito “cashless economy“, que é uma economia sem dinheiro, na qual o dinheiro físico está sendo cada vez mais substituído por métodos de pagamentos eletrônicos. “Ainda que o número de pessoas desbancarizadas no Brasil seja alto – 34 milhões continuam sem acesso a bancos ou com pouco uso do sistema bancário (sub-bancarizados), o que equivale a quase 20% dos brasileiros, segundo dados apresentados no Valor Investe – o volume de dinheiro impresso segue em queda. Essa tendência mundial tem movimentado empresas e governos para a criação de suas próprias moedas digitas. No Brasil, o Real Digital está em piloto pelo Banco Central e deve ser um grande impulsionador de transações digitais trazendo ainda mais opções e funcionalidades para as pessoas que querem migrar do mundo financeiro físico para o on-line. O ano previsto para início da circulação é 2024”, afirma Tiago Costa, cofundador e diretor de produtos e tecnologia do Bankly, plataforma de BaaS que possui licença bancária própria e que vem agitando o seu mercado de atuação.

Tiago, o que é uma cashless economy?

Na tradução literal, cashless economy quer dizer economia sem dinheiro. Isso significa que nesse tipo de economia, o uso do dinheiro em espécie é muito pouco utilizado e as transações financeiras são feitas com métodos de pagamento digitais como cartão de crédito e débito, carteira digital, PIX, entre outros. Por mais que o termo pareça algo futurista, essa já é a realidade de parte da população mundial, que têm aderido cada vez mais a soluções digitais para organizar sua vida financeira, principalmente após a pandemia da Covid-19. Já existem países como a Finlândia e a Noruega aonde pagamentos em dinheiro, já correspondem a menos de 3% do total de transações de pagamentos realizadas no país. O Brasil ainda tem um caminho para chegar nessa realidade, mas o PIX nos impulsionou bastante nessa direção.

Como são realizadas as transações financeiras em uma cashless economy?

As transações são realizadas por meios digitais e que não envolvem o uso de papel-moeda. Alguns exemplos práticos são:

Fazer uma transferência via PIX; Pagar uma conta utilizando apenas o celular ou smartwatch utilizando sua carteira digital; Fazer o pagamento das suas compras utilizando cartões de crédito ou débito.

Qual é a porcentagem de brasileiros que ainda não têm acesso ao sistema bancário?

Apesar de parecer algo muito corriqueiro para nós, uma pesquisa do Instituto Locomotiva de 2021 aponta que 10% da população brasileira não possui conta em banco enquanto outros 11% não movimentaram a conta no mês anterior. Isso soma 21% da população (aproximadamente 34 milhões) sem conta em banco ou com pouco uso. O estudo mostra ainda que os 10% dos brasileiros sem conta em banco são majoritariamente do interior do país, mulheres, mais jovens (entre 18 e 29 anos), das classes D e E e menos escolarizados (com formação até o Ensino Fundamental). Além disso, mesmo entre os brasileiros que possuem conta em banco, ainda existem muitos sub-bancarizados, que não têm acesso à cadeia completa de serviços financeiros como poupança, crédito, meios de pagamento e seguros, por exemplo. Então ainda temos muito a evoluir nesse sentido!

Por que a criação de moedas digitais tem se tornado uma tendência global?

Transações em moedas digitais são muito mais seguras, pois, podem ser verificadas e possuem várias camadas de proteção. Além disso, elas facilitam o acesso a instrumentos mais complexos dos sistemas financeiros. O volume de dinheiro em espécie está em queda e os usuários estão cada vez mais interessados em soluções digitais, justamente por gerarem uma experiência mais fluida, rápida e, principalmente, segura. Isso tem impulsionado a criação de moedas digitais, ou Central Bank Digital Currency (CBDCs) por parte de empresas ou governo, para funcionarem como uma extensão do papel-moeda.

Como está sendo engendrada a moeda digital em fase piloto no Banco Central brasileiro?

No Brasil, o real digital está em piloto pelo Banco Central e deve ser um grande impulsionador de transações digitais trazendo ainda mais opções e funcionalidades para as pessoas que querem migrar do mundo financeiro físico para o on-line. O ano previsto para início da circulação é 2024. Recentemente, Roberto Campos Neto, o presidente do Banco Central anunciou que o piloto do real digital deve funcionar a partir deste mês (março de 2023). Eles iniciaram o processo através de um desafio do Lift Challenge realizado pelo laboratório de inovações financeiras tecnológicas (LIFT) coordenado pelo Banco do Brasil. Nesse desafio 9 propostas de empresas foram selecionadas para serem desenvolvidas e ajudarem a definir o que será o novo real digital.

Quais países já estão em fase de estudo para implementar suas próprias versões digitais de moedas oficiais?

A China é um dos países mais avançados nesse processo e está desde 2020 em estudo e testes para a implementação da yuan digital, versão da sua moeda fiduciária, também chamada de e-CNY. Estados Unidos, Rússia, Reino Unido e Índia também já estão em fase de estudos das versões digitais das moedas oficiais.

Como a pandemia do coronavírus afetou a expansão dos pagamentos digitais?

O cenário da pandemia de coronavírus acelerou ainda mais a expansão dos pagamentos digitais. Tanto que um estudo divulgado no site UOL revelou que esse setor avançou dez anos em apenas 12 meses tecnologicamente falando. Tudo impulsionado pelos avanços constantes das tecnologias e a enorme demanda por digitalização durante os períodos de lockdown, em que as pessoas não podiam sair de casa para ir ao banco pagar uma conta, por exemplo.

Quais são os benefícios de uma economia cashless além da facilidade de transações e redução de custos?

São inúmeros. Entre eles, a rapidez das transações e a redução de custos, como é o caso do PIX, por exemplo. Além disso, oferecem muito mais robustez e segurança ao mercado financeiro, já que transações digitais são rastreadas com mais facilidade, o que permite o uso de estratégias cada vez mais sofisticadas no combate à lavagem de dinheiro. Gerar dinheiro em espécie também é caro e os custos vão muito além da produção. Existe todo o tempo de geração das cédulas e moedas, gasto com logística, transporte, segurança. No mundo digital todas essas questões são minimizadas, além de gerar muito mais facilidade para o usuário final.

Qual é a adesão atual do PIX no Brasil e quantas pessoas utilizam carteiras digitais?

De acordo com estatísticas do Banco Central, o PIX é utilizado por mais de 117,7 milhões de brasileiros atualmente e este número segue crescendo. As carteiras digitais também seguem a mesma linha, com adesão de 89% das pessoas.

Quais são os benefícios dos meios digitais em relação à segurança nas transações financeiras?

Além da inclusão financeira, os meios digitais garantem muito mais segurança nas transações, já que facilitam o rastreamento e diminuem as chances de crimes relacionados a lavagem de dinheiro e fraudes financeiras. As instituições financeiras e de pagamento do Brasil investem muito em soluções antifraude e tecnologias de segurança para criar um ecossistema mais seguro, permitindo muito mais tranquilidade para o usuário final. Essas soluções vão desde validação biométrica no onboarding, até modelos de Inteligência Artificial para prever comportamento e ajudar na decisão de autorização de transações. Sempre com o objetivo de dar ao usuário final mais tranquilidade no acesso a seus recursos financeiros e soluções de pagamentos. Outro benefício que movimenta fortemente a economia é a capacidade de fomentar a criação de novos modelos de negócio e, com isso, gerar soluções melhores, com mais entrega de valor para os usuários finais, diminuir os preços e gerar mais empregos.

Por que os meios digitais têm fomentado a criação de novos modelos de negócio e gerado mais empregos em sua visão?

Os meios digitais geram muitas oportunidades para o mercado, em geral. Uma empresa que não é nativa do setor financeiro pode incluir serviços financeiros à sua oferta de produtos, por exemplo, melhorando a experiência dos clientes e aumentando escalabilidade, usabilidade, segurança e gerando novas linhas de receita. Além disso, o real digital, criptoativos e meios de pagamento sem fricção possuem cada vez mais aderência na população, então essas tecnologias voltadas ao setor financeiro vão continuar evoluindo, gerando cada vez mais oportunidades.

Veja o caso do Bankly, por exemplo. O nosso modelo de negócio de Banking as a Service só existe por causa dessa digitalização dos meios de pagamentos e nós permitimos que empresas não financeiras consigam lançar soluções financeiras completas em questão de dias. Há 10-20 anos levaria anos e investimentos na casa de milhões de reais para que uma empresa não financeira conseguisse a oferecer uma conta digital. Isso abre uma oportunidade enorme para novos entrantes no mercado, melhorando a experiência do usuário final que terá cada mais opções e, consequentemente um melhor serviço com menor preço.


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