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Um papo com João Cesar Pinheiro Rodrigues

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Durante todos os sábados de outubro, a cidade turística de Santo Antônio do Pinhal (SP) recebe grandes nomes do jazz. Em sua 21ª edição, o Festival é o mais antigo da Serra da Mantiqueira. Nomes como Traditional Jazz Band, Quarteto do Bocato (BCGM Jam), Bianca Gismonti Quarteto, Tuto Ferraz Quinteto entre outros, estarão presentes em concertos na praça central e em um salão de uma das muitas charmosas pousadas da cidade, que já foi eleita como um dos municípios mais seguros do estado de São Paulo. No repertório, clássicos do jazz e da MPB com uma roupagem jazzística, se unem a composições autorais. Ao todo serão doze concertos, sendo oito gratuitos na Praça do Artesão e outros quatro com ingressos a R$120,00 no salão da Pousada Jardim Suspenso da Babilônia. De acordo com João Cesar Pinheiro Rodrigues, promotor do evento, o Festival de Jazz já se tornou tradicional na região da Mantiqueira e acontece desde 1999. “Esse ano, durante o Festival também acontecerão workshops de música gratuitos para jovens da cidade.” O Festival de Jazz Jardim Suspenso da Babilônia foi viabilizado através de Lei de incentivo fiscal, via Proac ICMS da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. O evento tem apoio cultural da prefeitura, do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR) e da Associação Comercial e Agrícola de Santo Antônio do Pinhal (ACASAP).

João, produzir um evento dessa magnitude no Brasil é um desafio em que proporções?

Proporções continentais, pois, nessa 21ª versão, pela primeira vez conseguimos patrocínio pela lei do PROAC/ICMS. Tudo é novidade para nós, com significativos e imprescindíveis detalhes burocráticos que começamos a nos familiarizar agora, na marra. Desafio é a palavra certa, pois, é preciso gerenciar tensões de incertezas, prazos, riscos diversos, intempéries climáticas, músicos com imprevistos, prestadores de serviços, a parte contábil, gastronômica, marketing, etc. Todo ano antes do festival penso em fazer desse o último ano.

Aí acontece o evento maravilhoso, fico “passado de feliz” com a coisa toda, vejo todo o processo pelo lado espiritual das virtudes que se desenvolvem no fluxo, como a fé, o trabalho, o comprometimento de todos que trabalham e levam para casa, para suas famílias, o fruto desse trabalho, do porteiro ao músico, cozinheiro, garçom, técnico de som, iluminador, etc.

As emoções na hora do show, a satisfação de realizar esse sonho, que valoriza o aperfeiçoamento da qualidade dos músicos e de todos envolvidos. Acabo não me controlando e projetando o próximo ano.

Como surgiu a ideia do Festival?

O Jardim Suspenso da Babilônia nasceu como um estúdio de produção de áudio e ensaios. Embora hoje sejamos basicamente uma pousada. Então, a princípio, meus clientes eram músicos. Pensei: “o músico que mais grava, deveria ser o mais profissional, que tenha um bom nível, o de jazz, por exemplo”. Além disso, tenho um grande apreço pela música instrumental, então achei que um festival anual de jazz juntaria o útil ao agradável.

Quais foram os grandes obstáculos para a realização do festival em todos esses anos?

A falta de recursos, conhecimento, de expertise, aliados à relativa escassez de amantes do gênero.

E quais as maiores satisfações?

Vivenciar a casa cheia, na montanha, praticamente cercado pela floresta, com pessoas felizes encantadas com músicos expoentes do cenário do jazz nacional, encantadas com a gastronomia, com o lugar, com o serviço e com o astral. Isso vale mais que o dinheiro que acaba empatando zero a zero no evento em si.

Quando a cabeça de um promotor deve funcionar como a de um empresário?

Apesar do evento não ser um bom gerador de recursos, hoje indiretamente já é imprescindível para a boa ocupação da pousada em um mês de baixa temporada como outubro.

E em que momento a sua cabeça funciona como a de um agente de produções artísticas e disseminador da cultura?

Na hora da curadoria.

Como é feito a escolha do casting para o Festival?

Sempre buscando músicos instrumentistas que pela performance diferenciada, acima da média, me intrigam na questão de conseguir distinguir o que é estudo e prática, do que é dom.

Qual o principal pilar do Festival em sua visão?

Sempre focando no desenvolvimento de longo prazo, do músico com seu instrumento musical. Transcendendo a técnica em busca de uma linguagem emocional, a mais verdadeira e bela possível.

O que esperar do 21º Festival?

Sensacionais apresentações de ícones do jazz nacional no salão do Jardim Suspenso que é um lugar muito especial na Serra da Mantiqueira, que foi sonhado e feito para isso, e também na Praça do Artesão no centro de Santo Antônio do Pinhal onde acontecerão dois shows gratuitos abertos ao público às 15h e às 17h aos sábados de outubro.

Quando começou esse festival, vislumbrava que ele estaria em sua 21ª edição?

Sentia que se conseguisse os primeiros, poderia conseguir uma evolução ano após ano. Mas confesso que até eu fico perplexo quando me percebo na 21ª versão.

Qual a importância das leis de incentivo para realização desse festival?

Imprescindível, no formato que acontece este ano, onde toda a população pode desfrutar gratuitamente de oito shows na praça, e os alunos de música de Santo Antônio do Pinhal ganham quatro workshops de duas horas cada, das 10h às 12h nesses quatro sábados de outubro com esses músicos fantásticos. Sem essas leis, não seria possível, e continuaria a ser um evento restrito à relativamente poucos felizardos pagantes no salão do Jardim Suspenso da Babilônia.


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