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Uma análise minuciosa das deep techs no país

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Igor Couto é um dos principais especialistas em deep tech no Brasil, o executivo possui larga experiência em sistemas de missão crítica e implementação de arquiteturas digitais intencionais. Autor do livro “Deep Tech and the Amplified Organisation”, Igor atua como arquiteto de tecnologia em projetos estratégicos nas organizações, além de liderar programas de democratização de tecnologias digitais avançadas. É co-Ceo da 1STi. A 1STi é a principal consultoria deep tech do Brasil. Pioneira em usar o conceito para escalar negócios no país, a empresa procura resolver desafios profundos e problemas complexos de seus parceiros por meio de uma abordagem inovadora, com mensuração de resultados e análise de novas possibilidades. Ao imergir totalmente em seus clientes para entender seus desafios com propriedade, a empresa consegue encontrar caminhos inovadores para a resolução de problemas, implementando uma tecnologia com alma, arquitetada por pessoas e sempre em prol de um impacto social. “Ao chegar na raiz de um grande desafio econômico, social ou ambiental e habilitar profundamente uma tecnologia avançada e com base científica, uma deep tech cria uma posição capaz de impulsionar o avanço de todo um setor e catalisar grandes mudanças de mercado a seu favor. Por exemplo, a biotecnologia para medicina de precisão, uso extensivo de sensores para eficiência energética e da água, modelos de negócio para energia limpa”, diz.

Igor, como se encontra o ecossistema das deep techs no Brasil?

Está em formação. Temos uma aproximação importante de entidades de fomento e apoio a pesquisa, como o SEBRAE e a FAPESP, universidades de referência científica como a USP e alguns fundos de investimento em VCs (venture capital) e CVCs (corporate venture capital) e núcleos inovação aberta já se atentando para o tema, especialmente em soluções para robótica, life sciences, energia/fabricação limpa e biotecnologia, todas com muito suporte de AI e Big Data.

Como as deep techs ajudam na inovação das organizações?

Elas vão muito além da inovação incremental e adjacente. Ao elevar a proposta de valor e mudar o nível do jogo, as deep techs escalam em plataformas e ecossistemas digitais que amplificam estratégias de alto impacto nas organizações, permitindo uma lucratividade e longevidade muito maiores. Já existem estudos reconhecidos que associam um retorno de 2,5x a 5x maior o retorno do investimento em relação às tecnologias e startups tradicionais.

Por que esse novo conceito poderá revolucionar o mercado?

Ao chegar na raiz de um grande desafio econômico, social ou ambiental e habilitar profundamente uma tecnologia avançada e com base científica, uma deep tech cria uma posição capaz de impulsionar o avanço de todo um setor e catalisar grandes mudanças de mercado a seu favor… Por exemplo, a biotecnologia para medicina de precisão, uso extensivo de sensores para eficiência energética e da água, modelos de negócio para energia limpa, ou algoritmos de ciências cognitivas para educação.

Quais são as métricas usadas por uma deep tech?

Além, é claro, das métricas financeiras tradicionais de uma startup ou organização tradicional, as métricas de impacto econômico, social e ambiental e as métricas de avanço de propriedade intelectual.

Por que essas métricas são consideradas mais duras que o usual?

O desafio do fluxo de caixa um pouco diferente de um modelo de escala rápido, somado e estrutura de capital para investimento em pesquisa e a ambição, e talento necessário para realmente avançar em grandes desafios requer um modelo mais disciplinado de gestão de risco que responda às seguintes questões: Qual é o interesse da sociedade no que estamos fazendo e a relevância do impacto? Quanto nos aprofundamos no desafio e mais próximo estamos de uma primeira solução viável? Nossas métricas financeiras viabilizam nosso plano com um grau de risco aceitável? Os talentos estão engajados e construindo uma solução técnica escalável e confiável? A gestão de risco e estratégias de negócio são ainda mais importantes.

Existe outra definição sobre as deep techs que dizem que elas implementam uma tecnologia com alma. Essa seria uma boa definição?

Tecnologia com alma é um conceito que representa toda essa jornada dos empreendedores, criadores, pesquisadores e estrategistas envolvidos em buscar uma solução para algo que realmente impacte a vida de forma muito positiva. É além do cérebro e lógica dos modelos de negócio e componentes “hard tech”, mas o sonho dos visionários, o coração pulsante de uma nova forma de fazer tecnologia. Então… sim.

Quais outras definições você enxerga como sendo próximas a essa e que fazem entender todo o conceito em sua visão?

Deep Techs também são entendidas como empresas com base em descobertas científicas tangíveis ou inovações de engenharia. Eles estão tentando resolver grandes problemas que realmente afetam o mundo ao seu redor.

Em que momento a ideia de criação da 1STi começou a fazer sentido para você?

Após bastante tempo no mercado de consultoria para grandes empresas, em projetos de transformação, percebi que estamos reproduzindo modelos que claramente não irão avançar nos grandes desafios que temos atualmente como sociedade. Na primeira onda, aprendemos a construir tecnologia rapidamente e avançamos muito, sem dúvida. Mas é o momento de construir soluções fortes e profundas. E isso requer um novo olhar.

Quais os principais pilares da consultoria?

Amplificar a estratégia de negócios, para um foco em economia digital, e desenvolver soluções deep tech que habilitem uma transformação empresarial para modelos de negócio em ecossistemas de negócio e plataformas digitais que permitam escalar tecnologias de alto impacto positivo.

Como tem sido os resultados da 1STi até o momento?

Consolidamos a nossa primeira onda de crescimento e estruturamos a nossa operação no Brasil, com foco nos setores de educação e saúde, trabalhando em iniciativas de impacto que vão gerar grandes transformações em alguns líderes do setor muito em breve. Lançamos com a sociedade o Vai Na Web, uma social tech internacionalmente reconhecida por educação inclusiva e equidade de gênero e estamos já com alguns resultados em bioinformática e raciocínio digital na área da saúde. Ano passado, lançamos nos Estados Unidos e Europa um dos primeiros livros sobre o tema no mundo, e em breve, lançaremos no Brasil. Temos tido uma ótima recepção da nossa abordagem de deep tech e tecnologia com alma.

O que a consultoria poderá acrescentar ainda mais no mercado das deep techs?

Nos últimos anos estivemos não somente com executivos e líderes empresariais que irão conduzir as grandes transformações de mercado, mas também com movimentos sociais, representantes do poder público e autores nacionais e internacionais. Isso nos fez entender que o próximo passo é fortalecer o ecossistema deep tech no país e conectar a iniciativas internacionais e a grandes organizações, amplificando o impacto a ser gerado nos próximos anos.


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