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Valdomiro Bilharvas fala sobre inovação digital

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Em um mundo onde velocidade, agilidade e capacidade de identificar oportunidades podem separar líderes dos demais empreendedores, ficar para trás não é uma opção, ainda mais em meio a uma pandemia. Tendo em vista o potencial da Inteligência Artificial aliada ao Big Data para impulsionar os negócios, não surpreende que muitas empresas se envolvam numa verdadeira corrida contra o tempo. Por isso, Valdomiro Bilharvas, CTO da GO.K, consultoria de inovação digital com sede no Brasil e escritório nos Estados Unidos, respondeu algumas questões com exclusividade para o portal Panorama Mercantil a fim de esclarecer como essas duas tecnologias poderão auxiliar na retomada da economia dentro do “novo mundo” trazido pela pandemia. “Nesse longo e triste período de pandemia, tivemos um grande aumento de novos compradores online, ou seja, um comportamento até então tímido foi acelerado, por conta do público que nunca tinha realizado uma compra virtual, devido à limitação imposta às lojas físicas. Houve também um crescimento expressivo de outro tipo de comportamento, aqueles que começaram a comprar online produtos voltados para necessidades básicas, como higiene pessoal, por exemplo. Especialistas do mercado acreditam que, no pós-Covid, esses comportamentos permanecerão ativos, assim como o surgimento de novos comportamentos de compras online”, afirma o executivo.

As empresas têm usado Big Data e Inteligência Artificial durante a pandemia de forma massiva?

Até então, as empresas de pequeno e médio porte estavam utilizando de forma mais conservadora e testando alguns cenários, apenas as maiores já usavam massivamente. Porém, a pandemia acelerou todo esse processo, fazendo com que empresas de todos os tamanhos aumentassem o foco nesse tipo de tecnologia, potencializando projetos de Big Data e IA nos negócios.

Como estava esse uso antes da descoberta do Covid-19?

Já vinha sendo difundido por várias empresas em diversos nichos de mercado. Sabemos que o diferencial do mercado/produto/serviços está na Inteligência do seu modelo de negócio, e ambas tecnologias vieram para ajudar nessas questões. Com isso, podemos ter modelos escaláveis e inteligentes sobre comportamentos e atitudes dos usuários/clientes, que já existiam antes mesmo da pandemia, utilizados para obter diferencial no mercado.

O grau de assertividade por parte das empresas se torna maior com essas soluções?

Sem dúvida, esse tipo de estratégia traz um nível de assertividade muito alta para os negócios. A chave para isso é obter o máximo de dados sobre o comportamento e atitudes dos seus compradores ou potenciais clientes.

Essas soluções estão realmente impulsionando os negócios da forma como esperava?

Isso é fato, basta olhar para trás. Até pouco tempo, as empresas utilizavam estratégias e recursos como o BI (Estratégias mais reativas para tomadas de decisões), por exemplo, o que se reflete nos processos de como elas derivam valor dos dados, deixando de gerir apenas com base em dados de séries históricas e passam a dar mais foco a modelos preditivos.

Já entre os principais benefícios do Big Data e IA para os negócios, estão: redução dos custos e aumento das receitas; aumento da eficiência operacional; melhoria na tomada de decisão; melhoria de produtos, serviços e melhoria nos processos de inovação e de desenvolvimento de novos produtos e mercados. Gosto de citar exemplos como da Black Friday. Hoje, podemos ter uma análise preditiva mais rápida e com mais previsibilidade de um comprador em um site de compras online, para assim oferecer a melhor jornada.

O uso dessas soluções foi o princípio da chamada revolução digital?

Big Data e IA fazem parte da revolução digital ou final da terceira revolução industrial. Hoje, graças a esse tipo de tecnologia, podemos usufruir com muita facilidade e diversificação de produtos e serviços digitais disponíveis, como Netflix, Uber, iFood, WhatsApp, redes sociais, em geral, dispositivos conectados à internet (IOT), Google, entre outros serviços/apps que utilizamos em nossa rotina diária. Por trás desses serviços, os dados trafegados, na grande maioria, vão para um grande Data Lake (Repositório de Dados), onde posteriormente são realizados processamentos, aplicando conceitos e estratégias de Big Data e IA.

Estamos mesmo passando por uma revolução digital?

Existe um consenso entre os grandes especialistas mundiais de tecnologias, de que a revolução digital está em pleno vapor e já estamos surfando a sua onda. Trata-se de um fenômeno sem volta, comparável a revolução industrial. Essa revolução digital impacta todos os setores e o que vemos no mercado é um descompasso entre a necessidade de mudança e a prática. Resumindo, as empresas sabem e precisam ser digitais ou até mesmo disruptivas em seus negócios, mas existem grandes barreiras, como, por exemplo, processos antigos, ineficazes e altos custos com operação. Ser digital vai além da tecnologia, por isso, precisamos evoluir em processos, práticas e cultura.

Quais as vantagens dessas tecnologias para os clientes?

São inúmeras vantagens, por exemplo, um determinado site de compras poderá oferecer produtos como sugestão, baseado nas últimas compras ou, oferecer a venda de um kit de produtos ou uma venda casada, assim como indicar algo que o cliente pode estar pesquisando pelas redes sociais ou sites de buscas. Os clientes poderão ser melhor atendidos em suas reclamações, de forma mais rápida e precisa, com soluções para evitar transtornos e perda de tempo.

Qual o principal desafio das empresas quando se faz o uso dessas duas soluções?

São vários desafios, mas acredito que o maior seja encontrar pessoas capacitadas e conhecedoras do assunto. Existe uma grande lacuna no mercado, referente a alta demanda de soluções em Big Data e IA, e o baixo número de pessoas capacitadas, isso tudo em um contexto onde o trabalho está sendo remoto e o dólar bem valorizado, impulsionando brasileiros a trabalharem daqui para empresas do exterior. Outro desafio é estar preparado com modelos preditivos que possam atender a nova realidade dos consumidores que iniciou com a pandemia, clientes mais exigentes. Não poderia deixar de citar o desafio de implementar e seguir KPIs nos modelos de negócio em meio a pandemia.

Qual o papel da inovação nesse ecossistema?

Através do ecossistema Big Data e IA aplicado em modelos de negócios, é possível criar novos conceitos e produtos. Acredito que a inovação seja um conjunto de 3 pilares: (1) IOT ou Integrações; (2) Big Data; (3) IA. Por meio de dispositivos (IOT) ou integrações com redes sociais/outros sistemas, podemos obter o maior número de dados de uma forma rápida e segura, e utilizar o Big Data para processá-los, organizando e estruturando a informação. Já com a IA ou Aprendizado de Máquina, podemos aplicar padrões. Dessa forma, conseguimos aprender e corrigir problemas rapidamente.

Quais setores sentirão essas mudanças vorazes?

Comércio, em geral, incluindo Eletrônico: precificação automática de produtos de acordo com a demanda, preços dos concorrentes e disponibilidade do produto. Prateleiras inteligentes que informam o melhor momento de realizar a reposição de produtos, melhor atendimento e resolução de problemas, conhecer em detalhes os clientes através das redes sociais, assim como seu comportamento e predileções. Para os gestores, a tomada de decisão é mais assertiva e rápida.

Medicina e saúde: utilização dos mais diversos tipos de dispositivos que podem se conectar à internet e transmitir em tempo real as informações referentes às medições feitas em um paciente (temperatura, batimentos cardíacos, pressão arterial, etc.), facilitando e agilizando a comunicação entre médico e paciente.

Transportes: empresas de transportes terrestres, marítimos ou aéreos, de passageiros ou de cargas. Trata-se de um segmento que precisa de informações em tempo real, a respeito do tráfego, melhores rotas e demandas. Outro importante fator é voltado para os usuários, que podem ter a informação exata sobre o momento de chegada ou atraso de seu meio de transporte (metrô, ônibus, etc).

Agronegócio: sensores e câmeras distribuídos ao longo de plantações têm a capacidade de medir temperatura, umidade, acidez do solo, vento, entre outras informações. Algoritmos inteligentes podem realizar previsões do tempo com grande antecedência e auxiliar na tomada de decisão.

Serviços públicos e cidades inteligentes: bueiros com sensores que detectam a necessidade de limpeza, sensores que emitem alerta de enchentes, monitoramento de emissão de poluentes, câmeras para monitoramento do trânsito e de segurança pública, semáforos inteligentes, técnicas mais eficientes para identificação de sonegação de impostos, etc.

São inúmeros setores do mercado onde a estratégia aliada a tecnologia está sendo aplicada.

O que já está consolidado e que estará no dia a dia das organizações no pós-Covid?

Nesse longo e triste período de pandemia, tivemos um grande aumento de novos compradores online, ou seja, um comportamento até então tímido foi acelerado, por conta do público que nunca tinha realizado uma compra virtual, devido à limitação imposta às lojas físicas. Houve também outro um crescimento expressivo de outro tipo de comportamento, aqueles que começaram a comprar online produtos voltados para necessidades básicas, como higiene pessoal, por exemplo. Especialistas do mercado acreditam que, no pós-Covid, esses comportamentos permanecerão ativos, assim como o surgimento de novos comportamentos de compras online.


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