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Paula Paschoal fala sobre a plataforma PayPal

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Paula Paschoal é CEO do PayPal Brasil, filial de uma das maiores empresas de pagamento online do mundo. Paula é uma das principais responsáveis pela recente expansão da multinacional no país, que visa levar vantagem competitiva contra os concorrentes do setor. A revista Forbes chegou a elegê-la como uma das 40 mulheres mais poderosas do Brasil. Nascida no dia 28 de abril de 1981, é formada em administração de empresas. Ao longo de sua carreira, a executiva se notabilizou por sua atuação na área de e-commerce, sendo que foi diretamente responsável pela evolução da área na Fnac. Desde 2010, trabalha no PayPal Brasil, sendo que, em 2017, ela se tornou CEO do grupo. Ao longo de sua trajetória profissional, se notabilizou por ser uma defensora da diversidade dentro das empresas. Além de argumentar que a maior variedade de culturas dentro de um ambiente de trabalho contribui diretamente nos resultados e na inovação. Paschoal é citada como um dos exemplos de liderança corporativa e moderna da atualidade. “Somos uma empresa que tem inovação no DNA. (…) Vivemos para melhorar nossa plataforma, que é uma das mais seguras do mundo, e facilitar a vida de nossos mais de 267 milhões de clientes ativos no mundo inteiro. Mantemos laboratórios de pesquisa em vários países, cuja missão é aprimorar nossos produtos e serviços”, afirma a influente executiva.

Paula, o que impede o Brasil de ser ainda mais inovador?

O brasileiro é um entusiasta de tecnologia e inovação. Basta ver quantas horas passamos conectados à internet via smartphone – somos líderes mundiais nesse quesito. E em todas as camadas sociais. O pulo do gato para que possamos ir mais longe e atingir patamares próximos aos de países desenvolvidos é criar condições para que mais players do mercado de tecnologia possam desembarcar por aqui. E fomentar a criação de mais e mais empreendedores nessa área. Não há país que possa almejar um futuro digno para seus cidadãos sem investir em tecnologia de ponta e criação de mercados para que essa tecnologia possa ser aplicada.

Como a inovação é tratada no PayPal?

Somos uma empresa que tem inovação no DNA. Desde a criação, em 1998, dentro do ecossistema do eBay. Vivemos para melhorar nossa plataforma, que é uma das mais seguras do mundo, e facilitar a vida de nossos mais de 267 milhões de clientes ativos no mundo inteiro. Mantemos laboratórios de pesquisa em vários países, cuja missão é aprimorar nossos produtos e serviços, além de identificar as tendências de consumo online para criar novas experiências de compra e venda virtual. Inovação, no PayPal, não é limitada a uma única pessoa ou área. Todos são incentivados e desafiados a serem inovadores no seu dia a dia.

O que o PayPal espera do Brasil em 2019?

O Brasil é um país estratégico para o PayPal e isso fica evidente quando anunciamos parcerias com Itaú e Shell por exemplo. Além disso, fizemos investimentos em empresas como o Mercado Livre e adquirimos empresas com operações aqui, como iZettle. Vemos que o país vem tratando o tema das fintechs de forma madura e responsável. E aqui abro um parêntese para fazer justiça, principalmente, aos esforços do Banco Central em sua missão de criar um ambiente de maior concorrência. É ela que garante melhores produtos e serviços para os consumidores, que devem ser sempre a razão maior de todas as empresas.

Quais as vantagens da massificação do uso do PayPal?

O PayPal trabalha dia e noite para democratizar os serviços financeiros. Segundo o Banco Central, o país tem cerca de 60 milhões de desbancarizados, ou seja, gente fora da roda da economia. Mas também temos mais de um smartphone per capita no Brasil, segundo recente pesquisa da FGV. O telefone celular está se tornando o controle remoto do mundo, e é a melhor maneira de se democratizar o acesso a esses serviços. Nada mais natural do que investir nele. Atualmente, vivemos, nos países em desenvolvimento, o que chamamos de mobile first, quer dizer, as empresas trabalham desenvolvendo aplicativos e experiências digitais primeiro para os smartphones e tablets. Porém, nos mercados mais desenvolvidos, a expressão já mudou para mobile only, ou seja, apenas para esse universo, que faz parte do dia a dia de praticamente todas as pessoas. Quanto mais gente integrada ao ecossistema dos serviços financeiros digitais melhor para a economia, tanto para quem produz quanto para quem consome.

As operações do PayPal começaram no país em 2010. O que mudou de lá para cá em relação aos negócios que circundam o uso desta tecnologia?

Quase uma década depois, vimos a explosão do mercado mobile acontecer no país. Os smartphones mudaram, radicalmente, a economia nacional no decorrer dos últimos anos. Outro fator fundamental foi a evolução das tecnologias de dados, como 3G e 4G – e já estamos no horizonte do 5G, que será uma revolução dentro da revolução. Paralelamente, o mercado foi criando cada vez mais opções para que os consumidores pudessem trocar o físico pelo virtual. Hoje, o Brasil tem cerca de 923 mil lojas online, segundo a BigData Corp. E as ferramentas antifraude estão cada vez mais evoluídas, capazes de criar assinaturas comportamentais dos usuários, como é o caso do One Touch, produto que lançamos há dois anos, com maior aceitação, por parte dos consumidores, da nossa história.

Quais os fatores primordiais que favorecem o fim do papel-moeda?

Três motivos em especial me parecem especialmente bons. Primeiro, o dinheiro físico leva à evasão fiscal. É um fato. Os governos pelo mundo afora perdem bilhões em impostos anualmente só com pagamentos em dinheiro não declarados (no Brasil, segundo a Receita Federal, o montante pode ter chegado a R$ 345 bilhões no ano passado). Em segundo lugar, o dinheiro eletrônico é mais ecológico. Além do custo ambiental da produção de notas e moedas propriamente ditas, o transporte é um fator a mais de poluição. Sem falar em toda a documentação legal que cada lote de dinheiro gera, exigida pela burocracia, e na manutenção de milhares de ATMs. Por fim, o dinheiro físico é pouco higiênico. Pesquisadores britânicos do Instituto BioCote chegaram à conclusão, recentemente, de que sacar notas em um caixa eletrônico deixa uma pessoa tão exposta às bactérias quanto usar “o pior dos banheiros públicos”.

Qual o maior obstáculo para que isso ocorra de fato e em larga escala?

Em alguns países, como Suécia e Dinamarca, já está acontecendo em ritmo bastante acelerado – tanto que ambos os países já não emitem mais papel-moeda. Também nas chamadas nações em desenvolvimento, como a China e a Índia, opções tecnológicas ao dinheiro estão avançando, como o pagamento via QR Code, por exemplo, que já se pode ver em feiras livres nesses países. O futuro pertence ao dinheiro eletrônico, mas, para que ele se torne o padrão e ganhe escala, é preciso, por parte de players como o PayPal, continuar construindo um cenário baseado na conveniência e na segurança dos modelos online e virtuais. E, mais importante ainda: ele precisa ser adotado como um compromisso de Estado por todos os países.

Como o PayPal está lidando com o blockchain?

Estamos interessados ​​em quaisquer tecnologias, processos ou aplicações que possam potencializar nossa missão de inclusão financeira. Embora a tecnologia blockchain ainda esteja em seus primórdios, temos uma equipe voltada a examinar as possíveis aplicações dessa tecnologia e como ela pode resultar em benefícios demonstráveis ​​para nossos serviços financeiros.

Essa será a mudança mais profunda do mercado em que atua?

É sempre perigoso apostar em tendências tecnológicas, principalmente em um mercado que muda com tamanha velocidade. Mas trata-se de uma ferramenta que pode, sim, se tornar revolucionária. Afinal, a confiança que antes era inteiramente depositada em uma instituição mediadora das transações, como um banco, passa a ser compartilhada entre todos os que participam das negociações com as moedas virtuais. Quem checa a confiabilidade é a própria comunidade que usa o blockchain. Assim, eu e você podemos concluir uma transação financeira sem nos conhecermos e sem que seja necessário confiar em uma autoridade central, por exemplo. A própria máquina, por meio do software, é capaz de garantir, com seus algoritmos, que a confiança não seja quebrada. É algo altamente disruptivo!

Pagamento por reconhecimento facial é algo distante do Brasil no momento?

Na revolução tecnológica, os avanços dependem, quase que na totalidade dos casos, de infraestrutura e de quebra de paradigmas. Neste caso do pagamento por reconhecimento facial, a infraestrutura não chega a ser um problema no país. Mas a questão cultural pode atrasar um pouco a adoção dessa opção pelos varejistas. No início deste ano, a eMarketer lançou uma pesquisa/paper sobre essa tecnologia, levando em conta o mercado chinês. E concluiu, entre outras coisas, que, se para os brasileiros e outros povos, o reconhecimento facial pode ferir barreiras éticas, para o chinês, essa tecnologia é mais aceitável. A pesquisa apontou que 62% dos consumidores na China dizem gostar de usar itens biométricos (entre eles o reconhecimento facial) como método de pagamento. Além disso, 61% preferem o self-checkout (quando você mesmo passa os produtos pelo leitor de código de barras, coloca-os nos saquinhos, paga e vai embora) e 41% dizem gostar de comprar em lojas físicas não tripuladas (ao estilo da loja-conceito que a Amazon abriu na Califórnia, por exemplo). Já no Brasil, o próprio self-checkout ainda encontra uma barreira cultural importante, pois, os brasileiros são muito afeitos ao atendimento humano, segundo a pesquisa. Ou seja, é preciso quebrar um paradigma enraizado para evoluir tecnologicamente. Mas o padrão biométrico será o futuro de todos os mercados.

O que significa liderar uma organização como o PayPal para a sua carreira em especial?

No decorrer da minha carreira, fui me preparando para assumir o cargo que ocupo hoje. E essa evolução ocorreu subindo um degrau de cada vez – não acredito em queimar etapas para atingir níveis mais altos. E sou muito grata pelo fato do PayPal ter me dado inúmeras oportunidades de crescimento tanto no âmbito pessoal quanto no profissional. Entrei na empresa em 2010, após ser contatada por um headhunter para ser Chefe de Desenvolvimento de Negócios e Serviços Comerciais no PayPal. O convite surgiu porque ele viu, no LinkedIn, minha vasta experiência junto ao varejo (depois de passar por Transamérica, Amcham, AMD e Fnac). Uma vez no cargo mais alto da companhia no país, que assumi em meados de 2017, admito que não tinha expectativa de passar por muitas mudanças, pois, já exercia função de liderança havia vários anos. Inclusive, já me reportava diretamente ao diretor-geral do PayPal para a América Latina havia algum tempo.

Mas a realidade se mostrou bastante diferente do que eu imaginava. Ter o nome impresso no contrato social trouxe um nível de responsabilidade que me tirou da zona de conforto, gerou exposição junto à imprensa e demais stakeholders e aumentou, de forma significativa, minha presença em eventos pelo Brasil inteiro. Então, a partir daí, passei a refletir sobre meu papel no mundo e que legado gostaria de deixar. Sempre sonhei ser mãe. Ao analisar a experiência pessoal, notei a falta de incentivo às mulheres interessadas em seguir carreira executiva por causa do mito da inalcançável harmonização entre vida pessoal feliz e trajetória profissional de sucesso. Infelizmente, ainda faltam exemplos de casos bem-sucedidos mostrando o chamado “caminho das pedras”. E é com esse objetivo, de mudar o atual panorama da mulher executiva ou que trabalha, que dedico parte do meu tempo fora do escritório.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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