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Zé Renato aposta na liberdade musical

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José Renato Botelho Moschkovich (mais conhecido como Zé Renato) é um cantor e compositor de reconhecida originalidade. Aos 9 anos de idade, Zé Renato atuou em uma peça de teatro dirigida por Zbigniew Ziembinski. Na adolescência aprendeu a tocar violão, participou de festivais de música e em 1977 integrou o grupo Cantares. Em 1982 lançou um álbum solo “Luz e Mistério” e em 1978 fez parte da primeira formação do grupo Boca Livre. Em 1986 formou com Cláudio Nucci, Ricardo Silveira, Marcos Ariel, Zé Nogueira, Jurim Moreira e João Batista, a Banda Zil, no ano seguinte integrou a banda do talentoso guitarrista norte-americano Al Di Meola. Nos anos 90 lançou de vez em carreira solo. “Com Pat Metheny [guitarrista de jazz norte-americano, considerado uma lenda viva, 1954 – ] fiz apenas um ensaio, mas não cheguei a tocar de fato. Com Al Di Meola [guitarrista norte-americano, 1971 – ] participei do disco “Tirami Su” e excursionei durante um ano pelos EUA e Europa. Foi uma experiência ótima em vários sentidos dentre os quais a oportunidade de lidar com um esquema detalhista de produção, com horários rígidos e outros cuidados que até então não faziam parte da minha vivência. (…) Claro que com o passar do tempo as referências aumentam e é natural que trechos de novas composições se cruzem”, afirma o músico nascido em Vitória capital do Espírito Santo.

Aos 9 anos, você atuou em uma peça de teatro dirigida por Zbigniew Ziembinski. Existiu alguma influência no seu universo artístico depois dessa experiência?

Apesar de achar que toda experiência significativa incorpora-se automaticamente às nossas vidas, e nesse caso estava rodeado de alguns dos mais importantes atores da história do teatro brasileiro, acho que pouco absorvi já que era muito novo e não tinha muito jeito pra teatro. Ficaram as lembranças da convivência com Ziembinski [ator e diretor de teatro, cinema e televisão, 1908 – 1978], Madame Morineau [atriz francesa naturalizada brasileira, 1908 – ], Iracema de Alencar [atriz, 1900 – 1978], José Augusto Branco [Começou a carreira na Rádio e TV Jornal do Commercio de Recife, em 1961. Atuava como radio-ator e apresentador de programas de auditório na rádio, e ator e apresentador na televisão, 1942 – ], Miguel Carrano [ator, 1939 – 1987] e Suzana de Moraes [atriz e diretora de cinema e televisão, 1940 – 2015] e as maravilhosas cassatas napolitanas consumidas em larga escala durante a temporada.

A música deve ter um papel social?

A música, antes de mais nada, deve ser totalmente livre. E dessa maneira sua atuação na sociedade pode eventualmente servir de veículo para ajudar em causas sociais e políticas sempre, a meu ver, sem abrir mão da liberdade criativa.

Você acredita que a música é um processo inacabável?

Sim. Claro que com o passar do tempo as referências aumentam e é natural que trechos de novas composições se cruzem com partes de algumas das milhares de canções que não cessam de ser compostas.

Em 2001/2002, você lançou o álbum “Filosofia” com canções de Noel Rosa e Chico Buarque. Gostaria de saber como foi a concepção desse álbum em particular.

Foi uma ideia simples e até um pouco óbvia de reunir canções de Chico e Noel, uma de suas maiores influências. Tentei na medida do possível escolher um repertório que combinasse com minha maneira de interpretar e, ao mesmo tempo, se ajustasse a concepção da sonoridade do disco baseada no Trio Madeira Brasil, acordeom, percussão e piano com arranjos do maestro Leandro Braga.

Existe alguma influência no seu jeito de compor, que lembre algo de Noel Rosa e Chico Buarque na sua definição pessoal?

Acho que sim. Sempre que gosto de algo isso vai para uma espécie de caixa/reservatório interno que se manifesta quando o processo criativo é acionado.

Você foi fundador do grupo Boca Livre, que se destacou pelo seu estilo refinado de fazer música. Este refinamento, ainda cabe no mainstream musical brasileiro nos dias atuais?

Tento não pensar muito a respeito e seguir sempre minha intuição. Essa é a maneira que sei lidar com música. Consideração com o público é não pensar nele, no momento da criação, sigo essa cartilha.

O que considera ser primordial, quando se decide fazer uma música mais experimental como já realizou em alguns momentos de sua carreira?

Os voos, quaisquer que sejam, são baseados em amadurecimento, vivências que aos poucos vão sendo incorporadas e que ajudam a compor um traçado, uma assinatura que julgo ser fundamental para qualquer atividade artística.

Qual foi o detalhe na produção dos seus discos, que passa despercebido para quem ouve, mas que para você faz toda a diferença?

Acho que principalmente o meu trabalho como violonista e harmonizador, isso é muito pouco percebido. Não é queixa, apenas constatação.

Críticos dizem que o seu disco de 2014 “O vento na madrugada soprou”, tem uma ousadia e brasilidade singular. Você concorda com essa definição?

Fico feliz, mas não costumo comentar críticas contra ou a favor. Quando faço um trabalho penso primeiramente na minha satisfação e torço para que a maioria das pessoas goste.

O que você absorveu para a sua carreira a posteriori, depois de ter tocado com Al Di Meola e Pat Metheny?

Com Pat Metheny [guitarrista de jazz norte-americano, considerado uma lenda viva, 1954 – ] fiz apenas um ensaio, mas não cheguei a tocar de fato. Com Al Di Meola [guitarrista norte-americano, 1971 – ] participei do disco “Tirami Su” e excursionei durante um ano pelos EUA e Europa. Foi uma experiência ótima em vários sentidos dentre os quais a oportunidade de lidar com um esquema detalhista de produção, com horários rígidos e outros cuidados que até então não faziam parte da minha vivência.

Poderia nos falar um pouco sobre o seu novo CD?

É um CD com os “desguardados”, canções inéditas com diversos parceiros. Entre eles Joyce, Nei Lopes, João Cavalcanti, Paulo Cesar Pinheiro e Capinan. Um momento de reconhecer e agradecer aqueles que me abasteceram (e continuam me abastecendo) em fontes tão diversas e enriquecedoras.


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