A saúde da mulher merece ações perenes de conscientização e alertas para reforçar a importância da prevenção de doenças crônicas como diabetes, obesidade e distúrbios hemorrágicos. O acompanhamento médico e tratamento regulares de quem já possui o diagnóstico, especialmente diante de um cenário preocupante que envolve o crescimento do número de casos, também precisa ser reforçado.
No Brasil, o diabetes é um problema de saúde significativo para as mulheres. Os dados divulgados recentemente pelo Estudo Observatório de Atenção Primária em Saúde, da Umane, com base na pesquisa Vigitel – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico – de 2021 do Ministério da Saúde, apontam que as mulheres representam 57% das pessoas com hipertensão e com diabetes nas principais capitais brasileiras. Outro dado relevante apontado foi que, em 15 anos, os casos de diabetes cresceram 54% no público feminino.
A obesidade também é uma preocupação crescente no Brasil, dados desse mesmo estudo reforçam esta séria questão. O país tem mais de 19,5 milhões de pessoas com obesidade ou sobrepeso, sendo que 29,6% dos casos acometem mulheres. É importante lembrar que a obesidade, além de ser uma doença crônica por si só, está associada também a diversas outras comorbidades, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer, em especial os cânceres frequentes em mulheres como os de mama, ovário, endométrio e intestino que têm forte associação com o excesso de peso. No que se refere à fração de câncer atribuível ao sobrepeso e obesidade, mais de 5% dos cânceres em mulheres são atribuíveis a este fator de risco na população acima de 30 anos de idade no Brasil.
A mortalidade materna é outro cenário que também apresenta piora e que não pode deixar de ser mencionado. Mesmo após a pandemia, os números ainda permanecem altos. Em 2021, a razão de mortalidade materna apontava que, a cada 100 mil nascidos vivos, 113 mortes de gestantes e puérperas foram registradas. Esse número é quase o dobro do que foi registrado em 2019. E as mortes, na maioria dos casos, foram por causas evitáveis como hipertensão, hemorragias e infecções, segundo dados do Ministério da Saúde, compilados pelo Observatório Obstétrico Brasileiro.
Os dados e estatísticas citados aqui ressaltam a importância de programas de prevenção, conscientização e acesso a cuidados de saúde adequados para as mulheres no Brasil. Promover hábitos de vida saudáveis, oferecer atendimento médico especializado e educar sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado são fundamentais para reduzir a prevalência e os impactos dessas doenças crônicas na saúde feminina.
“Nós precisamos continuar lutando pelo acesso à informação de qualidade e ao tratamento. É importante lembrar que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o acompanhamento médico e a distribuição de medicamentos para diversas doenças crônicas. E que é importante esclarecer que doenças crônicas, como diabetes e obesidade, precisam desse cuidado a longo prazo, pois não têm cura e dependem, muitas vezes, de atendimento com diferentes especialistas”, diz Priscilla Mattar, endocrinologista e diretora médica da Novo Nordisk.
É importante ressaltar que a consulta regular a profissionais de saúde é essencial para acompanhar o bom funcionamento do organismo, bem como para receber orientações personalizadas. Além disso, seguir as diretrizes e recomendações médicas é fundamental para a prevenção e o controle de doenças crônicas. Mas, algumas medidas servem tanto para prevenir o surgimento das doenças crônicas quanto para ajudar as pessoas que já têm o diagnóstico e estão em tratamento, a ter uma vida ativa e com muito mais qualidade. Entre as principais medidas estão:
– Adotar alimentação saudável baseada em dieta equilibrada;
– Diminuir o consumo de alimentos ricos em açúcares, gorduras saturadas e sódio;
– Manter um peso saudável e adequado ao tipo físico;
– Praticar atividade física regularmente que possa ser incorporada na rotina diária.
– Evitar o consumo de cigarro e bebidas alcoólicas;
– Gerenciar o estresse e ter boa qualidade sono;
– Realizar exames de rotina como testes de glicemia, colesterol, pressão arterial, eletrocardiograma, mamografia e papanicolau, de acordo com as recomendações médicas. Esses exames podem ajudar na detecção precoce de doenças e na definição do tratamento adequado.
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