Lessandra Michelin tem graduação em Medicina pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (1997); Residência Médica em Infectologia pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre-Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre (2000); pós-graduação em Auditoria Médica pela Universidade Gama Filho-RJ (2004); Mestrado (2003) e Doutorado (2008) em Biotecnologia-Microbiologia pela Universidade de Caxias do Sul; Advanced Course of Vaccinology at Fondation Mérieux & Université de Genève (2013) e Medicina Hospitalar pela Sociedade Brasileira de Infectologia (2017). Atualmente, é professora de Infectologia e Pós-Graduação da Universidade de Caxias do Sul (UCS); Pesquisadora do Instituto de Ciências da Saúde da UCS; Coordenadora do CCIH do Hospital Unimed Caxias do Sul e infectologista da Central de Vacinas e do Atendimento Domiciliar e Serviços Próprios – Unimed Nordeste RS. Também é assessora da Vigilância Epidemiológica do Rio Grande do Sul e do Programa Nacional de Imunizações (CTAI-PNI). Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Infectologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Vacinas, Medicina do Viajante, Antimicrobianos e Infecções Relacionadas à Assistência em Saúde. “As maiores falácias são considerar a doença como não ameaçadora, ou comparar a uma gripe comum”, afirma a infectologista.
Doutora, quais as maiores falácias ditas sobre o coronavírus até agora?
As maiores falácias são considerar a doença como não ameaçadora, ou comparar a uma gripe comum. O SARS-COV-2 e o Influenza são vírus diferentes com perfis diferentes de apresentação de doença e evolução.
O que existe de concreto até agora sobre o Covid-19 e que a senhora aprova como informação correta?
Há diversas afirmações corretas sobre transmissibilidade, infectividade, virulência, quadro clínico, mortalidade e diagnóstico já comprovados em diversos artigos científicos que trazem informações consistentes baseadas em evidências científicas.
Os casos podem aumentar com a chegada do inverno em nosso país?
É esperado que com a queda de temperatura, as doenças infecciosas respiratórias sejam mais frequentes, entre elas a Covid-19.
A Flórida registrou uma transmissão inexplicável de coronavírus. Essas mutações preocupam?
Sempre preocupam, mas o vírus se adapta às mudanças rapidamente e isso não é uma novidade para a área médica. Se espera que não sofra mutações que possam influenciar na sua taxa de transmissão.
Fale sobre os riscos de transmissão para uma pessoa que não teve contato com outros infectados.
A pessoa que não teve contato prévio com o microrganismo é chamada de suscetível e pode pegar ao entrar em contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas.
Quais as principais diferenças da forma mais agressiva do H1N1 e do coronavírus?
As principais diferenças são as apresentações de quadro pulmonar clínico e radiológico, e evolução clínica.
Existem similaridades?
Sim, o quadro inicial de sintomas leves e moderados é semelhante, bem como a possibilidade de acometer outros órgãos como coração, sistema nervoso central e sistema renal.
Ainda não existem tratamentos específicos para o coronavírus. Quais as maiores dificuldades para a busca de soluções para o combate desse novo vírus?
Sempre o tratamento de vírus é complexo pelas suas mutações. Medicamentos devem influenciar em várias etapas do ciclo viral ou na entrada na célula a ser afetada, por isso a complexidade.
Como avalia a atuação da OMS neste caso?
A OMS teve um posicionamento que envolve aspectos técnicos e políticos, e nunca é fácil ter decisões em âmbito mundial com tantos países diferentes e em regiões diferentes.
A Organização demorou a tratar o surto como pandemia?
Devido à taxa de transmissão, já se esperava que a disseminação viral fosse se tornar pandemia. Era uma questão de tempo e certamente a OMS já tinha diagnosticado isso. Mas as ações dependem também do apoio de governos e seus interesses.
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