A Paschoalotto, empresa de recuperação de crédito e de relacionamento entre empresas e consumidores, tem Wilian Luis Domingues como seu novo CIO desde março deste ano. Domingues, que já ocupou a posição na companhia entre 2016 e 2018, retorna à Paschoalotto para apoiar sua jornada de transformação digital. As prioridades do executivo são o fortalecimento de área de TI e unificação de todos os departamentos, com o objetivo de criar uma área “sólida e alinhada”. Ele defende também uma atuação mais próxima da TI ao negócio. “Queremos que a TI seja mais um de nossos diferenciais competitivos e para isso criarei uma estratégia clara para todo o negócio, refletindo como faremos para implementar soluções simples, rápidas e objetivas, que vão de fato mudar a experiência de nossos clientes e dos clientes deles. Tudo isso suportado por governança e segurança da informação”, afirmou o executivo. Na nova jornada junto à Paschoalotto, Domingues será responsável pelas iniciativas de LABs, inovação, data center e segurança da informação da organização, liderando um time formado por mais de 300 profissionais. Nesta entrevista ao Panorama Mercantil ele fala sobretudo da transformação digital na China e como o Brasil pode aplicá-la em seu próprio mercado. “A China passou por diversas ondas de transformação digital e isso começou há alguns anos. Em cada onda o avanço foi muito significativo”, afirma.
Willian, que lições podemos aprender com a transformação digital na China e como podemos aplicá-las ao nosso próprio mercado?
A China passou por diversas ondas de transformação digital e isso começou há alguns anos. Em cada onda o avanço foi muito significativo até que chegaram ao ponto de ter uma aplicação que estivesse permeando toda a camada social do país. Nesse ponto a escala, que é bem difícil, havia sido atingido. Então daquele ponto em diante era só pensar em novas aplicações e experiências. No nosso mercado a grande diferença é que se olharmos para um cenário semelhante, a aplicação que é capaz de escalar da mesma forma pertence a uma empresa. Esse fator faz com que tenhamos que tomar mais cuidado com a privacidade dos dados.
Qual foi o papel fundamental do Alibaba e do Taobao no início do e-commerce na China e como essa experiência impactou a digitalização do mercado chinês?
A palavra principal foi confiança. Essas plataformas permitiram um aumento de confiança do consumidor. Ao mesmo tempo, incluíram tecnologias novas como a QR Code que é simples de se usar e todo aparelho celular tinha a capacidade de usar, independentemente de sua versão de sistema operacional.
Como o WeChat Pay revolucionou os pagamentos digitais na China, especialmente com o uso inovador de QR Code, e quais insights podemos tirar desse movimento?
Importante salientar que o WeChat é um aplicativo quase que obrigatório para as pessoas que moram ou visitam a China. Ele se tornou um grande HUB de aplicações concentrando experiências das pessoas, finanças, governo e transporte. O QR Code foi uma solução que permitiu que qualquer pessoa conseguisse acesso a plataformas. O QR Code não fazia distinção de aparelhos ou SO.
Quais elementos da revolução digital chinesa você acredita que podem causar uma disrupção no mercado de pagamentos digitais brasileiro?
No nosso cenário hoje, a única ferramenta capaz de produzir uma experiência em massa e escalar é o WhatsApp. Nesse sentido penso que o WhatsApp pode ser uma aplicação que pode ocupar um lugar de destaque quando falamos de Pagamentos P2P e P2M, concorrendo com serviços de alguns bancos, especialmente os digitais.
Por que a disseminação de smartphones e a bancarização digital das pessoas são fatores críticos de sucesso para o avanço dos pagamentos digitais no Brasil, semelhante ao que aconteceu na China?
Porque os celulares em breve serão “bancos”. Não é fácil de explicar isso, mas certamente os aparelhos celulares serão extensão das pessoas quanto a governo, finanças e bancos. As aplicações que usamos normalmente estarão cada vez mais conectadas com o mundo financeiro, principalmente com o avanço do Open Finance.
Quais são as principais diferenças entre os SuperApps, como o WeChat, e os aplicativos mais específicos, que resolvem problemas mais pontuais, em termos de atendimento às necessidades dos usuários?
Os SuperApps funcionam como HUBS de aplicações, possuem certa padronização e com isso tendem a reduzir um pouco a experiência do usuário em detrimento de uma padronização de dados e de conexões entre aplicações e bancos de dados. Já os Apps específicos têm a habilidade de trazer experiências melhores porque são mais independentes.
Por que a regulamentação é necessária para garantir um ambiente de negócios justo e seguro no setor de pagamentos digitais, mesmo que possa parecer um obstáculo para a inovação?
Não acho que regulamentação traga um obstáculo para inovação. Na minha visão a regulamentação é mais um tipo de framework que os criadores de aplicações precisam seguir.
Qual é o papel do PIX e do WhatsApp Pay no caminho para uma nova era no setor financeiro brasileiro, e como eles se comparam aos SuperApps chineses?
São coisas distintas que podem em curto prazo se unir. O PIX tem seu papel de facilitar as transações e o WhatsApp Pay de fazer isso dentro de uma aplicação que também poderia ser a tela de um banco digital. A questão é que a escala que o WhatsApp tem no Brasil pode ser um diferencial competitivo para a Meta se o WhatsApp Pay usar o PIX como plataforma.
Como garantir que todos os players do mercado tenham oportunidades iguais no setor de pagamentos digitais brasileiro, evitando uma concentração excessiva de poder?
A tecnologia foi no passado uma barreira de entrada e hoje não é mais. Hoje a barreira é a escala. Escalar uma aplicação requer muito investimento. Acredito que ter uma plataforma única como o PIX é um bom caminho, mas a diferença entre liderar e estar em outros lugares será sem dúvida a escala.
Quais são as incríveis oportunidades que a economia digital oferece para o Brasil no setor de pagamentos digitais, e como podemos aproveitá-las de forma equilibrada e benéfica?
Estamos só no começo de nossa jornada digital quanto a finanças. Programas para recuperação de crédito, oferecimento de crédito, seguros e outros serviços serão em breve ferramentas diárias das pessoas.
Por fim, como você vê o Brasil se posicionando na disputa global pela inovação no setor de pagamentos digitais, considerando a transformação digital na China e as mudanças que estamos vivenciando?
O Brasil por si só já te um mercado gigante para fazer qualquer experiência digital com as pessoas. Nosso sistema financeiro é reconhecido pela inovação. Certamente temos empresas e startups com tecnologias prontas para serem exportadas a outros países. O Brasil sem dúvida é um protagonista nesse cenário.
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