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Camila Haik mostra o amor total em sua obra

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Para sentir-se livre e viver a vida intensamente, o simpático e sonhador marinheiro Miguel se aventura pela imensidão do mar e pelas ondas das praias do Rio de Janeiro. A sinceridade presente nos olhos cor de mel do surfista encantou a jovem Camila. A paixão foi quase instantânea, ainda que despretensiosa. Ao emprestar o nome para a protagonista de “meu sonho me contou”, a escritora carioca Camila Haik causa, de imediato, a impressão de que se trata de uma autobiografia. Na história, a protagonista é também uma escritora. Ela acaba de escrever um livro quando conhece Miguel e é surpreendida com um convite para passar alguns dias na casa dele – e aceita. O enredo relaciona momentos comuns da rotina – como ensinar alguém a fazer café – com reflexões sobre a vida e os sentimentos. Na narrativa, o leitor é quase personagem, uma espécie de ouvinte dos desabafos e conselhos de Camila, enquanto a instigante história de amor se desenrola. Assim como para o leitor, a história também se apresenta por meio de cartas para Miguel e para psicóloga, Joana. Foi com ajuda da profissional que Camila encontra o caminho para conectar o físico, o espiritual e o mental. Ao acessar os sentimentos mais íntimos e puros da protagonista, o enredo faz refletir a respeito das próprias emoções – e o quanto cada um pode e deve se colocar em primeiro lugar no amor e na vida.

Camila, escrever tem um efeito de cura ou libertação para você?

Um pouco dos dois. Vou explicar!

Eu costumo dizer que escrevo para me libertar e, para ser sincera, é exatamente isso. Eu escrevo para libertar tudo o que está preso dentro de mim. Então, tem um efeito de libertação, mas a partir do momento que eu me liberto, eu consigo ajudar outras pessoas a se libertarem, também. É através disso que minha escrita se transforma em cura, para que eu possa abraçar novos corações por aí. Quando a gente se liberta, a gente se cura para ajudar o mundo a se curar. Acredito que isso aconteça em forma de abraço, aquele abraço bonito que a gente precisa para seguir.

Como as observações externas são fundamentais na hora de colocar os seus sentimentos no papel?

São fundamentais a partir do instante em que elas precisam contribuir para a minha inspiração. E praticamente tudo me inspira. Então, na verdade, o externo me transforma em poesia. É assistindo ao mar brilhar que escrevo meu livro, é mergulhando na cachoeira que sinto a imensidão das páginas, é pegando sol que entendo a magia das palavras. Dentro de mim, tudo acaba se tornando um só. E isso é lindo.

E as suas reflexões internas?

Minhas reflexões internas são quem eu sou. E eu só consigo tomar consciência delas porque faço terapia. É muito importante falar isso, entende? Meus pensamentos não param de chegar e a escrita vem para me salvar. Se não fosse pela minha psicóloga, minhas reflexões internas não teriam lógica, muitas das vezes. “meu sonho me contou” foi um presente do meu inconsciente para que eu pudesse me libertar do que não consigo controlar.

Como essa mescla de observações e reflexões foram essenciais na hora de criar “meu sonho me contou?”.

Eu sonhei com “meu sonho me contou”, então minhas reflexões internas estavam doidas para serem concretizadas! (Risos.) Mas o mar me ajudou 100%. Se não fosse pelo mar, o livro não teria saído. A mescla de observações foi o ponto de equilíbrio, sabe? Foi sobre achar um meio-termo para escrever. E me libertar. E me curar.

O que faz essa obra ser única em sua visão?

Toda obra acaba sendo única dependendo do ponto de vista, mas a forma com que “meu sonho me contou” foi escrito traz a sua unicidade. O leitor é um personagem do livro, é aquele a quem Camila recorre para contar suas aventuras. O livro é um grande conselho de vida, um espaço para que todo mundo possa imaginar um mar para chamar de seu.

Qual a importância da conexão entre leitor e escritor num livro dessa magnitude?

A verdade. O livro tem que ser verdadeiro para que o leitor possa se identificar e entender a mensagem principal – que muitas vezes vem do coração de cada um. “meu sonho me contou” foi escrito com o coração, como um presente para todo mundo que decidir mergulhar em águas tão profundas quanto o oceano, mas, principalmente, como um choque de realidade para quem precisa entender que o verdadeiro amor deve ser o próprio. É o pé no chão que a gente precisa para aprender a voar.

Trazer o leitor para dentro da obra como quase um personagem é o marco maior dessa obra?

Sim! É a forma com que eu me comunico, entende? E é um dos maiores elogios que recebi. “Parece que eu estou conversando com você”, me falam sempre. E eu acho isso lindo!

Razão e emoção estão em constante equilíbrio em sua vida. Esse seria o segredo para uma vida mais ditosa?

Pode-se dizer que é um segredo, sim, mas acho que é mais que isso. É uma busca eterna, né? Nem sempre vai ser fácil. Estar em equilíbrio é bom, mas pode ser confuso, às vezes. O segredo para uma vida mais ditosa consiste em ser quem a gente é. E, se vai ser por meio da razão ou da emoção, enfim, cabe a cada pessoa dizer.

Essa razão e emoção são os nortes que fazem a magia do seu ofício?

Sim! Quase tudo me emociona e a emoção é fundamental para a minha escrita, mas, se não fosse pela razão, eu não colocaria meus pés no chão para escrever. A razão me traz para o eixo, enquanto a emoção me faz voar. Minha magia é saber expressar tudo o que sinto por meio das palavras que saem de mim – e que me acolhem sempre.

O que você espera que os leitores absorvam de cada linha lida do seu trabalho?

Eu espero que eles absorvam amor. E que eles entendam que, por mais que minha experiência tenha sido de um jeito, isso não quer dizer que a deles também precisa ser. Cada um tem uma opinião, uma vivência. E isso é o que nos faz continuar. Meu trabalho me traduz, minha arte me abraça, meu livro me acolhe. Mas, mais que isso, é a minha pessoa que me mantém viva. E é ela quem eu devo agradecer.

Que palavra definiria a essência de “meu sonho me contou?”.

Mergulho. Esta é a palavra. “meu sonho me contou” te faz mergulhar em mim para mergulhar em você. Não sei se faz sentido, mas é o que eu sinto. E, como está escrito no livro, “eu espero que você sinta”. Eu espero que todo mundo sinta. E mais, sempre mais.


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