De acordo com o dicionário ‘ser sustentável’ significa algo realizado de modo consciente com a finalidade de se manter sem que haja prejuízos futuro. Muita utilizada quando falamos do contexto relativo ao meio ambiente, o desenvolvimento sustentável também pode ser aplicado a outras áreas. Na gestão de pessoas, por exemplo, a aplicação de ideias, estratégias e demais atitudes que sejam economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente diversa, a fim de viabilizar a performance e produtividade dos colaboradores sem que ocorra prejuízos aos mesmos, são consideradas sustentáveis. ‘A gestão sustentável engloba todos os valores e cultura da empresa, a comunicação interna deve ser realizada com foco na estratégia organizacional, o relacionamento com colaboradores vira prioridade e todos os profissionais transformam-se em personagens ativos na construção de uma marca empregadora sólida’, é o que explica Joseane Freitas, CEO e fundadora da Perfix Consultoria, empresa especializada em RH Estratégico e Gestão ativa. Ou seja, para promover a alta performance e produtividade sustentáveis, a cultura organizacional deve guiar as normas e valores da instituição, alinhando os comportamentos com os objetivos estratégicos e gerando um valor agregado à todas as ações realizadas, visando assim, o crescimento contínuo dos colaboradores, e, consequentemente, do negócio.
Joseane, como podemos definir uma produtividade sustentável?
Ouvimos muito sobre consumo sustentável, desenvolvimento sustentável, que significam que esse consumo ou desenvolvimento estão sendo realizados de modo consciente. Então, esse termo sendo utilizando para a produtividade, no meu ponto de vista, tem a ver com a sua capacidade de trabalhar sem que isso afete a sua saúde, o seu relacionamento, etc. Ou seja, estamos falando do bem-estar dos colaboradores de uma forma geral.
Quais os aspectos mais importantes para se obter essa produtividade sustentável?
No meu ponto de vista, você precisa ter clareza do que é importante para você, de quais são os seus valores inegociáveis, para que assim, você consiga ter uma base importante para manter uma produtividade que não afete o seu bem-estar e a sua saúde. Então, é fato que haverá momentos que você terá que se dedicar um pouco mais ao trabalho, e isso pode afetar alguma outra área da sua vida, mas é um período que é temporário e ele deve ser definido por um propósito, por um objetivo, por algo que você quer atingir e alcançar. Na medida em que você atinge e alcança as metas estabelecidas, você restabelece sua rotina normal.
Portanto, o aspecto mais importante para você obter essa produtividade sustentável é ter clareza dos seus objetivos, ter clareza do seu propósito, daquilo que é importante para você e quais os seus valores inegociáveis. A partir daí, você começa a tomar decisões para manter uma produtividade sustentável.
Como a cultura da empresa pode ser benéfica ou prejudicial para essa produtividade?
Para a cultura da organização ser benéfica ou prejudicial para a produtividade sustentável, muito se tem a ver também com o estilo, com o perfil individual de cada pessoa. Há indivíduos que se adaptam a uma cultura mais agressiva, uma cultura que tem foco em resultados, e há pessoas que não se adaptam a uma cultura assim. Então, é preciso entender qual é a cultura daquela empresa e se ela está relacionada com o seu estilo de vida, com o que você está buscando, com as suas características, isso faz com que você tenha ‘match’, na verdade, fit cultural, e isso pode te ajudar ou te atrapalhar em relação a sua produtividade. Caso você não tenha fit cultural com a organização, provavelmente vai ser um processo prejudicial.
Qual a importância das lideranças nesse processo?
Em relação à importância da liderança nesse processo, gostaria de salientar dois pontos. O primeiro é que a gente nunca olha para o líder. Quem cuida do líder? No geral, a figura do líder é sempre colocada no papel de vilão, como se ele fosse a pessoa 100% responsável por uma produtividade tóxica ou sustentável e, na verdade, há um passo anterior a isso, que é o ‘cada um é responsável por si’, ou seja, antes de tudo, é preciso que cada individuo tenha clareza do seu estilo, do que é importante para ele, dos seus valores. Se há um fit com aquela cultura, com aquela empresa, consequentemente, os líderes também terão comportamentos e ações relacionados à cultura da organização.
Se o líder está tendo um posicionamento diferente, provavelmente ele não está alinhado com a cultura da organização, então, ele tem sim grande importância nesse processo, porém, a gente não pode esquecer essa questão do fit cultural. E, como questionado anteriormente: quem cuida da liderança? Então, assumir um posicionamento de líder, muitas vezes pode atrapalhar este processo da produtividade sustentável.
Obter essa gestão de pessoas com assertividade seria o maior desafio?
Quando se trata de pessoas, fazer a gestão delas é sempre um desafio. No entanto, ressalto que o processo acontece no indivíduo antes. Se cada indivíduo for responsável pela gestão da sua própria pessoa, acho que a gente começa aí a melhorar os ambientes organizacionais, ao invés de esperar que apenas uma área em si, seja 100% responsável pelo item gestão de pessoas. Somos todos pessoas e somos todos responsáveis por este processo de gestão de pessoas, em níveis de responsabilidades diferentes, mas todos responsáveis.
Como trazer o individual para trabalhar no coletivo nesse cenário?
A produtividade sustentável não é um fator impeditivo para que o indivíduo trabalhe no coletivo ou para que ele gere resultados, e não necessariamente você precisa estar mergulhado no trabalho para se obter grandes resultados, pelo contrário, se você tem uma produtividade sustentável, provavelmente você entrega bem e consegue equilibrar outras áreas da sua vida.
Essas mudanças devem ser diárias dentro das organizações?
Sobre as mudanças com relação à produtividade sustentável, acho que elas são diárias dentro das organizações, mas elas iniciam em cada indivíduo. Então, o indivíduo que tem clareza do que ele quer trazer para a vida dele, começa a expressar e ter comportamentos adequados a essa realidade e, consequentemente, isso vai refletir dentro da organização. Lembrando que, quando estou trabalhando a produtividade sustentável, estou trabalhando em outras áreas da minha vida também e não só no aspecto organizacional, portanto, essa produtividade se estende para todas as áreas e isso faz com que possamos ter recursos cognitivos mais adequados para o desenvolvimento. Tanto para desenvolver a inteligência emocional quanto a inteligência cognitiva.
Outra questão é a mentalidade. Como trabalhar essa mentalidade em conjunto com pessoas com visões de mundo tão distintas?
O mindset é a configuração da mente. Há configurações de mentes mais rígidas e configurações de mentes mais flexíveis. As mentes mais flexíveis são as mentes mais disponíveis para o novo, para a adaptação, elas estão abertas para aprendizagem, já as mais rígidas têm certa dificuldade em se abrir e expandir esse campo de visão.
É como se fosse um celular, que, de acordo com a configuração vai te avisar que ele está com a capacidade cheia, e aí você tem que apagar alguns aplicativos, deletar algumas fotos para abrir espaço para que novos conteúdos possam entrar. Na nossa mente é a mesma coisa. Precisamos deixar ir algumas coisas, precisamos desaprender algumas coisas para aprender o novo. E isto é um processo, é uma mentalidade que precisa ser trabalhada, nada muda do dia para a noite, mas é possível que essa mudança aconteça.
Manter essa performance e produtividade sustentável por um longo período seria o maior desafio?
É um desafio porque envolve hábitos, rotina, envolve questões culturais. E todas às vezes que entramos para trabalhar no ressignificado de alguns comportamentos é sempre um desafio. Mas, é possível, pois, quando quero verdadeiramente, há a possibilidade sim de fazer essa mudança. Se é possível para alguém, é possível para mim também. É só uma questão de como. A medida que você vai variando o seu comportamento, você pode chegar a resposta desejada.
Como manter essa rota caso algo saia do lugar em um determinado momento?
É natural sairmos da rota quando acontece algo. Acho que não é sobre não sair da rota, mas, sobre retomar, sobre voltar para o caminho. Então, se tenho clareza para onde estou indo, pode ser que caia uma árvore e eu tenha que mudar um pouco a rota, mas sei a direção em que estou indo, portanto, contorno aquela árvore e volto para o caminho, volto para a rota em direção onde estou indo. Deve existir um processo de empatia nesse momento, que é o de acolher quando, por algum momento ou por alguma situação, houver essa eventualidade de ter que sair da rota. Às vezes, tem situações em que é preciso dar um sprint e isso vai fazer com que talvez o indivíduo saia dessa produtividade sustentável, mas ela é uma situação pontual, com começo, meio e fim.
Qual seria o papel da criatividade e da inovação nesse contexto?
Tanto a criatividade como a inovação tem papel importante na questão da produtividade sustentável, porque quando a gente está falando de uma cultura de inovação, sendo um conjunto de hábitos e valores que vão promover a criatividade, que vão apoiar a geração de novas ideias. Neste sentido, há a mudança na forma de fazer negócios, de valorizar as pessoas, de valorizar os colaboradores dentro da organização, otimizar os recursos e melhorar o resultado, ou seja, a inovação e a criatividade podem apoiar este processo de uma produtividade mais sustentável.
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