A advogada e empreendedora criativa carioca Fernanda Feitosa, é a fundadora da SP-Arte (Feira Internacional de Arte de São Paulo), o maior evento do país que envolve galerias. Também é responsável pela SP-Arte/Foto e pela SP-Arte/Design. Realizada desde 2005, a SP-Arte teve edição histórica neste ano, ocupando três pavimentos do Pavilhão da Bienal com 110 galerias do Brasil e do exterior, quatro exposições e núcleo editorial. Formada em Direito pela Faculdade do Largo São Francisco (USP) e mestre em Direito Internacional bancário pela Universidade de Boston, Fernanda já foi diretora jurídica do Banco JP Morgan S/A e da empresa de vendas online Submarino S/A. Além de organizar as feiras de arte, design e fotografia, atualmente também é membro do conselho do Museu Lasar Segall, posto que ocupa desde o ano de 2009, e diretora da REDE de Produtores Culturais da Fotografia do Brasil. “A fotografia é uma manifestação contemporânea muito importante e, realmente, cada vez mais cobiçada por colecionadores. Notamos a ascensão dela no mercado de arte desde os anos 80. Por isso não poderia ficar de fora de um evento como a SP-Arte, por exemplo. Foi o motivo pelo qual criamos a SP-Arte/Foto, a maior feira de fotografia da América Latina. (…) Segundo dados da Apex, em 2012, as 54 galerias associadas geraram mais de 27 milhões de dólares em negócios fora do Brasil”, afirma a empreendedora.
Fernanda, como surgiu a ideia da SP-Arte?
Minha família é muito ligada à arte, meus tios são artistas, Roberto Feitosa, Osmar Dillon e Mario Pacheco. Então cresci neste meio. Como colecionadora, frequentei muitas vezes a melhor feira do mundo, Art Basel. Resolvi então tentar trazer para nossa cidade a atmosfera das grandes feiras mundiais e fazer de São Paulo centro de referência para a arte brasileira e também centro cultural da América Latina. A ideia de inserir o Brasil no calendário internacional das artes, que inclui todas as feiras importantes, como a inglesa Frieze e a suíça Art Basel, virou obsessão. Até 2004, quando idealizei a SP-Arte, ninguém havia arriscado fazer isso por aqui ainda.
Como você vê o mercado de artes no Brasil em relação ao mundo?
Mesmo que o Brasil represente apenas 1% do mercado global de arte, o setor apresentou muitos resultados significativos nos últimos anos. Segundo dados da Apex, em 2012, as 54 galerias associadas geraram mais de 27 milhões de dólares em negócios fora do Brasil, mostrando um crescimento de 46,6% em relação a 2011 e de 350% em relação a 2007. Estamos crescendo, mas os números ainda são modestos, queremos mais.
A arte deve ter um papel social?
Sem dúvida nenhuma a arte tem uma função social na medida em que reflete os momentos pelos quais passa a humanidade. Em muitas situações, a arte serve como instrumento de valorização de algo ou de denúncia.
Em abril deste ano, muitos galeristas diziam que colecionadores estavam com medo de comprar e investir em arte. O cenário continua assim, ou a perspectiva para os próximos seis meses deve ser melhor?
A arte enquanto investimento está sendo beneficiada pela expansão da nossa economia na última década e pela internacionalização da arte brasileira. Os números mostram que o segmento só cresce.
Desde o ano passado, muitas publicações têm apostado que a fotografia será uma das artes mais valiosas desse século. Como enxerga isso, já que se compararmos com outras como a pintura e a escultura ela é a mais jovem?
A fotografia é uma manifestação contemporânea muito importante e, realmente, cada vez mais cobiçada por colecionadores. Notamos a ascensão dela no mercado de arte desde os anos 80. Por isso não poderia ficar de fora de um evento como a SP-Arte, por exemplo. Foi o motivo pelo qual criamos a SP-Arte/Foto, a maior feira de fotografia da América Latina. A oitava edição acontece em 20 de agosto de 2014, com a presença de 30 galerias brasileiras.
Como dar o estímulo necessário para que as pessoas tenham uma frequência ainda maior em museus e bienais como acontece no exterior?
O incentivo deve vir na infância, com a família e a escola, e do próprio Governo, com medidas de apoio à cultura e à inserção da população no mundo artístico. O consumo de arte no Brasil está crescendo com o tempo. As pessoas querem entender a arte. Se antes os brasileiros se associavam apenas às instituições internacionais, agora também se interessam pelas nossas.
Em 2011, você disse algo interessante: “para sentir a arte, você deve seguir o instinto do coração”. Quando a arte tocou o seu coração de uma forma inesquecível?
A arte sempre me tocou muito, ela faz parte da minha história por conta da minha família, como eu contei. Mas comecei a me interessar mais profundamente depois que me casei, em 1993, com o Heitor Martins. Minha mãe nos presenteou com uma obra de arte no nosso primeiro aniversário de casamento. Começamos a namorar numa exposição de Dalí no MAM-SP… Então a arte esteve presente em vários momentos de nossas vidas e agora mais ainda, com a SP-Arte, a Bienal, o MASP, os conselhos de museus dos quais participamos.
Como vê a cobertura midiática do mundo das artes em nosso país?
Temos grandes veículos, como Select, ZUM, ARTE!Brasileiros e Bamboo, que garantem críticas muito importantes ao segmento.
Em 2012 você afirmou que sem o mecenato do Governo, a arte míngua. A saída para isso não seria um mecenato privado mais forte, como nos EUA e na Europa?
No Brasil temos o grande apoio da Lei Rouanet, fundamental. Realmente não há maneira de incentivar cultura sem o apoio do Governo.
Vocês criaram o Laboratório Curatorial na SP-Arte. Fale mais a respeito.
O laboratório é a única iniciativa do gênero em uma feira de arte. Ele existe desde a edição de 2012. Uma oportunidade a jovens curadores de desenvolver e implementar projetos de curadoria e exposição na própria feira. É mais uma oportunidade que a SP-Arte proporciona aos novos talentos do segmento.
“Quem abre um negócio, deve estar preparado para tudo: para caminhar devagar, pro sucesso ou pro fracasso.” Por que acredita que em 2014 a SP-Arte é um sucesso?
A SP-Arte se tornou uma referência de qualidade e representatividade das galerias. A época em que ela acontece representa o pico de faturamento para quase 80% das participantes – para algumas, indica 20% do faturamento anual. Além disso, a feira transcende o aspecto comercial como um dos eventos culturais mais importantes do Brasil e do exterior, já que todos guardam exposições especiais para apresentar durante o período em que ela acontece. Tal como já ocorre nos grandes centros culturais como Nova York, Paris, Londres e Basel. É uma grande celebração em torno das artes. Nossa décima edição, por exemplo, em 2014, reuniu 22 mil pessoas, sendo 1200 estrangeiros e 3 mil visitantes de outros estados brasileiros. Participaram 136 galerias, das quais 78 nacionais e 58 internacionais, todas da elite mundial. Esses números reforçam a posição da SP-Arte como a maior feira de arte contemporânea do Hemisfério Sul.
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