De janeiro a julho deste ano, o Brasil registrou 483 operações de fusões e aquisições, um crescimento de 4,55% em comparação ao período homólogo. Em meio a um cenário de dificuldade financeira, o que esperar desse mercado no próximo semestre? Para Gabriela de Ávila Machado, o cenário se encontra em ebulição: “A alta nas fusões e aquisições é mais uma consequência da pandemia do novo coronavírus no Brasil. De janeiro a julho deste ano, houve 483 operações deste tipo, um crescimento de 4,55% em comparação ao período homólogo, segundo a PwC. Embora tenha havido uma queda no mês de abril, como reflexo da crise e de um forte pessimismo do mercado, à medida que a pandemia foi registrando retração, os números voltaram a subir, culminando em um aumento expressivo em julho, em patamar semelhante ao cenário pré-pandemia”. Para o portal Panorama Mercantil, a advogada ainda afirma com exclusividade: “Em janeiro, começamos o ano com uma expectativa de bater o recorde de operações no ano de 2020. No entanto, em março/abril, muitos M&As e IPOs foram suspensos devido à insegurança que a crise trouxe. No primeiro semestre, então, de janeiro a junho, houve uma queda, com relação ao mesmo período de 2019. Ocorre que, já em junho, com o alívio dos números trazidos pela doença em alguns países, o mercado começou a retomar a confiança”.
Gabriela, por que o número de fusões e aquisições aumentou no Brasil durante a pandemia?
Em 2019, os números já vinham bem altos. Em janeiro, começamos o ano com uma expectativa de bater o recorde de operações no ano de 2020. No entanto, em março/abril, muitos M&As e IPOs foram suspensos devido à insegurança que a crise trouxe. No primeiro semestre, então, de janeiro a junho, houve uma queda, com relação ao mesmo período de 2019.
Ocorre que, já em junho, com o alívio dos números trazidos pela doença em alguns países, o mercado começou a retomar a confiança. E ainda, com a crise, tivemos a diminuição de taxas de juros e a desvalorização do real, o que, para muitos, facilitou o processo de retomada das operações e aumentou a segurança dos investidores, inclusive investidores internacionais. Para termos uma ideia, muitos processos de IPOs que tinham iniciado no primeiro semestre foram suspensos, mas muitos destes já foram retomados.
A taxa de juros têm uma influência nesse aumento no número de fusões e aquisições?
Sim, muita. Principalmente no que se refere à facilitação na obtenção de financiamentos e empréstimos.
Em quais estados do Brasil tivemos um maior aumento dessas fusões e aquisições?
Segundo dados levantados pela PwC, a Região Sudeste mantém 66% do interesse dos investidores nos negócios anunciados, seguida do Sul, Nordeste, Centro Oeste e Norte, nessa ordem. São Paulo se destaca com 53% de todas as transações.
Quais os setores foram mais afetados?
Os setores que mais sofreram com a pandemia foram aqueles que foram diretamente afetados pela quarentena e distanciamento social, tais como hotelaria, turismo em geral, aviação e eventos.
Como se encontra o segmento de geração de energia renovável em especial?
O mercado de combustíveis fósseis já vinha, há tempos, mostrando instabilidade. Essa instabilidade só se mostrou ainda mais relevante com a pandemia. Por outro lado, grandes empresas já mostraram seu interesse em aumentar a parcela de energia renovável usada em suas operações, a exemplo da Anglo American. Com isso, e com o interesse em fontes renováveis em crescimento, com as pessoas buscando formas mais sustentáveis de viver, o mercado de energia renovável se mostra especialmente atrativo.
A pandemia pode ter “ajudado” para que aquisições e fusões de empresas oriundas de fontes renováveis, tivessem tal destaque?
Se consideramos a pandemia como parte da culpa da instabilidade do mercado de combustíveis fósseis, então sim, a pandemia auxiliou o destaque dado às empresas de energia renovável.
Qual o nível de risco que fusões e aquisições representam na atual conjuntura?
O risco ainda é alto, e continuará até pelo menos a disseminação da vacina para a Covid-19. Se mantidos o distanciamento social e a quarentena por muito mais tempo, ou pior, se ficarem mais rígidos, empregos continuarão sendo cortados, empresas continuarão sendo fechadas, o dólar continuará alto e o investidor perderá a segurança e confiança no mercado novamente.
Esse risco é maior devido à pandemia?
Sim. Conforme levantamos acima, a pandemia só aumenta os riscos devido à instabilidade que traz ao mercado.
O empresário brasileiro está mais confiante?
Sim. Desde junho os empresários vêm criando mais confiança no mercado, entendendo melhor o cenário pelo qual estamos passando. Então, aquele susto que veio com o início da pandemia está gradualmente passando e o empresário está ficando mais seguro de suas decisões e condições do mercado em que se encaixa.
Qual a influência dos investidores internacionais para esses números?
Com a desvalorização do real em relação ao dólar e com a queda das taxas de juros, o mercado brasileiro se mostra muito atrativo para os investidores estrangeiros. Para demonstração, a PwC indica que o período acumulado até julho de 2020 contou com o anúncio de 119 transações envolvendo capital estrangeiro.
Esse mercado de fusões e aquisições estará ainda mais aquecido no pós-Covid?
Sim. Com a possibilidade de testes de forma massificada e com a vacina, o mercado só tende a melhorar para o investidor com apetite. As condições das empresas alvo vão se estabelecer, assim como os preços e taxas, condições de financiamento, a possibilidade de compra do brasileiro com a diminuição dos números ligados ao desemprego, dentre outros, dando maior segurança ao investidor.
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