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Mara Liz Ferrentini esmiúça a arquitetura

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A arquiteta paulistana Mara Liz Ferrentini, participa da 31ª edição da CASACOR São Paulo, com uma proposta inovadora. O desafio de equilibrar um banheiro pequeno, aberto ao público e unissex foi respondido com o bom uso de jeans, que cobriu todas as paredes e foi inteiramente grafitado pelo artista Samir Mauad. Do outro lado, o móvel abraçadinho, muito característico nas obras da arquiteta, recebe vasos-cabeça sem rostos e com vegetação, explorando ainda mais a pluralidade e a diversidade. O banheiro, de 35 m2, tem o piso revestido por azulejos brancos e azuis, o mais prático e simples possível, deixando o ambiente com ar descolado da street art. A preocupação da arquiteta com a sustentabilidade aparece em diversos momentos, seja na iluminação com lâmpadas de led (economia energética), nas torneiras com sensores (evitando desperdício de água) ou na descarga com duas funções de jato de água. O banheiro unissex da 31ª CASACOR, projetado por Mara Liz Ferrentini, é um espaço livre, democrático, cheio de possibilidades, sustentabilidade e reflexões. “Tivemos como meta o banheiro unissex, porém, ampliamos o conceito para uma discussão atualíssima do gênero. Ao entrar no nosso espaço observa-se que tudo remete ao pensar do respeito ao próximo. As suas escolhas pessoais. (…) O que para muitos pode parecer um caos em termos de edificações, para mim, é a mais pura maneira cultural que um povo se expressa.”

Mara, como a arquitetura entrou em sua vida?

Após praticamente 20 anos sendo joalheira, senti a necessidade de uma guinada na minha vida. Prestei vestibular e entrei na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado) para cursar Arquitetura e Urbanismo. Sou formada desde 2014.

Goethe dizia que a arquitetura é a música petrificada. E para você, o que é a arquitetura?

Arquitetura é a maneira de transformar os anseios íntimos de bem-estar em realidade.

Você é paulistana. O que mais lhe encanta na arquitetura de São Paulo que dificilmente é encontrado em outros lugares do Brasil?

O que para muitos pode parecer um caos em termos de edificações, para mim, é a mais pura maneira cultural que um povo se expressa. Intenso, vivo e dinâmico.

Como você classificaria o tipo de arquitetura que produz?

Arquitetura de bem-estar para o cliente. Ele é o protagonista.

Em que momento você acredita que encontrou o seu modo único de criar e que se diferencia de outros arquitetos?

Não acredito em um modo único e absoluto de criar. O que tento fazer é não impor meus anseios aos clientes. Entregamos o projeto e daqui para frente ele se adaptará aos modos de quem lá habitará. Não ao contrário.

Já reutilizou alguma ideia anterior em um novo trabalho?

Sim. Isso é muito comum. Nós mesmos, do Zina Arquitetura, temos uma móvel característico: o abraçadinho. Ele envolve as paredes do imóvel até achar um obstáculo.

Como um arquiteto pode aproveitar um escritório compartilhado ao máximo, fazendo daquele espaço um centro de experiências que ultrapassem o nível profissional?

A rede que se forma num ambiente de coworking ultrapassa a barreira do profissional. Dentro de um ambiente onde várias e diversas empresas compartilham um mesmo espaço muito próximos fazem das relações pessoais uma ajuda mútua.

A palavra inovação, pesa quanto em seu trabalho?

Estamos sempre procurando inovações. As mudanças fazem parte da arquitetura.

Quais as mudanças mais impactantes na sua área nos últimos 15 anos?

Sustentabilidade. Temos que entender que a arquitetura pode diferenciar no Meio Ambiente, positiva ou negativamente. O uso dos materiais que dão menos impactos ao ambiente é de extrema importância.

Voltando para a inovação, fale um pouco sobre o banheiro unissex que você apresentará na CASACOR.

Tivemos como meta o banheiro unissex, porém, ampliamos o conceito para uma discussão atualíssima do gênero. Ao entrar no nosso espaço observa-se que tudo remete ao pensar do respeito ao próximo. As suas escolhas pessoais. Do uso do material jeans, que encapa metade do ambiente – e é absolutamente universal – ao azulejo branco (extremamente democrático). Grafitamos o jeans com personagens sem característica alguma de gênero e enchemos nosso abraçadinho de cabeças com diversas vegetações, remetendo ao pensamento próprio de cada um. Lá você é convidado a pichar nossas paredes. Democracia e liberdade.

O que não pode faltar jamais em projeto executado por você?

Conceito!


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