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O setor das edtechs na visão de Alfredo Freitas

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Alfredo Freitas é pós-graduado em ‘Project Management’ pela Sheridan College no Canadá, graduado em Engenharia de Controle e Automação e mestre em Ciências, Automação e Sistemas, pela Universidade de Brasília. O renomado profissional tem mais de 15 anos de experiência em Tecnologia e Educação. É atualmente diretor de Educação e Tecnologia da Ambra University. A Universidade americana é credenciada e tem cursos reconhecidos pelo Florida Department of Education (Departamento de Educação da Flórida) sob o registro CIE-4001. Além disso, a universidade conta com histórico de revalidação de diplomas no Brasil. “Hoje, está inviável ingressar presencialmente em universidades dos EUA. Esse temporário endurecimento de regras para vistos deverá afetar a economia americana e também global, mas as universidades e os estudantes estão inovando e experimentando o contato via internet em boas universidades e proporciona uma forma mais adequada para um novo perfil de estudante internacional, o profissional adulto com família. Acredito que o declínio de estudantes internacionais nos EUA deverá seguir por alguns anos exceto se o Governo criar algum tipo de incentivo que beneficie a pessoa que está fisicamente nos EUA. Hoje, não temos nenhum indício de algo que vá explicitamente beneficiar apenas os estudantes que migram temporariamente, portanto, penso que a tendência é de declínio no presencial”, afirma.

Alfredo, a pandemia deve alterar o modelo de intercâmbio. Quais alterações serão mais sentidas?

Atualmente, o mundo tem mais de 5 milhões de pessoas estudando fora do seu país de residência, entretanto, a pandemia de coronavírus está impedindo a entrada de estudantes internacionais nos principais países que recebem esses estudantes para intercâmbio presencial: Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Irlanda. Hoje, a opção disponível para a conquista de uma formação no exterior acessível é o ensino via internet, o qual deve ter aumento em decorrência da atual pandemia.

Como o cenário se apresentava antes da pandemia?

O cenário estava em decréscimo de novos alunos nos Estados Unidos em decorrência da competição global por estudantes estrangeiros acarretando queda de matrículas em alguns países e crescimento em outros. Por exemplo, o Canadá estava recebendo mais novas matrículas de alunos estrangeiros nos últimos 5 anos e os Estados Unidos receberam um número menor em 2018/19 do que em 2015/16.

Globalmente, no ano letivo de 2018/19, estudavam fora do país de residência 5,3 milhões de estudantes, dos quais 20% escolheram os Estados Unidos da América. No entanto, o número de 2019 foi de 270 mil novas matrículas versus 300 mil novas matrículas de estudantes internacionais nos EUA há 3 anos. Enquanto as matrículas presenciais de estudantes em tempo integral diminuíram, houve crescimento de matrículas de estudantes internacionais via internet em universidades americanas.

O mercado de edtechs está quente no momento?

Sim. As edtechs estão ajudando as universidades presenciais e via internet a se tornarem melhores e mais focadas no contato entre estudante e docentes.

De um lado, as edtechs aparentam uma ameaça para o ensino superior porque elas atuam como alternativas aos bacharelados, pós e mestrados tradicionais. Por outro lado, as edtechs também são grandes oportunidades para acelerar a qualidade e o alcance do ensino superior ajudando as universidades que fazem bom uso da tecnologia a concentrarem seus esforços nos aspectos educacionais para entregar profissionais bem formados ao mercado.

Quais são as singularidades desse setor?

O setor de educação sofre grande regulação estatal, sendo um dos mais regulados. No fim das contas, essa singularidade acaba por dificultar as inovações no ensino básico e superior. Alguns países, mais adeptos às inovações, como EUA, Austrália e Inglaterra estão na frente na competição do mercado global de ensino superior.

Esse desenvolvimento e o uso de tecnologias para potencializar a aprendizagem, está tendo um caráter revolucionário?

Sim, temos diversas revoluções acontecendo na educação neste momento e a tecnologia está sendo essencial para levar a boa formação às pessoas, eliminando a relevância da cidade de residência de cada indivíduo.

Por exemplo, profissionais que possuem limitação física ou até mesmo questões emocionais, ou de saúde mental podem se sair muito bem estudando via internet. Essas pessoas, em conjunto com pessoas que moram em regiões fora dos grandes centros em países continentais como EUA, Canadá, Austrália e Brasil, estão a um clique de realizar uma escolha adequada e ter contato com professores dedicados em universidades sérias do mundo inteiro.

Essa revolução de levar a formação de excelência a todos os cantos do mundo está acontecendo diariamente e as empresas, universidades e governos estão trabalhando para ampliar o acesso à internet, o que é essencial para que a vida digital entregue também as oportunidades desse novo momento do ensino superior.

O ensino via internet para intercâmbios será a grande tendência no mundo pós-Covid?

Certamente. O mundo pós-Covid terá competição global por profissionais porque muitas empresas estão contratando mais e mais pessoas para trabalhar remotamente e essa competição global e sem fronteiras por profissionais qualificados acarretará na busca por formação de excelência usando a internet.

No mundo pós-Covid, uma pessoa residente no interior de Minas ou do Maranhão poderá estudar nos EUA e trabalhar também remotamente para empresas de São Paulo ou do exterior. As fronteiras físicas para o estudo e o trabalho que estão sendo gradualmente eliminadas foram temporariamente destruídas pela pandemia e muitas delas não serão reconstruídas no pós-Covid.

Quais outras tendências deverão surgir em sua visão?

A principal tendência que estou vendo é a interiorização do estudo e do trabalho. Muitas pessoas de cidades menores com melhor qualidade de vida e menor custo terão acesso a estudo e trabalho de grandes centros usando a internet.

O desafio atual para essas pessoas é a qualificação adequada e elas estão começando a perceber que podem estudar e conquistar boa formação em universidades da Inglaterra, Austrália ou Estados Unidos da América sem mudar de cidade tampouco de país.

O número de empresas que estão usando parcial e integralmente mão de obra anywhere office está aumentando a cada dia e muitas empresas não devem manter seus escritórios físicos em grandes centros mundiais como São Paulo, Miami, Nova York, Toronto ou São Francisco. Elas passaram a competir ao nível global por profissionais que também devem se preparar em universidades do mundo inteiro acessíveis pelo seu computador, tablet e celular.

Haverá um endurecimento de regras para estudantes estrangeiros em países como os Estados Unidos?

Hoje, está inviável ingressar presencialmente em universidades dos EUA. Esse temporário endurecimento de regras para vistos deverá afetar a economia americana e também global, mas as universidades e os estudantes estão inovando e experimentando o contato via internet em boas universidades e proporciona uma forma mais adequada para um novo perfil de estudante internacional, o profissional adulto com família.

Acredito que o declínio de estudantes internacionais nos EUA deverá seguir por alguns anos exceto se o Governo criar algum tipo de incentivo que beneficie a pessoa que está fisicamente nos EUA. Hoje, não temos nenhum indício de algo que vá explicitamente beneficiar apenas os estudantes que migram temporariamente, portanto, penso que a tendência é de declínio no presencial frente o crescimento no ensino virtual de pessoas de outros países nos Estados Unidos da América.

Essas regras já estavam mais duras antes da pandemia?

As regras de comprovação de renda para residir e sustentar-se durante o tempo do estudo já estavam ficando mais duras nos últimos anos e agora tivemos essa singularidade do coronavírus que levou muitos a adiar planos ou replanejar para estudar via internet.

Quanto o mercado de edtchs movimenta atualmente em todo mundo?

Globalmente, as edtechs já movimentaram mais de 75 bilhões de dólares em 2019 e tiveram grande crescimento em 2020. Algumas projeções já indicam mais de 400 bilhões de dólares em 2025 para o mercado global de edtech.

A perspectiva para ano de 2025 é de investimentos na casa dos 350 bilhões de dólares para esse setor. Quanto desse investimento virá para o Brasil?

Difícil dizer quanto desse montante virá para o Brasil porque o mercado brasileiro é muito fechado e instável em relação a outros países. Hoje, o Brasil é um dos mais complexos países para negócios ficando na posição 124 entre 190 países segundo o Banco Mundial que lista do mais simples para o mais complexo país para se fazer negócios.

Acredito que tudo dependerá de como o Brasil trabalhará a segurança jurídica para os contratos e também a sua abertura ao comércio internacional nos próximos anos. A simplificação para abrir empresas, realizar investimentos e contratar é essencial para captar recursos internacionais e precisamos ver se o Brasil caminhará para a simplificação e facilidade de negócios ou para a regulação, complexidade e insegurança dos contratos.


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