No último dia 15 de junho, a modelo Raissa Barbosa usou seu Instagram para fazer um desabafo aos seus fãs. Logo depois de aparecer chorando, A ex-participante de A Fazenda 12, postou uma foto dizendo que estava no hospital e fez declarações como: “não aguento mais fingir que estou bem, não sei mais o que fazer”. Em nota, a equipe da modelo relatou que Raissa teve uma forte crise de ansiedade, mas tinha sido medicada e recebeu alta no mesmo dia. Infelizmente, esse caso é muito mais comum do que se imagina. Embora ela tenha Transtorno de Borderline, dados mostram que a pandemia da Covid-19 acentuou casos ligados à depressão e ansiedade pelo cenário que vivemos há um ano meio. E, não dá para negar as evidências, a transformação rápida do modo de vida, somada ao pânico da contaminação pelo vírus e das mortes provocadas pela doença, vem trazendo consequências. Para a psicóloga do Instituto de Psiquiatria da USP,[@psicologa_valeskabassan] Valeska Bassan, deve haver uma maior incidência de doenças mentais nos próximos meses. “Embora sejamos muito resilientes, a luta para manter a saúde mental acontece agora em 2021. É claro que a pandemia trouxe a tona muito pânico, insegurança, medo, luto, mas grande parte da população conseguiu se adaptar a esse novo ‘normal’, embora tenha sido uma dor além do inimaginável”, explica. “Esses últimos meses temos vivido uma guerra”, diz.
Valeska, a pandemia está sendo um grande potencializador da ansiedade nas pessoas?
Sim, nós nos organizamos através da rotina e dos planos. A pandemia nos trouxe a incerteza, não é possível fazer planos, a rotina muitas vezes é atravessada por surpresas. Exemplo: home office em casa com filhos pequenos que choram…
Como os níveis de ansiedade se encontravam antes da pandemia?
Ansiedade faz parte do ser humano. Através dela é que nos preparamos para uma aula, por exemplo. Com a pandemia esta ansiedade se tornou algo exacerbado causando prejuízos no dia a dia. Como insônia, medo excessivo, etc.
Quando a ansiedade começa a se tornar preocupante?
A ansiedade começa a se tornar preocupante quando ela traz prejuízos no dia a dia como irritabilidade, insônia, taquicardia, dificuldade de se relacionar, medo excessivo.
Como lidar com essa ansiedade?
Para lidar com ansiedade diária é preciso fazer atividades que nos ofereça prazer e também atividades físicas como praticar yoga, meditação, corrida – algo que auxilie a “desligar” do dia a dia (isso seria o ideal). No caso da ansiedade com muitos prejuízos e extrema, o recomendado é procurar ajuda médica – um psiquiatra e psicoterapia.
A incidência de doenças mentais deve aumentar?
Estudos já apontam para o aumento das doenças mentais durante a pandemia.
O que mudou de 2020 para 2021 na questão da insegurança perante ao vírus?
Eu diria que em 2020 foi o ápice da insegurança, não sabíamos nada sobre o vírus, as notícias eram aterrorizadoras. Um cenário de muito medo e incertezas. Já em 2021, já tínhamos o mínimo de informações e uma “luz no fim do túnel” que é a vacina e teoricamente já sabemos como lidar com as restrições.
Qual a importância da espiritualidade nesse cenário?
Acredito que a espiritualidade dê sentindo para nossa impotência. Existe ‘algo’ ou ‘alguém’ que tem a resposta para isso tudo que está acontecendo.
Por que você acredita que podemos ter problemas comportamentais com a vacinação chegando a toda população?
Entendo que após a vacinação as pessoas vão querer “tirar o atraso” nas comemorações, encontros, etc. Vai haver uma espécie de euforia. Isto não é bom, por quê a euforia esconde as doenças mentais. É uma espécie de uma “falsa” alegria.
Como essa montanha-russa de emoções interfere em nosso dia a dia?
Interfere nas relações pessoais, na rotina do trabalho. É preciso se refazer a cada dia emocionalmente, como cuidar de um jardim. Isso causa uma fadiga emocional.
O que será essencial na superação das sequelas pós-confinamento?
Essas sequelas vão levar tempo para serem superadas. O essencial é se perceber. Se perguntar: como estou hoje? Isso que estou sentindo é normal, não é? Enfim, se ouvir e tentar perceber o que se passa com a gente. Isso já é o primeiro passo para a cura.
Quando a procura de um especialista se faz necessária?
O especialista se faz necessário quando a pessoa já colocou em prática as dicas de atividade física, meditações, distrações e ainda sim está em sofrimento profundo.
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