Pedro Paulo Carbone é diretor executivo da Inteletto Consultoria, empresa que está lançando o app Trilhas de Aprendizagem, um AVA Multimodal voltado pra o autodesenvolvimento de competências e curadoria de conhecimentos. É também doutor em economia pela PUC-SP, mestre em administração pública pela FGV e graduado em administração pela USP. Professor convidado da FGV e ENAP em programas de pós-graduação. Atuou como executivo no Banco do Brasil na área de RH, sendo responsável pela implantação do modelo de desempenho e competências da empresa. Na academia avaliou o impacto da implantação da gestão por competências nos resultados das agências do BB, estudo disponível em tese de doutorado, livros e artigos científicos publicados. Seus livros venderam milhares de exemplares, um deles alcançando a marca de 250 mil, transformando-o num influenciador importante nos temas competência, desempenho e trilhas de aprendizagem. “Numa sociedade repleta de opções tecnológicas e informações digitais que chegam de múltiplas fontes confiáveis ou não, exige-se que todos os cidadãos tenham capacidade de enfrentar as novas situações tecnológicas de uma maneira flexível. Para isso, ele precisa desenvolver habilidades de analisar, selecionar e avaliar criticamente os dados e informações, aproveitando o potencial tecnológico das ferramentas disponíveis”, afirma.
Pedro, quais as principais competências que serão essenciais para os novos tempos?
Numa sociedade repleta de opções tecnológicas e informações digitais que chegam de múltiplas fontes confiáveis ou não, exige-se que todos os cidadãos tenham capacidade de enfrentar as novas situações tecnológicas de uma maneira flexível. Para isso, ele precisa desenvolver habilidades de analisar, selecionar e avaliar criticamente os dados e informações, aproveitando o potencial tecnológico das ferramentas disponíveis, de forma a resolver os seus problemas pessoais e de trabalho, além, é claro, de construir conhecimento compartilhado e colaborativo.
Qual a importância da educação no atual contexto?
Educação é importante em qualquer contexto, mas no contexto digital ela é imprescindível para a sobrevivência. O meio ambiente digital pressupõe domínio de pelo menos duas línguas (inglês e português, no caso do Brasil), habilidades tecnológicas para transitar em aplicativos e hardwares diversos e bagagem cognitiva para interpretar e analisar dados provenientes de múltiplas fontes. Isso é impossível sem uma boa educação continuada.
Como a educação e a tecnologia serão as grandes molas mestras de transformação para o ecossistema vigente?
A educação avançou muito em tecnologia, mas há muito no que avançar ainda. A educação é muito depende de tecnologia hoje em dia. O sucesso da pedagogia clássica, ou seja, da sala de aula dominante na história humana foi tão grande que as resistências à mudança são enormes. O professor que era o pilar da educação até então perde espaço, porque ampliaram-se o número de informantes no ambiente digital. O professor continua importante, mas seu espaço mudou.
Ele é um curador de conhecimento no meio de milhares de curadores da internet. A fala do professor compete hoje com as falas digitais de muitos interlocutores, que muitas vezes são mais pródigas. Nesse sentido a educação só poderá ser plena dentro do ecossistema atual, baseado na multimídia, na poli entrega de informação e conhecimento, na curadoria de conhecimento contextual e especializada. O professor retoma o seu protagonismo como curador dos curadores, utilizando-se da tecnologia disponível. De outro lado a tecnologia aproximou educação e trabalho, permitindo a capacitação em tempo real. Isso gerou um ecossistema mais pródigo e produtivo, com ganhos para todos.
Quais os principais benefícios das novas tecnologias na educação?
Oferecer múltiplas alternativas para o desenvolvimento de competências humanas, promovendo o autodesenvolvimento e o autodidatismo. Além disso, as novas tecnologias permitem curadoria de conhecimento seja ela horizontal, como o Google, o Yahoo! fazem muito bem, seja a curadoria especializada, como o app Trilhas que estamos lançando se propõe a fazer. Isso permitirá a democratização de acesso ao conhecimento, acessibilidade instantânea à informação desejada, autonomia, compartilhamento de saberes, autodesenvolvimento e pluralismo.
As maiores tendências tecnológicas que estão impactando escolas de todo o mundo já estão presentes no Brasil?
Sim, o Brasil é protagonista com excelentes plataformas de ensino digital e boas metodologias de ensino à distância. A Universidade Aberta Brasileira – UAB, montada pelo Banco do Brasil, em parceria com o MEC, ofertando através de universidades públicas múltiplos cursos de graduação à distância é prova disso. Eu tive a honra de participar deste projeto do lado do BB e isso mostra que estamos produzindo EAD em alto nível e escala, com tecnologia boa e metodologia adequada há algumas décadas. Faltam incentivos, mas o SEBRAE faz grande esforço nesta área.
Orgãos públicos e privados estão preparados para absorver essas tendências?
Entendo que sim. O funcionalismo público é formado por profissionais de ótimo nível, antenados, tecnologicamente preparados e eles pressionam suas organizações por melhorias. Lancei a oficina Trilhas de Aprendizagem com imersão no app trilhas para o setor público para eles aprenderem a lidar com trilhas de aprendizagem, curadoria de conhecimento e gestão de conteúdos imersos no app e estamos com mais de 400 analistas de T&D inscritos. A resposta deles foi imediata. Já estão montando trilhas de aprendizagem e fazendo gestão de conteúdos no app de alto nível. No setor privado isso não é diferente. Boa parte da população brasileira em atividade está preparada.
Qual a sua visão sobre a Transmídia?
O termo transmídia significa contar uma história em diversas plataformas, utilizando as particularidades de cada uma delas e a geração de discussões para enriquecer o enredo principal. Promover a convergência midiática é uma necessidade global, ou seja, unir as competências de diferentes mídias para desenvolver, fortalecer e incrementar certo produto midiático. O desafio é aproveitar as oportunidades e levar sua mensagem da melhor maneira ao seu público, oferecendo uma experiência única e rica de conteúdo em diferentes formas, abrindo espaço para que a pessoa consuma e faça parte da história de maneira colaborativa. Nosso app Trilhas de Aprendizagem opera dentro desta perspectiva de oferecer ao público uma curadoria especializada de conhecimentos localizados em várias plataformas, da melhor forma possível, considerando a necessidade de cada usuário.
Quais os maiores desafios para a conexão das informações e dos dados nesse ambiente?
Qualquer plataforma, seja de conhecimento, entretenimento ou de outra finalidade, tem por desafio fazer a curadoria dinâmica de conhecimento adequada ao público de interesse, permitindo que o navegante tenha possibilidades de escolhas aderentes aos seus maiores desejos ou mesmo necessidades momentâneas. Ela precisa promover convergência entre plataformas, ofertar multiplicidade de informações com tempestividade e acessibilidade, além de boa navegabilidade e vinculação a contextos. Isso coloca o navegante como sujeito do processo, dado que ele pode decidir pelo melhor caminho de consumo vis-à-vis sua necessidade.
O app criado por você se direciona para esse sentido?
O app Trilhas de Aprendizagem é um pouco de tudo isso que estamos discutindo. Tecnicamente o app Trilhas de Aprendizagem consiste em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Multimodal, que permite aos usuários publicarem ou acessarem conteúdos e objetos de aprendizagem de autoria própria, ou de terceiros, localizados em qualquer plataforma, no formato pedagógico de trilhas, possibilitando o autodesenvolvimento, por meio dos recursos disponibilizados na ferramenta. A produção orientada de trilhas, a organização da biblioteca virtual e os recursos de learning analytics possibilitam a curadoria de conhecimentos e a gestão de conteúdos.
Quais os diferenciais do aplicativo?
A principal virtude do aplicativo é oferecer ao usuário curadoria de conhecimento ao invés de apenas um curso de capacitação isolado. Quem entrar na plataforma faz treinamentos, por óbvio, mas terá à disposição uma curadoria de conhecimento no seu tema de interesse. Ele ingressará para se atualizar, mas ficará permanentemente atualizado porque a trilha é dinâmica, o que é um grande diferencial. De outro lado, como um AVA Multimodal ele pode ser usado de diferentes formas.
Isso é incomum nas plataformas clássicas de EAD. Sob o ponto de vista corporativo, uma organização pode, por exemplo, querer montar um sistema de treinamento continuado e o app Trilhas permite, mas pode, ainda, querer gerenciar conteúdos de qualquer natureza facilitando, por exemplo, a execução e o gerenciamento de processos e isso também é possível. Pode ainda, utilizar a ferramenta para fazer curadoria de conhecimento em qualquer tema, de forma a facilitar o acesso à informação e isso é possível no app. Ao permitir vincular qualquer tipo de tags às trilhas, tais como lista de conhecimentos, competências mapeadas, processos, organogramas, relação de cargos ou funções, etc, o app transforma-se numa ferramenta de gestão do conhecimento corporativo, outro diferencial. Por fim, os relatórios de learning analytics são as “cerejas do bolo”, permitindo que o administrador e curadores entendam a tendência de navegação e consumo dos usuários.
É um app certo para tempos incertos em sua visão?
A incerteza é a única certeza que temos. Por isso, precisamos de uma plataforma de desenvolvimento que seja ágil e atualizável em tempo real, sem desestruturar as informações já publicadas. Deve, também, promover a convergência entre plataformas, de forma a reunir, tempestivamente, a melhor informação para consumo. Por fim, deve permitir a descentralização da publicação da informação, promovendo a curadoria de conhecimentos de quem o detém, bem como a mobilidade do conhecimento, uma vez que ele é o ativo mais importante da sociedade da informação.
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