A Pontte é uma plataforma de crédito digital fundada em 2018 e operando no mercado desde maio de 2019. Foi criada para mudar a relação desigual entre quem pega o empréstimo e quem oferece os recursos, combinando obsessão por eficiência, atendimento dedicado e tecnologia para oferecer taxas de juros mais baixas, prazos de pagamento mais longos e mais controle sobre o contrato. Em meio à pandemia de covid-19 a Pontte conseguiu levantar R$ 160 milhões de um investidor global no mês de agosto. Dessa forma, a startup especializada na oferta de crédito home equity (garantia imobiliária) e financiamento imobiliário obtém apoio para acelerar seu crescimento. Antes mesmo do aporte, a fintech já possuía a menor taxa do mercado. O investimento vai ter duas finalidades. Parte dele será utilizado para a operação. O restante será utilizado para alavancar a operação da empresa com a criação de novos produtos e serviços, com foco no investimento em equipe e tecnologia. A meta é triplicar o número de colaboradores da equipe de tecnologia. “O investimento obtido reforça a nossa capacidade no mercado, oferecendo soluções que realmente entregam valor para nossos clientes sem correr risco em nossa operação. Mesmo em um cenário adverso e com dificuldades, conseguimos esse aporte para dar ainda mais sustentação a nosso plano de crescimento”, explica Marcelo Lubliner, CEO da Pontte.
Marcelo, qual a análise que você faz das fintechs antes da pandemia?
Logo antes da pandemia, vivíamos um momento de pico de otimismo econômico, no Brasil e, de forma geral, no mundo. As taxas de juros estavam baixas já há um bom tempo, a inflação não dava sinais de vida e o crescimento parecia estar vindo. Em um ambiente como este, existe uma grande predisposição a desenvolvimento de novos projetos e novas tecnologias e disposição de investidores de aportar capital nisso. As fintechs, naturalmente, ganharam uma atenção especial do mercado.
O que mudou durante essa pandemia?
O cenário macroeconômico mudou, bem como a dinâmica da enorme maioria das empresas. A perspectiva de crescimento desapareceu e as empresas passaram a enfrentar o desafio de conseguir gerar receitas em um ambiente extremamente adverso. Especificamente para as fintechs, esse desafio bateu em dobro. Fintechs precisam de capital de mercado, que diminuiu com a insegurança da pandemia, e precisam gerar receita para manter o negócio funcionando, e gerar receita, dependendo da área, ficou muito mais difícil. Com isso, vários modelos de negócios foram colocados em xeque. Mas tudo isso é saudável. Segmentos de negócios que crescem rápido estão sempre expostos a isso.
Qual o papel da Pontte nesse ecossistema?
A Pontte foi criada para ajudar a transformar a jornada do cliente que faz uso do crédito. No Brasil, o cliente que faz uso de crédito nunca foi tratado como cliente. Nunca foi convidado para evento de instituição financeira, nunca teve um produto moldado para ele, sempre esteve sujeito a uma cadeia cara e ineficiente e, se quiser, é isso que tem disponível. Tudo isso vai mudar e queremos ajudar nesse processo.
Os pilares da Pontte estão sendo testados nessa pandemia?
Sim. Quando começamos, tivemos o cuidado de termos capital para operar a empresa (capital de giro) e funding para emprestar, sem precisar captar no mercado local em intervalos curtos. E a chegada da pandemia nos relembrou da importância desses cuidados. E em outro aspecto, testou também a nossa capacidade de entender as dores dos nossos clientes e ajustarmos nossos processos para atendê-los. Antes da pandemia, num ambiente favorável, os clientes demandavam crédito para investir no crescimento dos seus negócios e para realizar sonhos. Com a pandemia, tudo mudou. Era mais demanda para conseguir fôlego para passar por este período. As características do crédito que eram demandados, mudaram. E tivemos que fazer estes ajustes rapidamente.
Como está sendo a construção de um crédito mais humano, justo e flexível?
Penso que estamos indo bem. Nossas maiores evidências são as respostas positivas dos nossos/clientes. Se eles precisam de mais carência, lá vamos nós para moldarmos isso para eles. Se precisam de operações mais complexas para reestruturar dívidas passadas, focamos em soluções mais customizadas. E assim por diante. O crédito precisa ser do cliente e não da instituição financeira ou da Pontte. Com isso e taxas de juros mais baixas, crédito fará cada vez mais parte da vida do cotidiano do brasileiro e será associado a um evento positivo: “crédito me ajudou a alcançar os meus objetivos mais rapidamente, sem comprometer a minha saúde financeira”.
O que é essencial nessa construção?
Ouvir o cliente. Sempre. Crédito não é só sobre dinheiro, é sobre a busca por sonhos e realizações. A pergunta é “como podemos ajudá-lo nessa jornada?”. As respostas são surpreendentes. Coisas como, “mas isso eu não consigo fazer” não podem ser ditas antes de muitas horas de transpiração. O cliente percebe e valoriza isso. Frequentemente somos surpreendidos por aspectos que os clientes valorizam demais e não tínhamos nos atentados previamente.
Esse modelo de deixar o imóvel como garantia, teve algum contratempo na sua implementação?
Fintechs são “seres” que habitam com contratempos. É aquela velha história: “se não teve problemas na implementação é porque demorou demais para implementar”. A questão é como identificar esses contratempos o mais rapidamente possível e consertá-los. O modelo de imóveis em garantia já existe há muito tempo. O desafio é como fazê-lo de forma mais amigável e mais rápido, mais barato e sem fricções. Esse é um desafio constante que temos. Quando olhamos o resultado e ficamos satisfeitos com o que alcançamos, paramos para tomar um café e voltamos em seguida para tentar fazê-lo ainda melhor.
Quais são os riscos de uma operação de home equity?
O risco primário, como toda operação de crédito, é o cliente não conseguir pagá-lo. Para que essa jornada de crédito seja positiva para o cliente, precisamos trabalhar muito para buscar mitigar esse risco. No crédito com garantia imobiliária, conseguimos uma taxa mais baixa e um prazo mais longo (até 20 anos), portanto, uma prestação menor. E, além disso, conseguimos também diversas alternativas de flexibilidade, podendo ser a inclusão de carência durante o pagamento, pular o pagamento de uma prestação, ou até adiantar, ou atrasar pagamentos. Tudo isso mitiga o risco de o cliente não conseguir pagar as prestações. Mas se mesmo assim ele não conseguir, é necessário a execução da garantia, i.e., o imóvel é levado a leilão, quita-se a dívida e o dinheiro adicional arrecadado é devolvido ao cliente.
A crise imobiliária de 2008 foi determinante para esse negócio?
Este negócio sofreu mais nos Estados Unidos. Lá, este mercado é alavancado, i.e., um dono de imóvel consegue mais de um crédito com o mesmo imóvel em garantia. Já no Brasil, este limite é fixado em lei em no máximo 60% do valor do imóvel.
O aporte de 160 milhões de reais faz a empresa estar certa que estão integrando valor. Isso aumenta a responsabilidade em que pontos?
Aumenta nossa responsabilidade em continuar fazendo o que fazemos, mas maior e sempre melhor. Esse aporte abre a possibilidade de incorporarmos novos produtos na Pontte e investirmos ainda mais em tecnologia, que no final do dia vai melhorar a vida dos nossos clientes. E sempre aqui destacamos não só o montante, mas a qualidade do aporte. O investidor global que agora torna-se nosso sócio, é um grande investidor no Brasil e conhece muito esse mercado que atuamos. O que nos possibilita o acesso a um netwoking ainda mais rico e um contribuidor muito experiente nas nossas discussões cotidianas e estratégicas.
Como vislumbra o futuro da Pontte no pós-Covid?
Queremos ampliar nossos produtos de crédito e desenvolver tecnologia para combiná-los de forma customizada para nossos clientes. Da mesma forma que hoje se faz o suitability para a definição do perfil do investidor e montagem de um portfólio de investimento customizado para ele, queremos fazer o mesmo para o crédito. Com 5 perguntas queremos entender o perfil e necessidade do nosso cliente e criar um portfólio de crédito que o atenda de forma única.
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