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Roubo de cargas cresce na Baixada Santista

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Os roubos de carga na Baixada Santista, uma das regiões mais importantes para o comércio exterior brasileiro, aumentaram drasticamente em 2023. Segundo dados da Overhaul, a região registrou um crescimento alarmante de 197% nos roubos de carga, comparando os números de 2022 e 2023. O total de ocorrências saltou de 184 para 548 casos, destacando uma preocupante tendência que afeta não só a economia local, mas também a nacional. Este texto busca explorar os diversos aspectos desse aumento, incluindo as áreas mais afetadas, os métodos dos criminosos, as cargas mais visadas, as razões por trás desse crescimento e as possíveis soluções para combater esse problema.

Focos principais dos roubos: áreas e métodos

A Baixada Santista, com destaque para cidades como Praia Grande, São Vicente, Guarujá e Cubatão, tem sido o principal foco dos roubos de carga. Essas áreas urbanas concentraram 70% das ocorrências, com um preocupante uso de armas de fogo e ameaças diretas em 79% dos casos. As terças-feiras, especialmente no período da manhã, são os momentos mais críticos, representando 24% e 65% das ocorrências, respectivamente.

Os criminosos geralmente operam em gangues organizadas, utilizando táticas bem planejadas. Muitas vezes, eles atacam os caminhões em movimento, aproveitando-se da vulnerabilidade dos motoristas e da falta de segurança nas estradas e áreas de paradas. A escolha dos horários e a precisão das operações indicam um alto nível de organização e planejamento, exacerbando a dificuldade de prevenção e combate a esses crimes.

O impacto econômico e logístico

O Porto de Santos, localizado na Baixada Santista, é crucial para a economia brasileira, sendo o maior complexo portuário da América Latina. A importância estratégica desse porto para a logística nacional torna os roubos de carga ainda mais impactantes. As perdas econômicas são significativas, afetando diretamente as empresas que dependem desse hub para suas operações comerciais. Além disso, a interrupção das cadeias de suprimento pode causar atrasos e aumentar os custos operacionais, refletindo negativamente em toda a economia brasileira.

Empresas têm se esforçado para reforçar a segurança de suas cargas, mas os altos índices de criminalidade e a sofisticação dos métodos utilizados pelos ladrões continuam sendo grandes desafios. A necessidade de medidas de segurança mais eficazes e de uma infraestrutura melhor nas estradas é cada vez mais evidente.

Produtos mais visados

Os dados da Overhaul revelam que as cargas mistas são as mais cobiçadas pelos criminosos, representando 43% dos roubos. Esse tipo de carga inclui uma variedade de produtos, o que facilita a comercialização no mercado paralelo. Outros itens frequentemente roubados incluem alimentos e bebidas, produtos agrícolas (como agrotóxicos, grãos e sementes), bebidas alcoólicas e eletrônicos.

A preferência por esses produtos está ligada à facilidade de escoamento e venda no mercado informal, onde não há necessidade de pagar impostos ou emitir notas fiscais. Isso cria um ciclo vicioso onde a demanda por produtos roubados incentiva ainda mais os crimes, dificultando a interrupção desse fluxo ilícito.

Razões para o aumento dos roubos

O aumento dos roubos de carga na Baixada Santista pode ser atribuído a diversos fatores. As mudanças no comportamento de consumo, questões macroeconômicas, o avanço da produção agrícola e o crescimento da informalidade são algumas das principais razões apontadas por especialistas. Reginaldo Catarino, gerente de inteligência da Overhaul no Brasil, destaca que a lei da oferta e demanda também se aplica ao mercado paralelo, onde a demanda crescente por produtos desviados alimenta a atividade criminosa.

Além disso, a falta de infraestrutura adequada nas estradas e a ausência de paradas seguras para caminhoneiros agravam o problema. A vulnerabilidade dos transportadores durante o percurso facilita a ação dos criminosos, que encontram poucas barreiras para a execução de seus planos.

Estratégias e soluções

Combater o roubo de cargas na Baixada Santista exige um conjunto de estratégias integradas. Especialistas apontam que o trabalho de inteligência e monitoramento é essencial para reduzir a exposição das cargas e responder rapidamente às ameaças. A utilização de tecnologia avançada, como sistemas de monitoramento de veículos, carga e contêineres, é um diferencial importante. Essas tecnologias permitem detectar mudanças de comportamento e emitir alertas que ajudam a prevenir roubos.

Escolher rotas e horários que minimizem a exposição ao risco é outra medida crucial. Além disso, medidas de segurança rigorosas devem ser implementadas nas entradas e saídas do porto de Santos para proteger as cargas durante todo o trajeto. A colaboração entre empresas de transporte, autoridades policiais e empresas de segurança pode criar um ambiente mais seguro e dificultar as ações dos criminosos.

O papel da inteligência e monitoramento

O monitoramento contínuo das cargas desde a origem até o destino final é uma prática fundamental para prevenir roubos. Isso inclui o acompanhamento das movimentações desde a liberação do contêiner até a sua chegada ao destino. Empresas de segurança devem estar equipadas com ferramentas de inteligência que permitam uma visão abrangente e em tempo real das operações logísticas.

A implementação de várias camadas de segurança é necessária para garantir a passagem segura por áreas de alto risco. A inteligência de dados pode identificar padrões e prever possíveis ameaças, permitindo uma resposta proativa e eficaz. O uso de drones, câmeras de segurança e outros dispositivos tecnológicos também pode complementar os esforços de monitoramento.

Uma luta contínua

O aumento dos roubos de carga na Baixada Santista representa um desafio significativo para a economia e a segurança pública do Brasil. A sofisticação dos métodos criminosos e a alta demanda por produtos desviados no mercado paralelo dificultam a erradicação desse problema. No entanto, com a implementação de estratégias de inteligência, monitoramento rigoroso e colaboração entre as partes envolvidas, é possível mitigar os riscos e proteger as operações logísticas essenciais para o país.

A luta contra o roubo de cargas é contínua e requer esforços constantes e adaptáveis. A inovação em tecnologia de segurança e a melhoria na infraestrutura rodoviária são passos cruciais para reduzir a vulnerabilidade das cargas e garantir um ambiente mais seguro para o transporte de mercadorias. Somente através de ações coordenadas e um compromisso firme de todos os setores envolvidos será possível enfrentar e superar esse desafio.


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